Coordenadora é enfática ao afirmar que “não entendemos que um homem branco,
machista, patriarcal, misógino, sexista, golpista, usurpador de direitos, possa
nos representar”
Em Nota divulgada na semana passada, a Coordenação Nacional de Gênero do Coletivo de
Entidades Negras (CEN) foi veemente em repudiar
por completo a infeliz declaração da atual ministra de Direitos Humanos do
governo Temer, Luizlinda Valois (foto acima), a qual, de acordo com a Nota, demonstra total
desconhecimento do pensamento da maioria das mulheres negras brasileiras, além de
eleger, em seu discurso, o atual presidente da República, Michel Temer, como
padrinho das Mulheres Negras Brasileiras.
Leia,
abaixo, na íntegra, a Nota de Repúdio à declaração da ministra Luizlinda Valois,
assinada por Iraildes Andrade, coordenadora Nacional de Gênero do CEN:
“A
Coordenação Nacional de Gênero do CEN – Coletivo de Entidades Negras, repudia
veementemente a declaração da atual Ministra de Direitos Humanos a Senhora
Luizlinda Valois, a qual demonstrando total desconhecimento do pensamento da
maioria das mulheres negras brasileiras, elege em seu discurso, o padrinho das
Mulheres Negras Brasileiras, o Sr. Michel Temer.
Ministra,
fale pela Senhora, não fale por mim, não fale pelas minhas primas, irmãs,
amigas e companheiras de militância.
O
presidente Golpista Michel Temer NÃO É MEU PADRINHO, ele até pode ser o
padrinho da Senhora, ministra... porém não é nosso.
Nós
mulheres negras não entendemos que um homem branco, machista, patriarcal,
misógino, sexista, golpista, usurpador de direitos possa nos representar, muito
menos V. Exma. que em uma tentativa insana, tenta rasgar a história das
mulheres negras deste país.
Fale
pela Senhora. Tenha ele como o SEU PADRINHO, não use a luta das mulheres negras
em benefício próprio, para se legitimar perante um governo que não nos respeita
e nem de longe reconhece a nossa luta ancestral.
Nossos
passos vêm de longe Ministra.
A
discriminação sofrida por nós, mulheres negras, ao longo desses anos, a
discriminação e o racismo que nos retira direitos básicos que vão desde o
direito de viver e de ter vivos nossas/os filhas/os, às péssimas condições de
saúde e educação que nosso povo enfrenta até os dias atuais, não te dá o
direito de eleger TEMER como nosso padrinho.
A
falta de vagas no mercado de trabalho, os direitos que nos tem sido negado, o
desrespeito as nossas especificidades, só reforçam que este homem branco e até
a sua companheira (mesmo sendo ela uma mulher) não me representam.
No
dia que uma mulher branca e um homem branco abram mão dos privilégios, pensando
na nossa raça, talvez eu possa vislumbrar uma possibilidade de representação e
permissão de que falem por mim, coisa que acho difícil para não dizer
IMPOSSÍVEL.
Com
certeza a Senhora sabe o que é ser mulher negra num país como o Brasil e na
Diáspora Africana. Não é possível que tenha esquecido, assim como a senhora
também sabe que não deveria eleger esse Sr. Como padrinho de uma mulher negra.
Por
favor, Senhora...
Nos
respeite, respeite nossa luta, respeite nossa ancestralidade.
Iraildes
Andrade
Mulher
Negra, Mãe, Avó
Coordenadora
Nacional de Gênero do CEN
Ekede
da Casa Oxumarê
Facilitadora
da Secretaria de Políticas para Mulheres do Estado da Bahia
Bacharela
em Estudos de Gênero e Diversidade”
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