sábado, 21 de abril de 2012

Bahrein vive tensão antes de polêmico GP de F-1

Um morto na repressão aos protestos no Bahrein na véspera do Grande Prêmio de F-1
A capital do Bahrein, Manama, vive momentos de tensão neste sábado, 21, em meio à expectativa de mais confrontos por conta do Grande Prêmio de Fórmula 1, a ser realizado no domingo, 22.
Veículos blindados e carros policiais patrulhavam a cidade, para conter possíveis manifestações como as da última sexta-feira, 20, que reuniram dezenas de milhares de pessoas, em sua maioria xiita, em atos contra o governo.
Segundo a agência Reuters, já há relatos de protestos e enfrentamentos em diversas regiões do país neste sábado.
Os manifestantes, integrantes da maioria xiita do país, dizem sentir-se marginalizados e criticam a volta da corrida de Fórmula 1 ao país – o GP fora cancelado no ano passado, em meio aos distúrbios da Primavera Árabe. A alegação dos críticos é de que o evento legitima o governo de maioria sunita e a repressão contra a população.
Políticos e defensores dos direitos humanos vinham pedindo um novo cancelamento da corrida.
Ao mesmo tempo, enquanto os pilotos da F-1 se ocupavam das provas classificatórias, ativistas da oposição disseram que o corpo de um manifestante foi encontrado nos arredores de Manama. O homem, identificado como Salas Abbas, teria participado dos protestos que se estenderam pela noite sexta-feira e madrugada de sábado.
Pelo Twitter, o Ministério do Interior do país confirmou a morte e disse que o caso será investigado.
Questão moral
A FIA, órgão que controla a Fórmula 1, disse que só deu a luz verde para a realização do GP do Bahrein depois que o governo afirmou que a segurança estava sob controle.
O correspondente da BBC no Oriente Médio, Rupert Wingfield-Hayes, explica que membros da FIA se perguntaram por dias se era seguro voltar a realizar o GP
bareinita
. Mas ele opina que essa é a pergunta errada – dificilmente participantes da corrida automobilística estariam em risco, de qualquer forma.
A questão maior é de âmbito moral, diz ele.
“A pergunta certa é: Será que a F-1 deveria voltar ao Bahrein? Sem dúvida muitos bareinitas estão animados com o retorno da prova, após o cancelamento no ano passado, e esta atrairá muitos turistas e dinheiro da Arábia Saudita, de Dubai e do Kuait. O mais feliz de todos será o rei Hamad Al Khalifa e seu clã sunita, que governa a ilha há mais de 200 anos. Quem não ficará feliz é a maioria xiita.”
Para muitos xiitas, explica o correspondente, a realização do GP dá um selo simbólico de aprovação internacional ao regime bareinita, depois de um ano de semiostracismo.
“Não queremos a Fórmula 1”, disse à BBC um manifestante, em condição de anonimato. “Eles ignoram nosso sofrimento durante esse show, mostrando que as coisas estão pacíficas, que as pessoas estão felizes. Mas a realidade não é assim.”
Levantes
O Bahrein é um dos países do Oriente Médio a registrar levantes relacionados à Primavera Árabe.
Ao longo dos últimos anos, o país vinha implementando mais garantias de
liberdade de expressão, e monitores apontavam melhoras na situação de direitos humanos. Porém, em meio aos protestos do mundo árabe em 2011, o governo bareinita pediu ajuda a militares sauditas para sufocar as manifestações, que pediam mais benefícios à maioria xiita.
O GP do Bahrein do ano passado acabou cancelado depois da morte de 35 pessoas, em fevereiro e março, durante repressões às manifestações populares.
Quanto ao GP deste ano, o príncipe bareinita, Salman bin Hamad Al Khalifa disse que um eventual cancelamento da corrida automobilística “apenas daria poder a extremistas”. Ele defendeu que a prova esportiva “constrói pontes entre comunidades”.
Jean Todt, presidente da FIA, também defendeu a realização da prova, alegando que “não foi encontrada nenhuma (razão) para impedir a corrida”.
“Em termos racionais, decidimos que não havia motivos para mudarmos de ideia”, afirmou.

(*) Com informação BBC, AFP, Uol, Terra e Lance Press

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Prezados (as), reservo-me ao direito de moderar todos os comentários. Assim, os que me chegarem de forma anônima poderão não ser publicados e, desta forma, tão menos respondidos. Grato pela compreensão, espero contribuir, de alguma forma, com as postagens neste espaço.