Rovena Rosa/Agência Brasil |
Dose
na gravidez previne doenças nos primeiros meses de vida
Por
Vinícius Lisboa (*)
Tema que encerrou a Jornada
Nacional de Imunizações, no último dia 07, a vacinação de gestantes foi
apontada por especialistas como fundamental para proteger bebês contra doenças
que podem infectá-los antes de chegar o momento da imunização. As coberturas
vacinais entre grávidas, apesar de terem se elevado ao longo dos últimos anos,
continuam abaixo das metas estabelecidas.
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O calendário nacional de
vacinação do Ministério da Saúde recomenda que as gestantes estejam em dia com
a vacina contra a hepatite B, que se vacinem nas campanhas anuais contra a
gripe e que tomem também a vacina dTpa, que previne a difteria, o tétano e a
coqueluche.
Dados apresentados no
encontro pelo Programa Nacional de Imunizações mostram que a vacinação de
grávidas contra o vírus influenza ficou em 84,6% na campanha de 2019 – abaixo
da meta de 90%. No caso da vacina dTpa, a cobertura em 2018 foi de 62,81%,
também inferior aos 95% pretendidos.
A vacinação de gestantes com
a dTpa no Brasil começou em 2014, como uma reação ao aumento de casos de
coqueluche, que tem incidência considerável entre bebês menores de 2 meses –
idade mínima para tomar a primeira dose contra a doença. A partir de 2017, a
vacina passou a ser recomendada para gestantes a partir da 20ª semana como
forma de proteger o recém-nascido.
A taxa de imunização de 2018
com a dTpa, apesar de baixa, é a maior desde 2014 e o presidente da Sociedade
Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, defende que é preciso informar mais a
população e capacitar os profissionais de saúde para que não sintam insegurança
no momento de indicar as vacinas às gestantes.
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“[A vacinação da gestante] É
a principal forma de proteger o bebê nos primeiros meses de vida, quando há o
maior risco. Temos muito a percorrer na cobertura vacinal da gestante e temos
certeza que, a partir do momento em que a gestante souber que isso é uma forma
de proteger o bebê, ela vai se vacinar. Mas, para isso, também precisamos que
os nossos profissionais de saúde indiquem a vacinação.”
Entenda
A pediatra infectologista
Marion Burger, professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
explica que as vacinas aplicadas em gestantes produzem anticorpos capazes de
atravessar a barreira placentária em quantidade suficiente para proteger o bebê
nos primeiros meses de vida. Após o parto, a transferência de anticorpos
continua com a amamentação.
“A gestante é a melhor
fábrica de anticorpos que temos para proteger recém-nascidos. Por isso, a
vacina dTpa precisa ser repetida à cada gestação, porque estou usando essa mãe
como uma fábrica de anticorpos para o seu bebê e cada bebê tem que receber esse
anticorpo”, diz ela, que acrescenta: “O leite materno é um ótimo imunizante
pós-parto para o recém-nascido”.
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Pesquisas do Instituto
Butantan e da Universidade de São Paulo (USP) apresentadas no último dia da
jornada confirmam resultados positivos com a vacinação de gestantes obtidos em
outros países e revelam a eficácia e a segurança da vacina dTpa, a mais recente
do calendário vacinal da gestante no Brasil.
A responsável pela área de
farmacovigilância do Butantan, Vera Gattás, apresentou um estudo realizado
entre 2015 e 2016 no estado de São Paulo que conclui que possíveis efeitos
adversos da vacina constatados em parturientes analisadas foram, na grande
maioria, leves e desapareceram em no máximo 72 horas após a aplicação da
vacina.
“A vacina dTpa usada pelo
Programa Nacional de Imunizações é segura e não foram identificados sinais de
segurança inesperados”, concluiu.
(*)
O repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações
Fonte: Agência Brasil
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