Capitão e um soldado da PM foram presos durante operação da Polícia Federal
Dois policiais militares, entre eles, o ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro São Carlos, no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, capitão Adjaldo Luís Piedade, foram presos hoje, 16, pela Polícia Federal suspeitos de receber propina de traficantes da favela e também do vizinho Morro do Querosene.
Segundos as investigações, que tiveram início há dez meses, o capitão receberia semanalmente R$ 15 mil do traficante Sandro Luiz de Paula, conhecido como “Peixe”. O criminoso foi um dos que fugiu da Favela da Rocinha durante a ocupação policial da comunidade, ocorrida em novembro do ano passado. Na ocasião, era escoltado por policiais civis.
O delegado Fábio Andrade, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes, da Polícia Federal, afirmou que a relação entre o oficial e o traficante era promíscua. De acordo com ele, “Peixe” chegou a sugerir a Adjaldo que ingressasse no batalhão da PM do município de Macaé (35º BPM), onde o traficante controlava favelas. As investigações da PF apontam que o dinheiro da propina era entregue às segundas-feiras.
O capitão Adjaldo foi afastado do comando da UPP do Morro São Carlos no ano passado por denúncia de corrupção, conforme informado pela PF. O outro policial preso é um soldado, cujo nome não foi revelado, que fazia contato com um traficante conhecido como “Nildo”. O criminoso controla o Morro do Querosene, vizinho ao Morro São Carlos.
Segundo a PF, uma interceptação telefônica flagrou o soldado pedindo maconha ao traficante. O PM que não teve o nome revelado atualmente é lotado na UPP do Morro do Fallet, em Santa Teresa. O delegado João Luís Araújo, que também integra a Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, disse suspeitar de que outros policiais que também integravam a equipe do capitão Adjaldo estariam envolvidos no esquema de propina. Os suspeitos, no entanto, não foram identificados.
“À medida que o capitão movimentava a posição das patrulhas para não reprimir o tráfico, suspeitamos que outros policiais militares também estivessem envolvidos“, informou o delegado Araújo. Além dos dois policiais presos nesta quinta-feira, 16, nove traficantes foram presos. O capitão Adjaldo estava lotado atualmente na DGP (Diretoria Geral de Pessoal) da Polícia Militar. Esse órgão é considerado por PM’s como uma espécie de “geladeira” da corporação.
A operação da PF que culminou na prisão dos policiais foi batizada de “Boca aberta”. Ela teve início na quarta-feira, com a apreensão de 320 quilos de maconha e mais de 100 frascos de “cheirinho da loló” no Morro do Dezoito, no bairro de Água Santa, zona Norte da capital fluminense. De acordo com a PF, essa favela virou refúgio de traficantes do Morro São Carlos e da Favela da Rocinha, após a ocupação dessas comunidades. Oito pessoas indiciadas nesse inquérito continuam foragidas. Todos são traficantes.
(*) Com informação iG
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