domingo, 6 de maio de 2012

Novo presidente francês terá agenda internacional apertada

Eleitores franceses acreditam que eleição é determinante também para a Europa
Os franceses que pela manhã deste domingo, 06, votavam no primeiro bairro de Paris, no Centro da capital, consideravam que a escolha do presidente que hoje fazem é determinante para a França, mas também para a Europa.
Cerca de 46 milhões de eleitores votam no segundo turno das eleições presidenciais da França para escolherem entre Nicolas Sarkozy, candidato à reeleição, e o socialista François Hollande, que as sondagens apontam como vencedor.
Neste bairro parisiense, no primeiro turno, Nicolas Sarkozy venceu François Hollande, contra as previsões das sondagens e contra os resultados finais em todo o país. No primeiro turno, o socialista conseguiu 28,63% dos votos, contra 27,18% do candidato à reeleição.
Agenda
O novo presidente francês, seja Hollande ou o conservador Sarkozy, terá, já no primeiro mês de seu mandato, uma sucessão de reuniões internacionais
importantes para a nova etapa da diplomacia francesa.
Em matéria diplomática, a revolução não está na agenda. “A política externa não será diferente”, afirmou John Gaffney, do Centro Aston para Europa de Birmingham. Os dois candidatos têm pontos de vista semelhantes sobre vários temas (Síria e Irã entre outros), mas também algumas divergências.
Para não surpreender os aliados tradicionais da França, o candidato Hollande já anunciou sua firme vontade de reativar o crescimento na Europa e de retirar as tropas francesas do Afeganistão antes do fim do ano.
As conversas já são múltiplas. “Vemos os socialistas quase todos os dias”, disse um embaixador ocidental radicado em Paris.
Se eleito, Hollande tem a intenção de viajar assim que tomar posse, em meados de maio, para “conhecer oficialmente” a chanceler Angela Merkel, que se negou a recebê-lo durante a campanha.
Enquanto Sarkozy repete que não há nada que possa ser modificado, seu adversário diz que tentará renegociar o pacto fiscal europeu para agregar um capítulo de apoio ao crescimento.
Esta renegociação do tratado, assinado em março, poderia provocar atritos com Merkel, que se opõe a ela, apesar de ter anunciado recentemente uma “agenda de crescimento” para a cúpula europeia prevista para 28 e 29 de junho.
Hollande, com seu lema “seriedade orçamentária, sim; austeridade vitalícia, não”, se vê confortado por esse anúncio e pelas recentes declarações de líderes europeus em favor do crescimento, que ele considerou “uma grande evolução”.
Os líderes de França e Alemanha se encontrarão nos dias 18 e 19 de maio em Camp David, perto de Washington, na cúpula do G8 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia).
Para Hollande, será a chance de um primeiro contato com os líderes dos oito países, entre eles o americano Barack Obama.
Em Camp David se debaterá também o crescimento econômico, particularmente as promessas do G8 feitas em 2011 aos governos surgidos na Primavera Árabe.
Imediatamente depois, o novo presidente francês participará, nos dias 20 e 21 de maio, da cúpula da Otan em Chicago, cujos temas centrais serão Afeganistão e o escudo antimísseis, que foram estudados “meticulosamente” pelo socialista.
Hollande deseja a retirada das tropas francesas do Afeganistão até o fim de 2012, enquanto Sarkozy considera impossível tal retirada antes do fim de 2013.
Os Estados Unidos fixaram para 2014 a transferência de responsabilidades às forças afegãs.
“Se Hollande quer uma retirada já em 2012, pode haver acordos possíveis”, afirma um diplomata europeu, lembrando que Holanda e Canadá retiraram suas tropas em 2010 e 2011, respectivamente.
Personalidade “muito diferente” da de seu rival, como afirmam vários especialistas, entre os quais Thomas Klau, do Conselho Europeu de Relações Exteriores, o socialista tem um grande apego pela busca do consenso.
Sarkozy falou pouco sobre o tema do escudo antimísseis que a Otan deseja
mobilizar no Leste da Europa. Hollande manifestou “reticências”, reprovando esse projeto, baseado em tecnologia norte-americana, ao questionar a dissuasão nuclear, e deseja abordar, em Chicago, também os interesses industriais franceses.
Por fim, o novo chefe de Estado francês participará, nos dias 18 e 19 de junho, no México, da cúpula do G20 (G8 + emergentes), ocasião na qual se reunirá com o presidente chinês, Hu Jintao.

(*) Com informação Expresso.pt, AFP e Terra

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