Educação ambiental e conscientização de fazendeiros e comunidades
sobre a existência, a raridade e a importância da preservação desta espécie
Na última quarta-feira, 18, foi realizada, no auditório da
Casa de Educação Ambiental da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB),
a IV
Reunião do Grupo Assessor do Plano de Ação Nacional para Conservação do
Faveiro-de-Wilson (PAN
Faveiro-de-Wilson). O objetivo
do evento foi discutir o andamento de todas as 33 ações estabelecidas pelo PAN
para a proteção desta espécie de árvore cujo nome científico é Dimorphandra wilsonii.
Endêmica de Minas, a espécie está classificada como “Criticamente em Perigo”
de extinção na Lista Vermelha da Flora Ameaçada do Brasil.
Vale lembrar que, após 12 anos de busca, foram encontradas
pouco mais de 400 árvores adultas na natureza em algumas propriedades nos
municípios de Paraopeba, Caetanópolis, Sete Lagoas, Matozinhos, Jaboticatubas,
Lagoa Santa, Esmeraldas, Florestal, Juatuba, Mateus Leme, São José da Varginha,
Fortuna de Minas, Pequi, Maravilhas, Inhaúmas, Nova Serrana, Onça do Pitangui,
Pará de Minas e Perdigão. Isso com a importante ajuda das comunidades.
A espécie chegou próximo à extinção devido à destruição das
matas dessas regiões nos últimos 60 anos. A maioria das árvores encontradas
estava isolada no meio de pastagens. As árvores podem ser encontradas também em
capoeiras e matas, tanto nas baixadas quanto nas encostas e topos de morro. Por
ser uma árvore rara e ameaçada de extinção, o Faveiro-de-Wilson não pode ser
cortado e é legalmente protegido pelo Decreto Lei nº 43.904/2004.
Segundo Fernando Fernandes (foto), engenheiro
florestal do Jardim Botânico da FPMZB e coordenador do PAN, algumas das ações deste
Plano de Ação estão um pouco atrasadas, principalmente, devido à falta de
recursos financeiros. Para superar essa dificuldade, propostas de parceria têm
sido enviadas para editais públicos e outras fontes de financiamento ou
patrocínio. No momento, o PAN tem dois patrocinadores: Fundação Grupo Boticário de
Proteção à Natureza e Fundo de Parcerias para Ecossistemas
Críticos (CEPF).
“Apesar de todo este esforço, a espécie ainda continua
ameaçada de extinção, na categoria mais crítica (criticamente em perigo de
extinção) devido ao fato de existirem poucos exemplares na natureza (hoje são
400), em ambientes geralmente impactados, sendo que nenhuma destas árvores se
encontra dentro de unidades de conservação de proteção integral. Soma-se a isto
o fato de a espécie apresentar dificuldades de se propagar e de se dispersar na
natureza espontaneamente”, já que a fauna também está escassa na região e
animais como a anta (dispersora das sementes), por exemplo, não existem mais
ali, afirma Fernandes.
Por outro lado, completa Fernandes... “Embora o número de
árvores seja pequeno, é muito positivo que elas sejam, hoje, bem conhecidas (no
início conhecíamos apenas 12), monitoradas e, mais importante ainda, que os
fazendeiros e as comunidades estejam cientes da sua existência, da sua raridade
e da importância da sua preservação”, explica o engenheiro florestal.
Ações
Previstas e Realizadas
As ações de preservação previstas no PAN envolvem: a
conscientização ambiental; a criação de políticas públicas sobre o assunto; a
integração entre as instituições envolvidas no Plano de Ação Nacional
Faveiro-de-Wilson; pesquisas; e, a preservação da espécie e do seu habitat. E,
entre as ações mais importantes estão: o monitoramento da espécie na natureza;
coleta de sementes; produção de mudas; e, reintrodução da espécie nos
municípios onde ela ocorre.
Seguindo esse planejamento, foi exatamente que, desde a
última reunião, realizada no dia 31 de março do ano passado, que foram
realizadas visitas técnicas de representantes do PAN às regiões de Pequi,
Paraopeba, Sete Lagoas, Juatuba e São José da Varginha.
Nessas ocasiões, houve coleta de cerca de 100 kg de vagens
com sementes; avaliação da reintrodução da espécie (Paraopeba); encontro com
fazendeiros, sitiantes e voluntários; e, também, evento na Câmara Municipal com
entrega de certificados e kits para os colaboradores locais (Pequi); atividades
educativas em escolas de Pequi e São José da Varginha, além de plantio de uma
muda de Faveiro-de-Wilson na praça central dessas duas localidades.
A conscientização ambiental também foi outra frente de
trabalho. Os técnicos visitaram uma comunidade quilombola de Pontinha (em Paraopeba)
para apresentar o PAN para os moradores e comerciantes da região, isso porque a
extração do minhocuçu é uma das atividades que pode provocar a degradação das áreas
de ocorrência do Faveiro.
Na ocasião foi organizada a “Oficina de Plantar”
destinada às crianças da comunidade quilombola que puderam semear sementes de
Faveiro-de-Wilson e aprender, desde cedo, a cuidar da espécie. Os técnicos
também deram início à reintrodução da espécie em um extenso espaço da Área de
Proteção Especial (APE) Serra Azul-Copasa (com mutirão dos participantes e
apoio da estatal mineira).
Outro fato importante foi descobrir 20 novos exemplares em
uma área de pasto e de uma árvore de grande porte (de 1,50m de diâmetro) no
município Pequi, além de outras seis árvores em Jequitibá, município onde ela
ainda não tinha sido encontrada, ou seja, fora da área de ocorrência conhecida
até então, um pouco próximo da Serra do Espinhaço.
Esse último achado resultou na aproximação dos representantes
do PAN, com o “Instituto Espinhaço”, que, dentre outras coisas, é responsável
por um grande projeto de plantio de árvores nativas na região do Espinhaço.
A reunião do PAN possibilitou uma discussão detalhada sobre o
andamento de todas as ações propostas no plano. Tendo em vista o caráter
dinâmico do documento, foram ainda realizados ajustes de metas, prazos e atores
envolvidos (pessoas e instituições), a fim de garantir o cumprimento das ações
para conservação do Faveiro-de-Wilson. Durante o evento, os participantes
compartilharam informes sobre o andamento do Plano, relataram as experiências
positivas vivenciadas até agora, as dificuldades encontradas na execução das
ações, e planejaram novas estratégias para garantir o sucesso do Plano de Ação
Nacional.
O Grupo de Assessoramento Técnico do PAN, nomeado em 2015,
por meio de portaria nº 101/2015 do Ministério do Meio Ambiente (MMA), é
composto por representantes da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica
(FPMZB), do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF); do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG); da Universidade Federal de Viçosa (UFV); da Secretaria
de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad); do Centro
Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora); da Associação de Amigos da Serra
do Elefante (AASE); do Instituto Terra Brasilis, do Instituto Prístino e da
Associação Ama Pangeia.
Fonte: Ascom
Parques e Zoobotânica
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