Pouso do mais caro e sofisticado jipe-robô já produzido pela Nasa vai gerar “sete minutos de terror”
Sete minutos de terror. Parece o título de um filme hollywoodiano, mas a frase descreve a ansiedade da Nasa em relação ao pouso de seu mais novo jipe-robô, que pousará em Marte na madrugada deste domingo, 05, para segunda-feira, 06. O pouso está previsto para às 2h31 da manhã (horário de Brasília) do dia 6, e serátransmitido pela Nasa.
O Curiosity (também chamado de MSL, sigla em inglês para Laboratório Espacial de Marte) vai entrar na atmosfera marciana a 21.000 quilômetros por hora, e terá os tais sete minutos para fazer todas as manobras necessárias para chegar com segurança à superfície do planeta vermelho.
O “terror” vem do intervalo de comunicação de 14 minutos entre a Terra e Marte, que vai fazer com que o Curiosity tenha que pousar completamente sozinho, sem a ajuda do controle de missão, apenas seguindo as 500 mil linhas de código de computador que os engenheiros da Nasa programaram para dirigir todos os movimentos do jipe. Eles só saberão se tudo deu certo no fim das manobras.
O jipe-robô, que tem um o tamanho de um carro pequeno, vai passar dois anos pesquisando se Marte já teve algum dia os elementos necessários à vida. Missões anteriores já encontraram gelo e sinais de fluxo de água. O Curiosity vai perfurar o solo marciano, em busca de carbono e outros elementos químicos e fazer fotografias de Marte.
Ao custo de US$ 2,5 bilhões (R$ 5 bilhões), é a missão mais sofisticada e cara que a agência espacial dos Estados Unidos já mandou a Marte, um planeta com um histórico hostil a espaçonaves terráqueas. É difícil chegar lá e mais difícil ainda pousar ali. Mais da metade das tentativas de chegar a Marte foram fracassadas, e apenas a Nasa conseguiu algum sucesso. “Você pode fazer de tudo para garantir o sucesso de uma missão, e mesmo assim, Marte ainda pode te dar uma rasteira”, afirma Scott Hubbard, ex-chefe do programa de Marte da Nasa, atualmente lecionando na Universidade de Stanford.
Por causa de seu tamanho e peso (900 quilos), o Curiosity não pode pousar como seus antecessores menores, o Spirit e o Opportunity (que ainda está ativo). Eles se valeram da fricção com atmosfera marciana e “air bags” para descer a salvo, mas desta vez a Nasa está testando uma nova estratégia.Ela se assemelha ao modo como helicópteros desembarcam grandes cargas, por um cabo. Qual o grau de dificuldade disso? “Acima de dez,” afirma Adam Steltzner, um engenheiro do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, que gerencia a missão. “Será um grande avanço tecnológico se isso funcionar. É uma aposta arriscada”, disse o analista de política espacial da American University Howard McCurdy.
Após uma viagem de oito meses e meio, por 566 milhões de quilômetros, será assim que o Curiosity vai pousar:
- Dez minutos antes de entrar na atmosfera marciana, o Curiosity se separará da cápsula que o levou a Marte;
- Seu escudo protetor se abre e o Curiosity vai entrar a 21 mil quilômetros por hora, desacelerando com uma série de curvas em S;
- Quando estiver a uma altitude de 11 quilômetros e a 1400 quilômetros por hora, seu paraquedas se abrirá;
- Seu escudo será descartado e o radar se ligará, para pesquisar o local de pouso. Nesse ponto, estará a 8 quilômetros de altitude e a 450 quilômetros por hora;
- Uma câmera de vídeo a bordo do Curiosity começará a gravar a descida;
- A 1,6 quilômetro de altitude, o paraquedas será descartado;
- O Curiosity continua, nesse ponto, ligado a um pequeno foguete, que será usado para desacelerá-lo a menos de 3,2 quilômetros por hora;
- Doze segundos antes do pouso, cabos de nylon soltarão e baixarão o Curiosity. Quando suas seis rodas tocarem o chão, o jipe cortará os cabos. Os foguetes também serão descartados e voarão para longe.
Mas mesmo que essa coreografia complicada vá de acordo com o programado, uma tempestade de areia ou uma rajada de vento repentina podem prejudicar o pouso.
O local de pouso será a cratera Gale, perto do equador marciano. Cientistas sabem que a Gale já teve água, por imagens que revelam em camadas inferiores de solo sinais de argilas e sais de enxofre, que se formam na presença de água.
(*) Com informação iG e AP – fotos: Nasa
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