segunda-feira, 6 de junho de 2011

Bombeiros unificam reivindicações para negociar com o governo

Deputados estaduais vão obstruir pauta enquanto negociação não for retomada e bombeiros não forem soltos

Rio de Janeiro, Brasil – Todos os sinais indicam que o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), deverá ter muitos problemas pela frente. Depois de atribuir os adjetivos de "vândalos e irresponsáveis", aos bombeiros que reivindicam melhores condições de trabalho e piso salarial digno, diversos representantes de militares do Corpo de Bombeiros reuniram-se hoje, 06, para tentar unificar o movimento e negociar com o novo comando da corporação.
Associações representativas, como a de Cabos e Soldados dos Bombeiros do Rio, também querem participar da mobilização, que não tem um comando unificado, e ajudar na negociação com o governo do Estado.
“O comando atual do Corpo de Bombeiros já deu sinal verde de que vai receber as associações e alguns membros mobilizados do Grupamento Marítimo. Convidamos alguns membros do movimento para sentar junto com as associações, traçar uma pauta única e sentar definitivamente numa mesa de diálogo”, disse o presidente da Associação de Cabos e Soldados, Nilo Guerreiro.
Não bastasse isso, o movimento que começou tímido, ganha mais um reforço significativo, tanto na retomada das negociações quanto na libertação dos bombeiros presos. Deputados estaduais estiveram reunidos com representantes do movimento e prometeram, inclusive, abandonar o plenário da Assembleia Legislativa durante a votação de questões fundamentais para o governo do peemedebista Sérgio Cabral.
Retrospectiva
A mobilização por melhores salários, que começou com a insatisfação de cerca de 40 guarda-vidas do Grupamento Marítimo do Rio de Janeiro em abril deste ano, foi gradativamente recebendo a adesão de bombeiros de diversas unidades.
Para protestar por melhores salários, os bombeiros fizeram uma manifestação por ruas do Centro do Rio na última sexta-feira, 03. O protesto terminou com a invasão ao Quartel Central da corporação. Na manhã do sábado, 04, o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) invadiu a unidade, houve confusão, bombas de efeito moral foram lançadas e os manifestantes se entregaram. Na oportunidade, 439 bombeiros acabaram presos, mas a Justiça Militar ainda não foi comunicada do fato.
Considerações
Os responsáveis pela invasão ao quartel foram chamados, pelo governador Sérgio Cabral, de "vândalos e irresponsáveis".
Após o episódio, o então comandante dos bombeiros, coronel Pedro Machado, foi exonerado e, em seu lugar, assumiu o coronel Sérgio Simões, que já admitiu receber os manifestantes para conhecer as reivindicações e ajudar a negociar com o governador Sérgio Cabral.
O secretário de Estado da Casa Civil, Régis Fichtner, disse pela manhã desta segunda-feira, 06, que não há negociação com os bombeiros em razão da invasão ao quartel.
Propostas
Entre os pontos discutidos na reunião está a definição de uma pauta salarial para os bombeiros. Os bombeiros guarda-vidas, por exemplo, querem salário mínimo de R$ 2 mil (líquido) para os soldados. Já as associações propuseram que a reivindicação fosse modificada de forma a se adequar à Lei Estadual 279/79, que dispõe sobre a remuneração dos policiais e bombeiros militares fluminenses.
A proposta das associações é que o soldo (salário-base do militar) passe dos R$ 334,27 atuais para R$ 662, valor do piso salarial dos vigilantes privados. Com isso, o salário líquido do soldado (que inclui gratificações e benefícios) passaria de R$ 950 para cerca de R$ 2.600.
Os guarda-vidas presentes na reunião disseram que o apoio das associações será importante, mas afirmaram que só desejam negociar pautas salariais depois que os 439 bombeiros presos no último sábado, 04, sejam libertados, inclusive o cabo Benevenuto Daciolo, um dos líderes informais do movimento.
Hoje, associações ligadas às polícias Civil e Militar e outros servidores do Estado se reúnem para discutir mobilizações em conjunto por melhores salários.
Apoio
Após uma reunião com líderes do movimento responsável pela greve dos bombeiros, deputados estaduais divulgaram nota em apoio aos grevistas e afirmaram que vão forçar o trancamento de pautas importantes na Assembleia Legislativa do Rio, a partir desta terça-feira. Os parlamentares afirmaram que podem, inclusive, abandonar o plenário, enquanto as negociações não forem retomadas e os bombeiros presos, libertados.
Entre os principais parlamentares que participaram da reunião estão os deputados Wagner Montes (PDT), Clarissa Garotinho (PR), Marcelo Freixo (PSol), Paulo Ramos (PDT), Janira Rocha (PSol), Gilberto Palmares (PT0, além do deputado federal Chico Alencar(PSol).
Numa demonstração clara da guerra fiscal que, até a semana passada, era possível entre os estados brasileiros, o deputado estadual Marcelo Freixo afirmou que o aumento reivindicado pelos bombeiros já poderia ter sido concedido se o Governo do Estado não tivesse realizado tantas isenções fiscais ao logo dos últimos quatro anos.
"Entre 2007 e 2010 o governo deixou de arrecadar R$ 50 bilhões em 21 mil isenções fiscais. Esse valor seria mais que suficiente para atender as reivindicações da corporação, como aumentos, vale transporte, entre outras", afirmou o deputado.

Assista ao vídeo que mostra os bombeiros presos em um quartel de Niterói:

(*) Com informações IG Brasil e O Dia Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Prezados (as), reservo-me ao direito de moderar todos os comentários. Assim, os que me chegarem de forma anônima poderão não ser publicados e, desta forma, tão menos respondidos. Grato pela compreensão, espero contribuir, de alguma forma, com as postagens neste espaço.