Coronavírus chega ao Brasil: 1° caso é confirmado em SP – infectado esteve na Itália. (foto: URBS Magna) |
Estão sendo
monitorados 30 familiares que o visitaram em sua casa e passageiros que
viajaram no mesmo avião estão sendo contatados
Legenda
1: Coronavírus chega ao Brasil: 1° caso é confirmado em SP – infectado esteve
na Itália. (foto: URBS Magna)
Legenda
2: ou Ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta. Foto: Agência Brasil/Wilson Dias
O Ministério da Saúde anunciou
nesta quarta-feira, 26, ter confirmado o primeiro caso do novo coronavírus no
Brasil.
Dois exames atestaram que um
empresário de 61 anos que vive em São Paulo foi infectado após viajar sozinho à
Itália. Ele retornou na sexta-feira, 21, e apresentou sintomas, como febre,
tosse, dor de garganta e coriza, dois dias depois.
Na segunda-feira, 24, procurou
atendimento médico no Hospital Albert Einstein, onde foi feito o primeiro
exame. Depois, uma amostra foi enviada ao Instituto Adolfo Lutz, que fez
contraprova e confirmou a presença do vírus.
O empresário está bem, segundo
o ministério, e permanecerá isolado em sua casa até o desaparecimento dos
sintomas. Sua mulher também será monitorada por mais duas semanas após cessarem
os sinais da doença em seu marido.
De acordo com o governo, o
protocolo internacional recomenda que ele seja mantido em sua residência,
porque não se encontra em estado grave. No hospital, haveria o risco de ele
transmitir o vírus para outros pacientes mais debilitados.
Também estão sendo monitorados
cerca de 30 parentes que estiveram em sua casa em uma reunião de família no
domingo, 23. O ministério ainda está entrando em contato com passageiros que
viajaram perto do paciente no avião que o trouxe da Itália.
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. (foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) |
"Agora, com o primeiro
caso confirmado no Brasil, vamos ver como o vírus vai se comportar em um país
tropical em pleno verão", disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta.
"É um vírus novo, que
pode ou não manter o mesmo padrão de comportamento de transmissão que tem no
hemisfério Norte, com o frio."
Adoção de Medidas
O Brasil já se encontrava
desde o dia 4 de fevereiro no terceiro e mais elevado nível de alerta do
sistema de vigilância epidemiológica, após o Ministério da Saúde decretar uma
situação de emergência de saúde pública de importância nacional.
Anteriormente, o governo havia
informado que essa etapa só seria alcançada quando houvesse um caso confirmado
no país, mas Mandetta decidiu antecipá-la para ser capaz de fazer contratações
emergenciais para preparar o país para receber os brasileiros que estavam na
China e foram mantidos em quarentena em uma base militar em Anápolis, Goiás.
A decisão foi tomada após a
Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar uma situação de emergência em
âmbito global, ao manifestar preocupação com casos de transmissão fora da China
e o impacto do coronavírus sobre os sistemas de saúde de países mais pobres.
Agora, com a confirmação do
primeiro caso, serão ampliadas as ações da vigilância epidemiológica e os
preparativos para atendimentos de possíveis pacientes na cidade de São Paulo,
além de serem tomadas medidas de contenção para evitar que o vírus se espalhe
em território nacional.
"São Paulo é a cidade
mais populosa do país e tem uma comunicação com a Itália e países europeus e
comunidades destas nacionalidades muito extensas, e esse trânsito deve se
intensificar, porque as pessoas com receio do vírus antecipam sua volta de
férias ou de intercâmbio", disse Mandetta.
Caso haja disseminação do
vírus dentro do país, será dado início à fase de mitigação do surto, com ações
para evitar que ocorram muitos contágios e mortes. "A situação não muda
muito em relação ao que era feito com os casos suspeitos", disse o
secretário de Saúde do Estado de São Paulo, Henrique Ferreira.
"A própria vigilância tem
condições de atuar nesta nova epidemia que talvez venhamos a enfrentar por
aqui. Mas ainda não podemos dizer que estamos nesta situação, porque temos
apenas um caso aqui."
Desde a decretação de emergência,
disse Mandetta, algumas medidas já foram tomadas antevendo diferentes cenários,
como a compra de equipamentos de proteção e a licitação para aluguel de
equipamentos usados em unidades de cuidados intensivos.
Foram adquiridos testes
rápidos para ter um processo mais ágil de confirmação de casos. Também será
ampliada a campanha de comunicação sobre a doença para orientar os cidadãos
sobre como proceder.
