terça-feira, 29 de novembro de 2011

Cafeicultor mineiro reduz efeitos da bienalidade da produção

Minas Gerais, Brasil – Embora ainda não seja possível o aumento contínuo das safras de café, uma parte dos cafeicultores mineiros está conseguindo reduzir os efeitos da bienalidade da produção. De acordo com o assessor especial de Café da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Níwton Castro Moraes, a bienalidade consiste na alternância do volume de café produzido de um ano para o outro.
O assessor diz que o principal recurso utilizado pelos produtores para reduzir o impacto da bienalidade é a adoção de boas práticas agronômicas com orientação técnica. Ele cita o exemplo dos agricultores da Zona da Mata, destacando o município de Manhuaçu, onde o esforço de superação da barreira das safras desiguais vem obtendo sucesso.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a produção de café em Manhuaçu, neste ano, deve alcançar 435,6 mil sacas, volume 4,3% superior ao registrado em 2010, que foi o período de alta colheita conforme a bienalidade.
Manhuaçu é o terceiro maior produtor de Minas Gerais, atrás de Patrocínio (523,9 mil sacas) e Três Pontas (444,0 mil sacas). Segundo a Emater-MG, vinculada à Seapa, nas lavouras de Manhuaçu os dados de produção coincidem com os apresentados pelo IBGE, reforçando a tendência de ajustamento das safras por meio do aumento da produtividade. Há, também, cerca de 1,5 mil hectares de café em formação entre plantios e lavouras podadas.
Boas perspectivas
Alexandre Paixão, um dos produtores de café de Manhuaçu que adotam as recomendações, diz que o trabalho iniciado há quatro anos tem possibilitado resultados animadores. Nossas safras alcançam 35 sacas por hectare, em média, enquanto no Estado a produtividade é de 21,5 sacas por hectare. “Nos dois últimos anos tivemos colheitas de até 40 sacas por hectare em algumas lavouras”, informa o agricultor e acrescenta que não se trata de um caso isolado.
Filho e neto de cafeicultores, Paixão está introduzindo um de seus filhos na atividade e tem boas expectativas, principalmente com as novas possibilidades de controle dos efeitos da bienalidade, além do preço alcançado pelo produto. “Com a redução dos desníveis de safra podemos ter uma presença mais firme no mercado, porque é possível fazer compromissos de fornecimento e aperfeiçoar a gestão da propriedade”, finaliza.
Para o supervisor de Pesquisas Agropecuárias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Minas, Humberto Silva Augusto, além de práticas como o manejo de poda, adensamento das lavouras e outras, deve-se considerar também que fatores naturais estão ajudando a reduzir o impacto da bienalidade na produção de café.
Produtor de café no município de Ervália, também na Zona da Mata, Humberto explica que o cultivo é beneficiado atualmente pela ausência de geadas fortes. “Não ocorrem mais geadas que causem impacto sobre a produção como nos anos 90”, ressalta. Embora os efeitos da bienalidade ainda existam, a redução dos níveis de produção entre um ano e outro é bem menor atualmente.
De acordo com Humberto, o controle das lavouras de café tem contribuído para safras à altura da demanda interna e externa do produto. Ele explica que os estoques internacionais de café estão com o nível baixo, o que favorece a melhoria dos preços. “Portanto, existe a expectativa de que, quando houver uma redução do impacto da crise econômica mundial, os produtores com safras mais uniformes poderão ser recompensados.”
Variedades produtivas
No Sul de Minas também é observada a tendência de ajustamento dos níveis de produção de café, uma aproximação gradativa dos resultados obtidos no período de alta da bienalidade. Segundo o escritório da Emater de São Sebastião do Paraíso, a produção no período de baixa apresenta atualmente uma retração em torno de 33% (média de 40 para 30 sacas por hectare), que já representa um grande passo em relação aos períodos anteriores, pois a retração média caía para 10 sacas por hectare.
Para obter o ajuste de safras, os cafeicultores trabalham com variedades mais produtivas, que estão possibilitando florada com até oito meses (antes ocorria por volta do terceiro ano), e utilizam também as práticas de manejo recomendadas pelos extensionistas. Além disso, são beneficiados igualmente pela menor incidência de geadas.
Segundo o produtor Marcos Roberto Soares, os cafezais da região foram prejudicados pela seca de 2010, mas para o próximo ano está prevista a recuperação da safra municipal. No caso de Soares, a estimativa para 2012 é de mil sacas do produto com certificação, com previsão de que será possível, pelo menos, se aproximar desse índice no período seguinte.
Minas Gerais responde, atualmente, por 49,8% da produção nacional de café. As exportações do produto pelo Estado, entre janeiro e outubro de 2011, somaram US$ 4,6 bilhões, na comparação com os US$ 7 bilhões movimentados pelas vendas totais do produto do Brasil no exterior. Para garantir a produção, há lavouras espalhadas por todo o Estado, envolvendo, inclusive, um grande contingente de agricultores familiares.

(*) Com informação Agência Minas

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