Bruna de Paula arremessa em jogo do
Brasil contra a equipe russa na Olimpíada
de Tóquio. (Foto: Wander Roberto/COB)
De vendedora de picolé na
infância a atleta de alto rendimento no handebol
Filha de uma catadora de
café, nascida na cidade de Campestre, município do Sul de Minas Gerais, Bruna
de Paula, 24, a Bruninha de Campestre, que chegou a vender picolés pelas ruas
da cidade durante o duro período de sua infância, é uma das brasileiras a se
destacar nos jogos olímpicos Tóquio 2020. Ainda durante sua infância ela também
trabalhou em uma oficina mecânica.
A armadora esquerda, camisa
dois da seleção brasileira de handebol, com sua velocidade e com incrível
impulsão, levou a equipe ao empate em 24 gols durante a estreia contra o time
russo, atual campeão olímpico da modalidade, em jogo disputado no Yoyogi
National Stadium, na madrugada deste domingo, 25.
O potencial da filha de dona
Marinalva foi descoberto logo cedo pelo seu professor Eloy Sartini, ainda na
pequena Campestre, distante a pouco mais de 400 quilômetros da capital mineira,
Belo Horizonte.
A força, plasticidade de
jogo e coordenação incomum de movimentação são pontos marcantes e sempre
estiveram presentes na vida da, hoje, atleta de alto rendimento, tanto que, em
2015, aos 18 anos, Bruna já se destacava na equipe de handebol de São José dos
Campos. “Ela tem muita velocidade e sua impulsão é espantosa”, contou o
auxiliar técnico da equipe paulista, o professor Chico Silva.
Os potenciais da atleta, há
seis anos, já induziam às previsões que, ano após ano, iriam se concretizar. “Ela
vai ser jogadora da seleção e uma das melhores do mundo”, previa o professor
Chico Silva.
A menina que vendia picolés
nas ruas da pacata Campestre, e que lutou com muitas dificuldades na infância,
se transformou em extraordinária jogadora, não só da seleção, mas também do
time francês que defende atualmente: o Metz.
A mãe Marinalva, que tem
outras quatro filhas, lembra o quanto elas choraram no dia em que Bruna deixou
sua casa em Campestre para ir treinar em São Paulo. “No dia que ela foi viajar,
nem levou tênis em sua mala. Eu trabalhava na colheita do café e nós não
tínhamos dinheiro para comprar. A Bruna partiu com a cara e a coragem”,
confessou.
Durante sua infância, o que
Bruna mais gostava era jogar futebol, mas, já em sua adolescência, foram essa
coragem, seu potencial, sua dedicação e sua história que sempre estiveram
presentes no seu dia a dia e a levaram a alcançar esse destaque mundial.
A armadora da seleção
brasileira de handebol acumula sucesso e vitórias ao longo de sua vida de
atleta. Aos 24 anos de idade, Bruna acrescentou mais uma estrela à sua carreira
nesta temporada, ao ser campeã da Liga Europeia de handebol, defendendo a
equipe francesa do Nantes Atlantique.
Além disso, Bruna foi
artilheira e a jogadora destaque da competição, com a média de seis gols por
jogo. Quase o mesmo número de gols marcados contra as russas na estreia
olímpica do Brasil nas Olimpíadas Tóquio 2020. “Marquei sete”, me disse Bruna,
por telefone, quase uma hora após o jogo. E seriam oito se, caprichosamente, a
bola arremessada a poucos minutos do encerramento da partida não tivesse se
chocado contra a trave da goleira russa Kalinka.
A marca fez de Bruna a
artilheira não somente do Brasil, mas da partida. “Foi um jogo difícil, mas em
nenhum momento deixamos de acreditar!”, admiti a armadora que usa todo o seu
vigor físico para ser essa jogadora incrível, observando que “é verdade que a
velocidade e o salto são meus pontos fortes, então faço tudo para sobressair
nesses aspectos”.
Outro aspecto salientado
pela atleta é a perda de peso com o esforço feito na quadra, algo que é bastante
comum para ela. “Mas, até o jogo contra a Hungria, eu terei um tempinho de
descanso e sempre me recupero”.
E como não poderia deixar de ser, tendo em vista toda a sua história, assim que o jogo de estreia terminou Bruna buscou compartilhar a felicidade com a família, que ficou no Brasil. “Eu peguei o celular e liguei para a minha família. Lá em casa está tudo bem!”. E com certeza dona Marinalva está orgulhosa com mais uma façanha da filha veloz e voadora.
Fonte: Portal Uol
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