Funcionários relataram sucateamento proposital da
empresa e mencionaram impactos que medida traria ao cidadão
Participantes
de audiência pública, realizada na noite da última quarta-feira, 21, se posicionaram contrariamente à
privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
Em reunião da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), trabalhadores de diversas áreas da empresa lotaram o
Auditório José Alencar e relataram um processo de sucateamento proposital
dos Correios de uns anos para cá.
A
reunião foi realizada no mesmo dia em que o governo federal anunciou uma lista com 17 empresas
públicas a serem privatizadas. Segundo notícias publicadas pela
imprensa, o presidente Jair Bolsonaro salientou que o processo deve começar pelos Correios.
O anúncio motivou pronunciamentos de presentes no encontro.
A
deputada Beatriz Cerqueira (PT), que solicitou a reunião, chamou os participantes
a se levantarem das cadeiras e darem as mãos em um ato contra a medida.
Para ela, o serviço dos Correios não deve ser prestado por uma empresa privada.
“O momento é muito grave”, afirmou a parlamentar.
O
presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos e Similares do Estado, Robson Gomes Silva (foto ao lado), defendeu que é importante
esclarecer para a população alguns aspectos sobre o assunto e mobilizá-la contra a privatização dos
Correios. Em sua opinião, a medida acarretaria de imediato no aumento das tarifas para a sociedade.
Outro
impacto para a população, conforme ressaltou, seria a extinção da entrega de cartas e
encomendas nos interiores no País, nos aglomerados e favelas.
Ele disse ainda que ninguém privatiza o que não dá lucro. “Os Correios não
foram criados para dar lucro, mas mesmo assim são uma empresa altamente
lucrativa”, disse.
Desmonte
Robson
Gomes acrescentou que o desmonte
dos Correios é intencional e visa a um processo de privatização.
O presidente da Associação Mineira dos Aposentados, Pensionistas e Aposentáveis
dos Correios, Paulo Arlindo Magalhães, também defendeu esse ponto de vista e
questionou a quem interessa a privatização da empresa.
Já
o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos e Similares de Uberaba e Região, Wolnei Cápolli Dias, perguntou qual
vai ser o futuro dos trabalhadores dos Correios. “Não entendemos a passividade
da nossa categoria”, lamentou.
Reforçou
as palavras de Wolnei o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresa de
Comunicação Postal, Telegráfica e Similares de Juiz de Fora e Região, João
Ricardo Guedes. “Hoje o presidente confirmou a intenção de privatizar os
Correios. Agora, não nos resta outra medida a não ser irmos para a luta”,
enfatizou.
Trabalho
O
assessor político do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios e
Telégrafos e Similares (Sintect-MG), Pedro Paulo de Abreu Pinheiro, destacou
que a produtividade exigida dos funcionários dos Correios é alta, quando
comparada a outros países, e o salário, muito menor.
População Desconhece Papel dos Correios
De
acordo com o diretor de Relações Funcionais da Associação dos Profissionais dos
Correios (ADCAP), José Maria dos Santos Silva, apesar de utilizar os Correios,
a população não os conhece a fundo. Ele explicou que a empresa existe para cumprir previsão contida na
Constituição Federal de manter o serviço postal.
Conforme
contou, não se trata de uma estatal dependente do governo e, portanto, não dá prejuízo à União.
“O que dá lucro nos Correios é o mercado de encomendas. O de cartas não dá. Mas
a empresa não foi criada para dar lucro e sim para manter o serviço postal”,
afirmou.
Além
disso, acrescentou que a empresa tem
agências em todos os municípios do Brasil, um País de grandes
dimensões, onde a logística é complexa.
José
Maria destacou ainda que a tarifa postal praticada pelos Correios fica abaixo
da média mundial e que a qualidade operacional melhora desde o segundo
trimestre de 2018. “Nesse contexto, não se justifica falar em privatização.
Seria motivo de orgulho em qualquer lugar”, pontuou.
Luta Contra o Desmonte
O
deputado Celinho Sintrocel (PCdoB), que preside a comissão, falou que é preciso
lutar contra o desmonte das instituições e a perda da soberania nacional,
propostos pelo governo federal. Ele contou que, em todos os países onde empresas como os Correios foram
privatizadas, houve redução da qualidade do serviço.
“A
entrega do nosso País não pode ser permitida. Os pobres e trabalhadores vão
pagar a conta”, disse. O deputado manifestou ainda preocupação com a
possibilidade de demissão em massa, caso a iniciativa prospere.
A
deputada Andréia de Jesus (Psol) falou que a precarização do trabalho nos
Correios já pode ser percebida há um tempo. Ela enfatizou que a privatização
leva à perda de
soberania do País.
Fonte: Ascom ALMG
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