terça-feira, 26 de abril de 2011

Guantânamo: O Auschwitz-Birkenau do século XXI

Apenas para relembrar o triste e vergonhoso episódio da raça humana na primeira metade do século XX, Auschwitz-Birkenau(foto), dois municípios localizados ao Sul da Polônia, foi como ficou conhecido o complexo de campos de concentração, símbolos do Holocausto patrocinado pelo nazismo de Adolf Hitler e o seu governo alemão que, a partir de 1940, construiu vários campos de concentração e um campo de extermínio na, então, Polônia ocupada. Conforme nos permite lembrar a história, foram três campos principais e 39 campos auxiliares. Desnecessário lembrar o número de vítimas deste genocídio e do terror físico e mental imposto pela doença incontestável de Hitler e seus seguidores, como o médico alemão Josef Mengele, ou simplesmente “Todesengel”, "O Anjo da Morte", como era conhecido no campo de concentração de Birkenau.
Pois bem, em pleno século XXI ainda perdura a lamentável experiência deixada pelo hitlerianismo, todavia, protagonizado pelo governo estadunidense, conforme bem revelam novos documentos divulgados pelo Wikileaks.
Antes, entretanto, das novas informações, vale à pena lembrar como surgiu esta “prisão” estadunidense em pleno território cubano. Quem não conhece ficará pasmo ao saber que sua origem antecede aos campos de concentração de Hitler e a trajetória até os dias atuais.
O Campo de Concentração – Cronologia
Em 1903, sob o propósito de mineração e operações navais, os governos dos Estados Unidos e o de Cuba assinaram um contrato de arrendamento perpétuo de 116km² de terra e água na baía de Guantânamo.
Em 1942, durante o ataque japonês à base de Pearl Harbor, o presidente estadunidense Franklin D. Roosevelt autoriza a prisão de estadunidenses de origem japonesa. Estima-se que, nos anos seguintes, cerca de sete milhões de prisioneiros eram mantidos em campos abertos, não recebendo os benefícios da Convenção de Genebra por serem considerados, pelo governo estadunidense do presidente Einsenhower, forças inimigas desarmadas.
Em janeiro de 1971, as acusações feitas às forças estadunidenses pelo Winter Soldier Investigation, de cometer atrocidades durante o conflito com o Vietnã, incluindo assassinatos e torturas, são apresentadas à imprensa.
Em 2001, cerca de um mês após o ataque de 11 de setembro às Torres Gêmeas, o governo estadunidense de George W. Bush inicia as operações de combate no Afeganistão.
Descritos pelo presidente Bush como terroristas e, assim, desprotegidos pela Convenção de Genébra, em 2002 o primeiro grupo de 20 combatentes capturados no Afeganistão é levado ao Campo X-Ray em Guantânamo. Em seu discurso, Bush diz que a guerra contra o terrorismo está só começando e acusa o Irã, o Iraque e a Coreia do Norte de integrarem o Eixo do Mal. O Campo X-Ray é fechado definitivamente e os detidos são transferidos para o Campo Delta. Em outubro, pela primeira vez, quatro prisioneiros de Guantânamo são liberados. Em novembro, são recomendas técnicas de interrogatório agressivas para qualquer suspeito de terrorismo.
Em 2003, dos 773 prisioneiros que passaram pela prisão em solo cubano, 680 permanecem em Guantânamo.
Em 2004, os prisioneiros de Guantânamo são interrogados por comissões militares especiais e, dos 558 detidos que completaram o processo, apenas 38 são selecionados para serem libertados.
Em 2006, a ONU solicita o fechamento da prisão de Guantânamo. Um dos prisioneiros de Guantânamo tenta o suicídio e, um mês depois, três prisioneiros morrem em um aparente suicídio coletivo. Outros prisioneiros iniciam greve de fome, mas são alimentados à força pelos guardas. A Suprema Corte determina que o sistema de comissões militares viola as leis estadunidenses e a Convenção de Genebra. Em setembro, Bush reconhece que a CIA manteve prisioneiros em segredo durante anos sem processá-los e que esses detidos foram submetidos a procedimentos “alternativos” de interrogatório extremamente agressivos.
Em 2007, documentos do FBI revelam 26 abusos por guardas de Guantânamo, incluindo expor os prisioneiros a temperaturas extremas, desrespeitar o Alcorão e atos de humilhação realizados por guardas do sexo feminino.
Em 2009, o presidente Barack Obama se dispõe a fechar Guantânamo ainda no primeiro ano de governo e exige revisão de como os prisioneiros serão tratados antes do fechamento – se serão enviados a outros países ou processados. As comissões criadas por Bush são extintas. O National Geographic Channel divulga documentário em que ex-guarda de Guantânamo detalha crimes cometidos, como transporte dos detentos em jaulas, abuso sexual cometido por médicos, vários tipos de torturas, espancamentos brutais que deixavam o chão encharcado de sangue, desrespeito às práticas religiosas (fazer o detento comer carne de porco ou assistir profanações do Alcorão) e detenção de crianças. Fonte: Wikipédia
Wikileaks e novas revelações
Em 2006, o então presidente Bush admitiu que a CIA manteve prisioneiros em segredo durante anos sem processá-los e que foram submetidos a interrogatórios extremamente agressivos. Todavia, o que o chefe estadunidense deixou de reconhecer está apontado nos novos documentos revelados pelo Wikileaks.
Durante anos os Estados Unidos mantiveram secretamente, em Guantânamo, centenas de inocentes e libertaram dezenas de presos de "alto risco". As informações constam em documentos militares, de 2002 a 2009, sobre 704 dos 779 homens que passaram pela prisão instalada na base naval de Guantânamo.
Ainda de acordo com os novos documentos divulgados pelo Wikileaks, pelo menos 150 detidos de Guantânamo eram inocentes e 380 eram "soldados rasos" combatentes talibãs ou estrangeiros.
Conclusão
Podemos até não chegar ao extremo de comparar a Prisão de Guantânamo, oficialmente Campo de Detenção da Baía de Guantânamo, na ilha de Cuba, com o holocausto nazista no complexo de campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, porém, toda a cronologia deste “Campo de Concentração”, documentos e relatos apontam para algo que não fica muito atrás ou diferente.

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