Relatório com trabalho de
400 especialistas de 50 países foi apresentado a mais de 130 delegações para
aprovação na sede da UNESCO
Duro relatório acerca do
impacto humano sobre a natureza mostra que quase 1 milhão de espécies de
animais e plantas correm risco de extinção dentro de
décadas. Os atuais esforços para conservar os recursos da Terra devem falhar
caso não sejam tomadas ações radicais, disseram especialistas
das Nações Unidas no início de maio.
Sobre os riscos à fauna e à
flora, o estudo afirmou que atividades humanas “ameaçam mais espécies
atualmente do que nunca”. A conclusão foi baseada no fato de que em torno de
25% das espécies de plantas e de animais estão vulneráveis. Em torno de um
milhão de espécies “já enfrentam risco de extinção, muitas delas dentro de
décadas, a não ser que ações sejam tomadas para reduzir a intensidade de
impulsionadores de perdas à biodiversidade”.
Em discurso em Paris, no lançamento
do estudo — o primeiro relatório sobre o assunto desde 2005 —, a diretora-geral
da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), Audrey Azoulay, afirmou que as conclusões colocam o mundo “em aviso
prévio”.
“Após a adoção deste
relatório histórico, ninguém poderá dizer que não sabia”, afirmou Azoulay. “Não
podemos mais destruir a diversidade de vida. Esta é nossa responsabilidade com
as gerações futuras”.
Destacando a importância
universal da biodiversidade — a diversidade dentro de espécies, entre espécies
e de ecossistemas — Azoulay afirmou que protegê-la “é tão vital quanto combater
a mudança climática”.
Apresentado para mais de 130
delegações governamentais para aprovação na sede da UNESCO, o relatório contou
com trabalho de 400 especialistas de ao menos 50 países. O documento foi
coordenado pela Plataforma Intergovernamental para Biodiversidade e Serviços
Ecossistêmicos (IPBES), sediada em Bonn, na Alemanha.
Além de fornecer informações
sobre o estado da natureza, de ecossistemas e sobre como a natureza escora
todas as atividades humanas, o estudo também discute progresso em metas
internacionais, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o
Acordo de Paris sobre mudança climática.
O relatório também examinou
cinco fatores impulsionadores de mudanças “sem precedentes” na biodiversidade e
em ecossistemas ao longo dos últimos 50 anos. Os impulsionadores foram identificados
como: mudanças no uso da terra e do mar; exploração direta de organismos;
mudança climática, poluição e invasão de espécies estrangeiras.
Uma Em Quatro Em Risco de Extinção
Sobre os riscos à fauna e à
flora, o estudo afirmou que atividades humanas “ameaçam mais espécies
atualmente do que nunca”. A conclusão foi baseada no fato de que em torno de
25% das espécies de plantas e de animais estão vulneráveis.
Isso significa que em torno
de um milhão de espécies “já enfrentam risco de extinção, muitas delas em
décadas, a não ser que ações sejam tomadas para reduzir a intensidade de
impulsionadores de perdas à biodiversidade”.
Sem medidas para redução de
perdas, haverá uma “maior aceleração” na taxa global de extinção de espécies.
Atualmente, a taxa é “ao menos dezenas de centenas de vezes maior do que a
média ao longo dos últimos 10 milhões de anos”, segundo o relatório.
O estudo destacou que,
apesar de muitos esforços locais, incluindo de povos indígenas e de comunidades
locais, até 2016, 559 das 6.190 espécies domesticadas de mamíferos usadas para
alimentação e agricultura foram extintas. Este número representa em torno de 9%
do total e ao menos mais mil espécies estão ameaçadas.
Segurança de Safras Ameaçada
Em Longo Prazo
Além disso, muitas
plantações “selvagens” necessárias para segurança alimentar em longo prazo “não
possuem proteção eficaz”, segundo o relatório. A situação de “parentes”
selvagens de aves e mamíferos domesticados também “está piorando”.
Ao mesmo tempo, reduções na
diversidade de safras cultivadas, plantações selvagens e espécies domesticadas
significam que a agricultura provavelmente será menos resiliente à mudança
climática, a pestes e patogênicos.
“Embora mais alimentos,
energia e materiais estejam sendo fornecidos para pessoas na maioria dos
lugares, isso ocorre cada vez mais à custa da habilidade da natureza de
fornecer tais contribuições no futuro”, afirmou o relatório.
Poluição Marinha “Aumentou
Dez Vezes Desde 1980”
Embora as tendências globais
sejam mistas, a poluição do ar, da água e do solo continua aumentando em
algumas áreas, de acordo com o relatório.
“A poluição marinha por
plásticos, em particular, aumentou dez vezes desde 1980, afetando ao menos 267
espécies”, disse o documento. Isso inclui 86% das tartarugas marinhas, 44% das
aves marinhas e 43% dos mamíferos marinhos.
O Relatório de 2019 da
Avaliação Global sobre a Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos também é o
primeiro a examinar e incluir indígenas e conhecimentos locais, questões e
prioridades, afirmou a IPBES em comunicado.
Segundo a plataforma, sua
missão é fortalecer a tomada de decisões políticas para uso sustentável da
biodiversidade, bem estar humano no longo prazo e desenvolvimento sustentável.
Foto: Sapo folha esplêndido, no Equador – PNUD
Fonte: NaçõesUnidas.Org
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