segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Sindicato dos Jornalistas culpa emissora por morte de repórter

Anistia Internacional critica operação que provocou morte de cinegrafista

Rio de Janeiro, RJ, Brasil - O Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro culpou a TV Bandeirantes pela morte do repórter cinematográfico Gelson Domingos, de 46 anos, acontecida ontem, 06. O operador de câmara foi atingido, no peito, por um tiro de fuzil, durante a cobertura de uma operação do BOPE contra o tráfico de drogas na favela de Antares, na zona Oeste do Rio de Janeiro.
Gelson Domingos usava colete à prova de balas, mas o projétil transpôs a protecção. Para a presidente do sindicato de jornalistas, Suzana Blass, a morte do cinegrafista foi uma desgraça anunciada, porque os coletes dados pelas empresas de comunicação não suportam tiros de fuzil e que por isso o sindicato pode recorrer à Justiça para obrigar a TV Bandeirantes a amparar a família de Domingos.
Segundo a Suzana Blass, "o colete é uma maquilhagem. Os coletes não dão segurança para o profissional porque não protegem contra tiros de fuzil, a arma mais usada pelos bandidos e também pela polícia do Rio de Janeiro. E as emissoras só dão o colete porque a convenção colectiva de trabalho estabeleceu que o equipamento é obrigatório em coberturas de risco".
O sindicato dos jornalistas já pediu para que as empresas de comunicação façam um seguro diferenciado para as reportagens de risco.
Gelson Domingos e seu parceiro, o repórter Paulo Garritano ganharam, no ano passado, menção honrosa na 32ª edição do Prémio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria TV Documentário, com a série sobre pistolagem no Nordeste.
Nota
A Rede Bandeirantes divulgou comunicado no qual lamentou o ocorrido, ressaltou que os integrantes da equipe de reportagem usavam equipamento de segurança e enfatizou que os coletes que os repórteres de todas as emissoras utilizam são os que as Forças Armadas do Brasil autorizaram.
De acordo com a nota da TV Bandeirantes, o colete usado por seus repórteres é do modelo "de maior capacidade de proteção liberado pelas Forças Armadas para utilização por civis". A emissora também disse que profissionais que atuam em situações de risco têm contratos de seguro diferenciado.
Críticas
A Organização Não-Governamental (ONG) Anistia Internacional criticou a operação da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro, que provocou a morte de pelo menos cinco pessoas, entre elas o cinegrafista Gelson Domingos da Silva. A PM disse que a missão dos policiais era checar informações de que líderes do tráfico de drogas, fortemente armados, estavam reunidos na favela.
"Nesse caso, em particular, o que aconteceu foi uma tragédia", disse o representante da entidade para Assuntos Relacionados ao Brasil, Patrick Wilcken. "A Anistia critica essas operações militarizadas no Rio, nas quais a polícia invade uma comunidade. Isso põe em risco a vida de pessoas da comunidade e, também, de jornalistas."
Wilcken ressaltou que o tipo de operação gera violência desproporcional sobre as comunidades mais pobres. Em relação à morte do cinegrafista Gelson Domingos da Silva, da TV Brasil e da TV Bandeirantes, ele disse que esse tipo de cobertura jornalística é "intrinsecamente perigosa".
Apesar de estar vestido com um colete à prova de balas, o equipamento não era resistente a tiros de fuzil. O representante da Anistia disse desconhecer os detalhes da morte do cinegrafista, mas ressaltou que cabe às empresas jornalísticas fazer tudo que puderem para proteger os funcionários.
Ação
A operação da Polícia na Favela de Antares acabou apenas na manhã de hoje, 07, com cinco mortos e nove pessoas presas. Foram apreendidos um fuzil, três pistolas, cinco rádios, drogas e dez motocicletas. Segundo a PM, entre os presos estão o gerente do tráfico local, Renato José Soares, conhecido como BBC, e o braço-direito dele, Leandro Ferreira de Araújo, conhecido como China.

(*) Com informação Agência Brasil, Jornal de Notíciais e Reuters

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