Relator especial da Nações Unidas rejeitou a ideia de que os riscos colocados pelos HHPs possam ser geridos com segurança. (foto: Portal News BA) |
Levantamento
apontou que 27% dos agrotóxicos vendidos em países ricos são considerados
altamente perigosos
O Brasil lidera a lista de
destinatários de produtos agrotóxicos classificados como “altamente perigosos”,
tendo movimentando cerca de 3,3 mil milhões de dólares em 2018, segundo a
organização não-governamental (ONG) “Unearthed”. “O Brasil compra mais pesticidas
do que qualquer outro país. A aprovação de novos produtos pesticidas por
reguladores brasileiros, incluindo os que contêm HHPs (sigla em inglês para
highly hazardous pesticides, pesticida altamente perigoso na tradução para
português), cresceram nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro”, indicou a
Unearthed, que é financiada pela ONG Greenpeace, numa parceria com a ONG suíça
Public Eye.
A análise de um gigantesco
banco de dados dos “produtos de proteção à colheita” mais vendidos em 2018
revelou que as principais empresas agroquímicas do mundo fizeram mais de 35%
das suas vendas a partir de pesticidas classificados como “altamente perigosos”
para pessoas, animais ou ecossistemas.
A investigação constatou que
41% dos principais produtos das gigantes agroquímicas da BASF, Bayer, Corteva,
FMC e Syngenta – empresas que fazem parte da influente associação comercial “CropLife
International” voltada para o agronegócio e agroquímica – continham pelo menos
um HHP.
Além disso, mais de mil
milhões de dólares das vendas dessas empresas foram provenientes de produtos
químicos – alguns agora proibidos nos mercados europeus – altamente tóxicos
para as abelhas. Mais de dois terços dessas vendas foram realizadas em países
com economias emergentes, como Brasil e Índia.
Aprovação de novos pesticidas altamente perigosos por reguladores brasileiros cresceram nos governos Temer e Bolsonaro. (foto: Portal Conexão Planeta) |
“De longe, os mercados mais
valiosos para os pesticidas altamente perigosos vendidos por essas empresas
foram o da soja e do milho, cultivados em grande parte para fornecer ração para
animais, para a indústria de carne”, indicou a ONG.
O levantamento apontou, ainda,
que 27% dos agrotóxicos vendidos em países ricos são considerados altamente
perigosos.
A Unearthed, em parceria com a
Public Eye, analisou dados dos 43 países que mais consomem pesticidas no mundo,
cruzando-os com a lista de produtos altamente perigosos da ‘Pesticide Action
Network’ (PAN), uma coligação de cerca de 600 ONG’s que se opõem ao uso de
pesticidas.
Segundo a ONG, a ‘CropLife
International’ contestou a investigação e os critérios usados para definir os
produtos como “ltamente perigosos”, e argumentou que os HHPs são uma “ferramenta
importante para combater a perda de colheitas” e devem ser usados como último
recurso para ajudar os agricultores a “produzir comida suficiente para uma
população em crescimento”.
O grupo defendeu que a maioria
dos HHPs vendidos nos países em desenvolvimento não é fabricada pelas suas
empresas-membros, e que as companhias que integram a ‘CropLife International’ “lideraram
pelo exemplo” através de medidas como instruções de como reduzir os riscos de
uso das substâncias.
Contudo, em declarações à
Unearthed, o relator especial da Nações Unidas sobre direitos humanos e
substâncias e resíduos tóxicos, Baskut Tuncak, rejeitou a ideia de que os
riscos colocados pelos HHPs pudessem ser geridos com segurança.
“Não há nada sustentável no
uso generalizado de pesticidas altamente perigosos para a agricultura. (...) Se
envenenam trabalhadores, extinguem a biodiversidade, persistem no meio
ambiente, ou acumulam-se no leite materno, eles são insustentáveis, não podem
ser usados com segurança e deveriam ter sido desativados há muito tempo”,
defendeu Tuncak.
Segundo especialistas, os
riscos decorrentes do uso desses produtos químicos em países pobres são
maiores.
Fonte: Portal Notícias Ao
Minuto
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