Também foram consultados o
Conselho Federal de Medicina e a Sociedade Brasileira de Infectologia para
saber quais medicamentos serão necessários para atender possíveis pacientes.
Não há, até o momento,
medicamentos retrovirais ou vacina específicos para o novo coronavírus. No
tratamento, são usadas drogas para combater os sintomas da doença que ele causa
– a covid-19. "Só vamos superar essa situação quando tivermos tecnologia
para ter uma vacina. Por enquanto, é precaução e cautela", disse Mandetta.
O governo descartou suspender
voos ou fazer um controle das fronteiras. "Fechar fronteiras ou fazer
testagem em portos e aeroportos não tem eficácia nenhuma, porque os pacientes
podem ter o vírus sem apresentar sintomas. Essa é mais uma doença que a
humanidade vai ter que enfrentar", afirmou Mandetta.
Ministro, OMS e Pandemia
O governo alertou que o número
de casos suspeitos no Brasil deve aumentar nos próximos dias, porque atualmente
a classificação de risco para possíveis infecções do ministério leva em
consideração 16 países – este critério tem como base países nos quais houve
mais de cinco casos de transmissão local.
O planejamento de ações para
este surto é similar ao que foi aplicado no país durante a pandemia de H1N1, em
2009, disse o ministro.
Uma pandemia é uma epidemia em
escala global. Na segunda-feira, 24, a OMS disse ainda ser cedo para decretar
que este surto seja uma pandemia, porque não foi detectada uma disseminação
descontrolada do novo coronavírus.
O ministro disse discordar
desta posição. "Muito em breve, a OMS não vai trabalhar mais com nexo de
país (para detecção de possíveis casos). Ela vai ter que fazer reunião com
especialistas e considerar que se trata de uma pandemia. Aliás, já tem
critérios para isso. Se ficar nesse nexo causal, vamos estar sempre correndo
atrás", disse Mandetta.
Até ontem, 25, segundo a OMS,
foram registrados 80,2 mil casos do novo coronavírus no mundo, dos quais 77,7
mil na China. Outros 33 países já foram afetados.
Mas o Ministério da Saúde
aponta que o total de pacientes na China pode ser bem superior aos índices
oficiais, porque muitas pessoas podem ter apresentado sintomas leves e não
procurado atendimento médico.
De acordo com o governo
federal, a tendência atual é de estabilização do número de casos na China e de
elevação em outros países.
No Brasil, há 20 casos
suspeitos sendo monitorados, em sete Estados —São Paulo (11), Santa Catarina
(2), Rio de Janeiro (2), Minas Gerais (2), Espírito Santo (1), Paraíba (1) e
Pernambuco (1). Outros 59 foram descartados.
O novo coronavírus já provocou
2,7 mil mortes – 2.666 na China. Isso aponta que o vírus tem uma taxa de
letalidade no mundo de 3,4%. Mas este índice chega a 8% entre pacientes com idade
entre 70 e 79 anos e a 15% entre aqueles com mais de 80 anos.
"Esta é uma síndrome
gripal que se comporta de maneira mais agressiva nos pacientes de mais idade.
Mas temos observado um número expressivo de pessoas se recuperando da
doença", disse Mandetta.
Transmissão
Segundo dados da OMS, o
período de incubação do vírus, ou seja, o tempo entre a infecção e o surgimento
dos primeiros sintomas, é de até 14 dias, mas a média apontada até agora é de 5
dias.
O ministério informou que, até
o momento, de acordo com os estudos feitos sobre o novo coronavírus, uma pessoa
infectada é capaz de transmiti-lo para mais duas ou três pessoas, mas há casos
em que chega a ser passado para até sete pessoas.
"Ainda não há um padrão
bem descrito, mas podemos observar a maioria dos casos estudados estão nesta
faixa de duas a três pessoas", afirmou o secretário de vigilância em
saúde, Wanderson de Oliveira.
Estima-se que o paciente de
São Paulo tenha entrado em contato com 50 a 60 pessoas após ser infectado. No
entanto, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo,
esclareceu que isso não significa que todas serão contaminadas.
"Mesmo que o número de
pessoas com quem ele teve contato seja alto, estudos apontam que outros
pacientes contaminaram de duas a três pessoas apesar de ter entrado em contato
com 20, 30 ou 40 pessoas. Isso significa que o contato precisa ser mais íntimo
para que haja transmissão", disse Gabbardo.
Fonte: BBC News/MSN Brasil
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