O Ministério Público Federal (MPF) afirmou hoje, 23, que denunciou 14 ex-diretores e 3 ex-funcionários do Banco Panamericano por crimes contra o sistema financeiro.
Entre eles, estão o ex-presidente do Conselho de Administração do banco, Luiz Sebastião Sandoval, e o ex-diretor superintendente, Rafael Palladino, acusados de fraudar a contabilidade do Panamericano de 2007 a 2010, melhorando o resultado dos balanços em pelo menos 3,8 bilhões em reais.
Segundo o MPF, nesse mesmo período, os investigados receberam do banco, em bônus e outros pagamentos irregulares, cerca de 100 milhões de reais. Os bônus foram considerados ilegais, já que não eram comunicados ao mercado.A ação não trata da possível fraude na venda de parte do Panamericano para a Caixa Econômica Federal, operação que está sendo investigada pelo MP do Distrito Federal.
Mas, segundo o procurador da República, Rodrigo Fraga Leandro de Figueiredo, autor da denúncia, há indícios fortes de que os vendedores ocultaram, fraudulentamente, os problemas do Panamericano durante a negociação.
Além dos crimes apontados no relatório da Polícia Federal, o MPF identificou outras possíveis irregularidades, como pagamento de propina a servidores públicos, doações a partidos políticos com ocultação do real doador, pagamento a escritório de advocacia em valores incompatíveis com os serviços prestados e fornecimento de informações falsas ao Banco Central.
De acordo com a denúncia, o valor que deveria ser indevidamente contabilizado era estabelecido em reuniões mensais, com a participação de vários dos denunciados. E fraudes na contabilização das carteiras cedidas eram feitas para cobrir rombos anteriores nas liquidações antecipadas e vice-versa.
“O procurador não tem dúvidas de que Sandoval e Palladino eram os mentores dessas fraudes, já que tinham conhecimento de que o resultado real do banco começou a se deteriorar a partir de 2007 e buscavam soluções heterodoxas para melhorar o resultado”, diz trecho do comunicado do MPF.
A denúncia diz que os acusados também fraudaram a provisão para devedores duvidosos do banco, deixando de lançar pelo menos 500 milhões de reais nessa conta, o que aumentou artificialmente o resultado positivo.Segundo o MPF, a fraude era realizada de duas formas. Na primeira, as dívidas em inadimplência eram transferidas à Panamericano Administradora de Cartões, não fiscalizada pelo BC. Na outra, as dívidas eram simplesmente extintas e substituídas por uma nova operação de crédito simulada.
Em 2010, o BC detectou uma fraude contábil de 4,3 bilhões de reais no Panamericano, que levou o banco a depois ser comprado pelo BTG Pactual.
(*) Com informação Reuters
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