domingo, 19 de junho de 2011

Presidente afegão confirma conversas entre EUA e talibãs

Pela primeira vez, presidente do Afeganistão assume oficialmente negociações com o grupo fundamentalista
Afganistão, Oriente Médio – Conforme divulgado pelas agências internacionais, o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai [foto], confirmou, pela primeira vez de forma oficial, que os Estados Unidos e outros países estão mantendo conversas com os talibãs com o objetivo de estudar uma saída ao conflito afegão. "As conversas com os talibãs começaram. As tropas estrangeiras, especialmente os Estados Unidos, estão participando dessas negociações", afirmou Karzai em declarações à imprensa em Cabul,
capital afegã.
O anúncio de Karzai coincidiu com um novo ataque na capital, não muito longe do palácio presidencial, que causou 12 mortes. Um comando de quatro suicidas atacou uma delegacia e no ataque morreram cinco civis, quatro policiais e três dos agressores.
Karzai vem há muito tempo fazendo apelos aos talibãs para que larguem as armas. No ano passado ele obteve apoio internacional para seu plano de reconciliação, dirigido aos insurgentes que aceitarem a Constituição e abandonarem a violência.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates
[foto], havia dito, no início deste mês, que poderia começar um diálogo político com os talibãs antes do final de 2011, embora até ontem, 18, nenhum integrante da embaixada dos EUA em Cabul tenha comentado as declarações de Karzai.
Nos últimos anos, os insurgentes aumentaram suas ações armadas contra as tropas estrangeiras desdobradas no Afeganistão e sempre se negaram taxativamente a tratar com esses países qualquer questão que não envolvesse sua retirada "imediata" do território.
Ontem, no entanto, o principal porta-voz talibã, Zabiula Mujahid, afirmou que as conversas são "um assunto importante", e aludiu a uma posterior reunião da cúpula do movimento para avaliar "as palavras de Karzai". "Recusamos as conversas muitas vezes e desta vez ocorrerá o mesmo”, declarou um pouco mais tarde em um segundo contato telefônico, considerando, entretanto, “mas primeiro devemos nos consultar com nossos líderes: este não é um assunto trivial".
Nos últimos anos, foram vazadas diversas tentativas de diálogo entre representantes afegãos e talibãs e, em maio, o jornal alemão "Der Spiegel" revelou supostas conversas realizadas na Alemanha entre talibãs e a CIA (serviço secreto americano).
Várias fontes oficiais de diferentes países relataram à imprensa nas últimas semanas que as potências ocidentais poderiam estar preparando terreno para um nível mais determinante de negociações, mas que por enquanto seus contatos eram preliminares.
O comentário de Karzai, o primeiro reconhecimento oficial do papel dos EUA nas conversas, foi feito apenas um dia depois que a ONU decidiu separar o regime de sanções contra os talibãs do que aplica à rede terrorista Al Qaeda.
De acordo com declarações do embaixador alemão na
ONU, Peter Wittig [foto], com esta medida o Conselho de Segurança procura enviar uma "mensagem política" e "apoio" ao processo de reconciliação no Afeganistão, "na busca da paz e estabilidade".
Há um mês e meio, as forças estadunidenses EUA mataram, no Norte do Paquistão, o chefe da Al Qaeda, Osama bin Laden, que era hóspede dos talibãs afegãos quando planejou o ataque contra as Torres Gêmeas de Nova Iorque, a causa fundamental da guerra do Afeganistão. A sondagem diplomática de agora acontece em um momento especialmente delicado, no começo de uma fase de transição na qual as tropas estrangeiras desdobradas no país devem começar a se retirar.
No Afeganistão há, atualmente, 150 mil soldados estrangeiros, dois terços deles americanos, e nas próximas semanas começarão a se retirar os primeiros, enquanto a segurança será transferida às forças afegãs em um processo que deve terminar em 2014. O país, no entanto, está longe de ter alcançado a pacificação, como demonstra o ataque deste sábado.
Os talibãs governaram o Afeganistão entre 1996 e 2001, e seguem querendo implantar um regime fundamentalista islâmico. Por essa razão, os anteriores rumores de diálogo despertaram críticas das mulheres e do pequeno setor liberal do país.

(*) Com informação EFE e agências internacionais

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