segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ônibus escolar indígena sofre ataque à bomba

Seis pessoas ficaram feridas no ataque, quatro em estado graves, e foram socorridas na Santa Casa de Campo Grande. Cacique responsabiliza fazendeiros pelo atentado
Miranda, MS – Na noite da última sexta-feira, 03, início da madrugada do sábado, 04, um ônibus que transportava 30 alunos indígenas da etnia Terena foi atacado com pedras e uma bomba caseira – um coquetel molotov. Seis pessoas, incluindo o motorista, sofreram queimaduras. Cinco delas estão internadas na Santa Casa de Campo Grande (MS) e, destas, quatro estão em estado grave. O caso aconteceu no município de Miranda, a 200 quilômetros de Campo Grande [imagem reprodução Google Maps].
Os passageiros vivem em várias aldeias espalhadas pela região. O ônibus fazia o trajeto todos os dias e, no momento em que foi atacado, voltava da aula, em direção às aldeias. A bomba atingiu a frente do ônibus. O que está em pior estado é o motorista, Laércio Corrêa, de 27 anos, que sofreu queimaduras na maior parte do corpo, incluindo a cabeça.
Apuração
A motivação do ataque ainda é desconhecida. Inicialmente, a suspeita era de que a violência tivesse sido praticada por um grupo de índios, em razão de desavenças entre aldeias situadas no município, conforme salientado pelo delegado da Polícia Civil de Miranda, Tiago Macedo dos Santos, responsável pelo caso.
Todavia, ele adiantou não existirem elementos suficientes para comprovar essa possibilidade, mas que ela não está descartada, considerando que há um histórico de conflitos entre aldeias rivais na região.
Outra hipótese a ser apurada é a disputa pela terra entre índios e fazendeiros da região. Em março deste ano os Terena ocuparam duas fazendas da região [foto].
O caso foi registrado como Explosão Qualificada e Lesão Corporal de natureza grave não sendo descartada também a hipótese de tentativa de homicídio. As testemunhas foram ouvidas por Macedo na manhã de hoje, 06.
Transferência
Considerando que, após os resultados dos laudos periciais, o atentado possa representar violação dos direitos de comunidade indígenas, por meio de uma nota divulgada no início desta tarde, Macedo informou que encaminhou todas as informações obtidas até o momento para a Polícia Federal. Segundo o delegado, o autor do ataque "estava escondido na mata, às margens da estrada, em atitude de emboscada, tendo se valido de uma garrafa contendo, possivelmente, líquido combustível, artefato caseiro este que fora arremessado contra o ônibus escolar".
Responsabilização
O cacique Adilson Terena afirmou que não acredita que o ataque tenha sido praticado por índios, pelo fato de o ônibus transportar estudantes das duas aldeias supostamente rivais – Babaçu e Argola. Adilson disse que foi encontrado um chapéu na mata próxima onde o ônibus foi atacado e que ele não pertence a nenhum índio. O dono do chapéu teria sido visto correndo para o matagal logo depois do ataque ao ônibus. De acordo com o cacique, a possibilidade mais plausível é de que o ataque tenha sido feito por pessoas a mando de fazendeiros – que disputam terras com os índios.
Motivação
Lideranças indígenas Terena [foto] reforçam que o ataque tem relação com as ameaças de morte e perseguições que os indígenas vêm sofrendo. O motivo seria o impasse das propriedades rurais, como as fazendas Petrópolis e Charqueada, propriedades do ex-governador Pedro Pedrossian, que são alvos de disputa entre os índios e fazendeiros.
Em março deste ano, os Terena ocuparam duas fazendas em Miranda, uma delas a fazenda Petrópolis. A Justiça mandou a polícia tirar os índios de lá. Estima-se que seis mil índios Terena vivam em Miranda.

Com informações IG, Capital News e Correio do Estado

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