segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Apesar de queda número de crianças vítimas do HIV preocupa

Recife, PE -A herança ela ganhou ao nascer, bem na hora do parto. Aos 8 anos, Júlia cresce com o vírus da Aids no próprio corpo. É uma vítima da chamada transmissão vertical, quando o HIV é passado de mãe para filho no parto e na amamentação. Há seis meses, a mãe de Júlia, uma dona de casa com 34 anos, teve outro bebê. Como é soropositiva, deveria ter sido submetida a uma cesariana para reduzir os riscos da contaminação no filho. A criança não esperou a cirurgia marcada. Veio antes do tempo, de parto natural. Agora espera-se um resultado negativo para a presença do HIV no bebê.
O estudo anual Saúde Brasil 2010, do Ministério da Saúde, aponta que embora a média nacional da incidência de Aids em crianças de zero a cinco anos apresente queda no país, a região Nordeste registra um aumento. Os dados não fazem distinção por Estado, mas são preocupantes. Em Pernambuco, os dados da Secretaria Estadual de Saúde apontam que a incidência de Aids por transmissão vertical caiu de 1,60, por 100 mil habitantes, em 2007, para 1,20, em 2010. Mas os avanços vêm em passos lentos. Em 2009, 66 maternidades ofereciam o teste rápido, que constata, na hora do parto, se a gestante tem o vírus. Dois anos depois, o serviço foi ampliado para 22 maternidades. Ao todo, são 150 em todo o Estado. O ideal, na realidade, é que a solicitação de exames seja feita durante o pré-natal e que o resultado saia o mais rápido possível. “Diante de um caso de mãe com HIV, porque a cesariana é marcada tão perto do parto, fazendo com que a mulher corra o risco de ter um parto natural, antes do tempo?”, questiona Alaíde Elias da Silva, da ONG Viva Rachid.
Na ONG Gestos, que também atua com pacientes com HIV, dois casos de mulheres que contaminaram os filhos na hora do parto ainda estão na Justiça. “Uma das mães passou a gravidez inteira sem receber a tempo o resultado do exame de HIV solicitado pelo médico. Na hora do parto, foi feito o teste rápido, mas já era tarde, pois a criança tinha adquirido o vírus”, contou a advogada Kariana Gueiros. O tratamento para evitar a contaminação vertical começa a ser ministrado na gravidez e continua na hora do parto e pós-parto. Inclusive a criança também toma medicação e precisa ter acompanhamento até o diagnóstico final, quando ela alcança um ano e seis meses. Mesmo com o diagnóstico negativo depois desse período, a criança é acompanhada por cinco anos.

(*) Com informação Diário de Pernambuco

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