Incêndio teve início pouco
antes da uma hora da manhã e crime está sendo investigado pela Polícia Civil
No início da madrugada desta
segunda-feira, 26, pouco antes da uma hora da manhã, quando o Corpo de
Bombeiros recebeu a primeira chamada, um incêndio de grandes proporções tomou
conta do prédio histórico conhecido por Chalé do Conde Prates, localizado na esquina
das ruas Junqueiras e Francisco Faria Lobato, área central de Poços de Caldas,
município do Sul de Minas Gerais. Cerca de 50% da estrutura foi comprometida
com a queima de todo o seu madeiramento e demandará sua reconstrução para
posterior restauração do bem.
Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Turístico (CONDEPHACT)
em 27 de junho de 2016 através da Lei nº 9133, a primeira parte de sua
construção se deu em 1886 e era casa de veraneio do conde Eduardo Silva Prates.
Mais tarde, em 1910, se deu a construção da parte superior do chalé e, para
tanto, nas técnicas da época, foram utilizadas vigas de madeira para erguer as
paredes do segundo pavimento.
Este fato contribui
sobremaneira para que muitas paredes da parte superior ficassem suspensas,
sendo suportadas apenas pela amarração dos tijolos das paredes que não tiveram
suas vigas atingidas.
Foram cerca de quatro horas
de combate às chamas pelos bombeiros com o auxílio do caminhão tanque da
Brigada de Incêndio da multinacional Alcoa e a utilização de 72 mil litros de
água. Vale destacar que a ausência de um hidrante no local dificultou a
contenção do incêndio já que os caminhões tinham que se deslocar até a Praça
Paul Harris, onde fica o Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas, para
reabastecer, também na área central e a cerca de 300 metros do local das
chamas, mas, que obriga a um deslocamento que poderia ser crucial para o
trabalho dos homens do fogo.
Durante todo o dia, além da
permanência e visitas constantes dos bombeiros, uma vez que novos focos eram
vistos a todo o momento, o local recebeu a visita de curiosos, representantes
da imprensa, de autoridades, de representantes da empresa responsável pelo
imóvel – Macro Construtora e Incorporadora –, da perícia da Polícia Civil, além
de vistorias realizadas pelos bombeiros, Defesa Civil e comissão de engenheiros
da Prefeitura e, no início da tarde, de alunos do curso de Arquitetura e
Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC) – campus Poços de Caldas –
que deram um abraço simbólico na edificação.
Apesar de o incêndio estar
sob a investigação da Polícia Civil, todos os indícios apontam para a prática
criminosa já que desde o final do ano passado os caseiros deixaram o local e o
fornecimento de energia elétrica foi desligado após um acordo com o Ministério
Público. Portas e janelas também foram lacradas e portões fechados com
correntes e cadeados para evitar invasões.
O crime é reforçado por
pequenos detalhes, como a existência de um duto para a circulação de ar, na
parte inferior do assoalho do primeiro piso, que está com a tela de proteção
rompida e puxada para fora. Seguindo linha reta em direção ao telhado é o único
local de toda a edificação em que há marca de fumaça acima de uma janela do segundo
andar. (veja foto montagem acima)
Ainda pela manhã, o promotor
do Patrimônio Histórico, Dr. Sidney Boccia, esteve no local para acompanhar os
trabalhos de avaliação dos danos. Ele lamentou o fato e também entende que,
certamente, trata-se de um incêndio criminoso, já que desde o ano passado a
rede elétrica está desligada, os caseiros foram retirados do local, houve a
retirada de todo material que pudesse oferecer riscos de incêndio – seis
caçambas ao todo – e todo o prédio estava lacrado.
Apesar de não haver a
possibilidade de curto elétrico, durante algumas horas os estabelecimentos
comerciais e residenciais próximos ao Chalé tiveram o fornecimento da energia
elétrica interrompidos por medida de segurança.
O prédio que, por anos,
pertenceu à família do empresário Sebastião Abrantes, em 2.018, toda a área e a
edificação foram adquiridas pelo empresário Ronaldo Garcia, proprietário da Macro
Construtora e Incorporadora, e, felizmente, os prejuízos podem ser amenizados
com um seguro de R$2 milhões que foi feito contra incêndio.
Ao lado do Chalé de Conde
Prates está prevista a construção de hotel que terá altura de 36 metros, o que
deve gerar oito andares. Além disso, recentemente, em fevereiro deste ano, a
construtora apresentou o projeto de restauração e construção desenvolvido pelo
arquiteto Gustavo Penna. Neste aspecto, o Chalé servirá como anexo para abrigar
o restaurante aberto à visitação.
Ao longo do dia,
desinformados sobre tudo o que envolve o incêndio e o tombamento da edificação,
boatos apontavam que tal evento poderia ter sido causado pela própria
construtora que não teria interesse na manutenção do prédio histórico, o que
não se traduz em verdade, considerando que o projeto de construção do hotel
está atrelado à restauração do bem tombado e um incêndio só aumento o valor a
ser investido, além do que, conforme declarações do proprietário do imóvel,
Ronaldo Garcia, mais do que a construção do hotel e revitalização do entorno do
Chalé, é o casarão que dará sustentação econômica e técnica ao empreendimento,
vida ao projeto.
O prefeito Sérgio Azevedo
também emitiu uma Nota Oficial no final da manhã apontando que, ao longo dos
anos, juntamente com CONDEPHACT, tem adotado medidas preventivas visando
garantir a integridade do imóvel.
Mas algo de bom surgiu em
meio a toda esta tragédia, se é possível considerar assim. As chamas consumiram
boa parte madeiramento e condenaram o miolo da estrutura do segundo piso da
edificação, entretanto, revelaram algo incrível no primeiro piso. As chamas
consumiram as pinturas posteriores da parede em uma das salas do primeiro piso
e podem ajudar na restauração da edificação. (foto acima)
Na tarde desta terça-feira,
27, representantes da Defesa Civil e comissão de engenheiros da Prefeitura
retornam ao local para novas avaliações da estrutura geral do imóvel e das
paredes, principalmente do segundo andar.
Assista ao vídeo
abaixo, feito momentos antes da chegada dos bombeiros, compartilhado nas redes
sociais, e a altura das chamas no telhado do Chalé de Conde Prates:
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