domingo, 6 de maio de 2012

“Boca de Urna” aponta vitória do socialista Hollande

Os resultados de boca de urna apontam a vitória do socialista François Hollande no segundo turno das eleições presidenciais francesas, com 51,9% dos votos, contra 48,1% para o atual presidente de direita, Nicolas Sarkozy. Pontualmente às 20h (15h em Brasília), todas as emissoras de rádio e televisão anunciaram o nome do presidente, e embora não sejam dados oficiais, os resultados tradicionalmente são tidos como uma certeza pelos franceses. Os números definitivos serão informados pelo Ministério do Interior no início da madrugada.
A vitória de Hollande marca o retorno da esquerda à Presidência da França, 17 anos após o fim do segundo mandato do ex-presidente socialista François
Mitterrand
, em 1995. Mitterrand – a principal inspiração do agora presidente eleito – foi sucedido pelo conservador Jacques Chirac (1995-2007), e depois por Nicolas Sarkozy (2007-2012), ambos do partido de direita União por um Movimento Democrático.
Hollande recebeu a notícia em seu comitê de campanha em Tulles, em Corrèze, reduto político do presidente eleito. Depois de votar, pela manhã, ele permaneceu no escritório durante o restante do dia, acompanhado apenas da mulher, Valérie Trierweiler, e de um conselheiro que o ajuda a preparar o seu discurso. Em instantes, Hollande vai realizar um discurso no centro de Tulles e depois segue para Paris, numa viagem de 480 km. Na capital, ele é aguardado na imensa festa popular que acontece na sede do Partido Socialista, na Rue Solférino, e depois na Praça da Bastilha, palco da Revolução Francesa, em 1789.
O socialista informou à imprensa que passou uma noite "tensa" e estava ansioso durante o dia inteiro. Esta foi a primeira vez que ele concorreu ao Palácio do Eliseu e a sua vitória é o resultado de um esforço pessoal fora do comum: nas eleições anteriores, em 2007, ele era secretário-geral do partido e visto como um político sem liderança e pouco expressivo. Mas desde que deixou as rédeas do PS, em 2008, Hollande passou por uma verdadeira metamorfose: perdeu 10 kg,
rejuvenesceu o visual, passou a moderar nas piadas irônicas pelas quais era conhecido e, principalmente, se colocou como a voz moderada e sensível do partido. De encontro a um presidente que colecionava gafes contra as classes populares, em tempos de crise a França precisava de um homem que trouxesse de volta a conciliação. Com essa determinação, Hollande decidiu que a sua hora de concorrer ao cargo máximo da República tinha chegado.
Coincidência ou não, a candidatura do favorito para disputar o Palácio do Eliseu pelo Partido Socialista, Dominique Strauss-Kahn, acabou ficando pelo caminho. A cinco meses das prévias que escolheriam o candidato, no ano passado, um escândalo sexual em Nova Iorque pôs fim aos planos do ex-diretor do FMI, visto como o único capaz de vencer Sarkozy nas urnas. O desânimo tomou conta dos socialistas, que começaram a duvidar, mais uma vez, da capacidade de voltar ao poder.
Porém, uma vez escolhido pelos militantes, Hollande deu início a uma campanha sem falhas: bom de discurso, percorreu a França inteira pedindo a mudança e tentando transmitir a confiança que faltava aos franceses. Alguns o chamam de "frouxo", outros, de "bonzinho demais". O próprio Sarkozy diz que Hollande é, sem dúvida, um homem inteligente, mas "que não sabe dizer não".
No entanto, o primeiro grande comício de campanha do socialista, em Bourget, na
periferia de Paris, mostrou que as mudanças não foram somente no visual. Diante da multidão, apareceu um candidato firme, decidido e transbordando vontade política de reunir os franceses em torno dos valores republicanos, a liberdade, a igualdade, a fraternidade. Essa determinação o acompanhou durante toda a campanha, inclusive no esperado – e, sem dúvida, temido – debate cara a cara contra Sarkozy, visto pelo presidente como a oportunidade de ouro para reverter o quadro e, quem sabe, vencer as eleições.
No primeiro turno, as urnas confirmam a primeira façanha: jamais na história da 5ª República Francesa um presidente em exercício tinha ficado em segundo lugar no primeiro turno. Agora, os franceses confirmaram que querem sim a mudança tanto pedida por Hollande. Resta ao novo presidente provar que será capaz de, diante de tantas adversidades, trazer de volta a França que tanto desperta admiração.

(*) Com informação Terra e AFP

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