Neste dia 8 de maio, Dia do Artista Plástico, resolvi nem mencionar o porquê da data ou quais suas razões. Tudo muito chato.
Por outro lado, resolvi dividir da opinião do Jurandir Ferreira. Ele escreve uma matéria calorosa sobre o trabalho do artista plástico Bruno Felisberti, isso em 1952. Uma atitude bem contemporânea da época.
Resolvi compartilhar, não apenas pelo fato da realidade vivida há 60 anos ser tão parecida com a realidade do artista atual, mas, em algo que me leva a pensar no por que esse homem dedicou a vida a retratar Poços, seus moradores, suas casas, e levou com ele sua cidade adotiva, onde quer que tenha exposto, gravada em sua obra. Que legado pictórico é esse que ele deixou? Que cidade linda era aquela que ele nos deixa para hoje? Quanto esquecimento. Segue o fragmento da matéria.
Descascando o crustáceo
Jurandir Ferreira – Poços de Caldas – terça-feira, 09 de setembro de 1952.
“No dia 8 deste último mês de agosto, ‘A Gazeta’ de São Paulo estampou um clichê de seis dos melhores quadros dentre muitos que concorreram ao XVIII Salão Paulista de Belas Artes. A um destes quadros o crítico daquele diário fazia referências especiais, destacando-o com adjetivos que envaideceriam qualquer dos mais celebrados pintores brasileiros. Era simplesmente a cabeça do Teresiano, filho de Deus e rachador de lenha, que encontramos às vezes pelas ruas de Poços de Caldas, sob o peso do Karma com ele arrasta o seu obscuro destino. E o autor dessa “Cabeça de Caboclo”, diante da qual se maravilharam os visitantes e os críticos do XVIII Salão ,era simplesmente o nosso tão grande quanto ignorado Bruno Felisberti. Quando digo ignorado é por que não o vejo ocupando o lugar que lhe cabe entre os que desfrutam notoriedade como espíritos de escol e por que muito poucos são aqueles que o descobriram e o mencionam. Muito menos ainda aqueles que lhe tributam admiração e as homenagens devidas por gente civilizada a artistas que possuem o talento singular desse jovem pintor...”
Então fica de presente para os artistas locais uma salva de palmas pela coragem de não se deterem, de não permitirem que o feijão seja maior que o sonho. De terem, sim, um artista para seguir a trilha. Não importa qual foi sua forma impressionista, dadaísta, fauvista... Mas ele falou o que precisava falar do que queria falar. Ele fez para ele. Por isso era tão bom. E merece ser sempre lembrado. FELIZ DIA DO ARTISTA PLÁSTICO. 2012, 100 anos de Bruno Felisberti.
(*) Por Marcelo Abuchalla – artista plástico – Poços de Caldas – MG
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