Artistas plásticos do Sul de MG expõem trabalhos em Londres

Mostra faz parte da exposição ‘Em torno do Quase’ (Sorrunding Almost). Trabalhos foram selecionados ainda no Brasil pelo Studio 1.3

Teve início na última quinta-feira, 16, em Londres, a exposição “Em Torno do Quase” – Souranding Almost, em inglês. O trabalho é conduzido e produzido pelo artista plástico Marcelo Abuchalla com artistas de Poços de Caldas, município do Sul de Minas Gerais, e convidados.

A exposição começou a ser pensada há exatamente oito meses, quando o Studio 1.1, de Londres, convidou Marcelo Abuchalla para expor seus trabalhos. Foram meses de trabalho em reconhecer os pares, convidar pessoas, explicar o processo e construir algo novo. Cada passo deste trabalho foi algo pensado, elaborado e convertido em realidade. “O segmento das artes plásticas em Poços era algo que não tinha nenhuma representatividade, como afirmou o diretor da Divisão de Cultura do município. O último grande artista de cidade foi Bruno Filisberti e, se não tivesse tomado para mim a responsabilidade de trazê-lo de volta em seus 100 anos, com certeza ele continuaria esquecido”, exalta Marcelo acrescentando que isso também foi uma forma de fazer a população enxergar que algo novo vinha por aí.

Esse processo culminou, em Poços de Caldas, com a exposição “Os Novos Caldenses”, aberta no dia 03 de julho deste ano, uma radiografia das artes visuais poços-caldenses.
Conforme explicado por Marcelo, artista plástico com obras na exposição e também curador da mostra, visuais por que “não há mais distância entre os discursos visuais, mas sim técnicas diferentes, então, nesta exposição, houve colagens, fotos, desenhos, pinturas, telas”.
Foram mais de 70 trabalhos expostos e, posteriormente, enviados para Londres, para uma nova curadoria no Studio 1.1.

“Os Novos Caldenses” contou com a participação dos artistas plásticos André Prado, Emerson Noronha, Eni Sulanita, Esther Cervine, Nando Goulart, Francisco Pirola, Juliana Akestein, Lauro Vitor, Roseli Fontaniello, Sheila Cabral, Tete Nassif, Dalmony Lidijusse e ainda se juntaram ao grupo, para expor em Londres, Alessandra Vaz, Alexandre Santos, Vinicius Figueiredo, Danilo Mônaco e Chris Valias e os curadores Claudio Guedes e Antonieta Prézia.

Marcelo ressalta que foi intimado pelo grupo para também expor seu trabalho. Todos estes artistas agora estão em uma exposição em Londres, na East End, o endereço mais contemporâneo do Mundo. “Desde quinta (-feira, 16), quando aconteceu a abertura da exposição, a Galeria tem registrado um grande e maior número de visitantes. Posso falar, pois, todos esses dias tenho ido diariamente para lá e está bombando sim”, comemora Marcelo enfatizando que, “para mim, esse trabalho todo, e que foi uma trabalheira sem prazo para acabar, é o resultado de muitos outros objetivos, alguns concluídos, como apontar os pares, outros começando, como, por exemplo, colocar a cidade de Poços de Caldas em um novo roteiro, o das artes plásticas. Sim, e esse objetivo já teve seu início no Festival SuperNormal, quando fiz o convite aberto aos artistas plásticos interessados em participar da ‘1ª Bienal de Artes Plásticas de Poços de Caldas’, em 2014, e ainda com o apoio de todos os Studios 1.1, 1.2, 1.3 e 1.4”.

Marcelo revela alguns nomes que já foram apontados para o evento, como o da artista plástica Gill Ord, o do artista plástico suíço Robim Seir, o artista plástico escocês – proprietário do Studio 1.1, Keran James.
Marcelo também não faz segredo quanto ao que tudo isso significa para ele e, conforme as palavras do próprio artista, ele entende que após este primeiro trabalho – visto por ele como um TCC, por assim dizer – as coisas nesse segmento andarão mais rápido.
Para Marcelo, os resultados desse trabalho vão trazer um desenvolvimento no lado profissional destes artistas e segurança emocional para cada um dos pares se entenderem como artista.

O poços-caldense também acredita que nem todos vão dar continuidade na carreira. O que é normal. “É uma emoção louca estar fazendo isto por todos e, claro, por mim. É um sonho que se realiza, o de ter tido coragem de propor isso, dos meus pares terem comprado essa ideia e de termos conseguido levar tudo isso a termo. Não tivemos nenhum apoio da iniciativa pública, o que era de se esperar, pois, sou um combatente ferrenho desta atual e péssima administração, mas, em contrapartida, tivemos o apoio de vários segmentos da iniciativa privada, como o Shopping Poços de Caldas, Prisma Eventos, Ello’s Consultoria, dos Restaurantes E&E e Polako e da grande patronesse de tudo isso, a Sra. Marlene Curimbaba, uma pessoa que até no último segundo socorreu esse trabalho. Sem ela, nada, absolutamente nada, teria acontecido. Também não posso deixar de dizer da coragem do Michael e do Keran, de terem comprado essa ideia há mais de um ano.”

Para Keran, ainda não é o momento de estar avaliando todo este processo, é preciso mais tempo para isso. “Como o Marcelo disse, somos iniciantes e precisávamos dessa primeira experiência. Agora que abrimos a ‘Caixa de Pandora’, vamos ver o que vem por aí. Mas, com certeza, foi muita coragem, trabalho e determinação do grupo”, afirma Keran parabenizando todos os integrantes do grupo.
Para o próximo ano, 2013, o Studio 1.3, localizado em Poços de Caldas, já deu início aos trabalhos para aquilo que vai ser um tour pela Europa, serão quatro exposições simultâneas em quatro países – Brasil, Inglaterra, Croácia e Holanda. “Sim, já demos início a esse processo na semana passada. Em conversa com Keran, expliquei que pensamos em realizar uma grande mostra do nosso trabalho ao mesmo tempo. Daremos início em Poços, pois, o ganhador desta exposição virá para Londres para a abertura da exposição aqui. Vai ser um momento de otimizar, para Poços de Caldas, a possibilidade de termos alguma visibilidade durante a Copa, alavancar um turismo diferenciado e atraído pela cultura local, já que, em Poços de Caldas, o equivoco histórico de se acreditar que o turismo é quem faz a cultura está com seus dias contados. São processos longos e intricados, mas, é só trabalhar que acontece”, finaliza o artista plástico Marcelo Abuchalla.