Paris, França — De acordo com o anunciado pela revista científica "The Lancet" nesta sexta-feira, 28, tomar aspirina diariamente e por longos períodos diminui em cerca de 60% a incidência de câncer colorretal em pessoas com risco hereditário de desenvolver a doença.
As conclusões partiram de um estudo feito com pacientes que sofrem de síndrome de Lynch, uma falha genética vinculada com o reparo celular que provoca câncer colorretal e de outros tipos. A Síndrome de Lynch ocorre com uma em mil pessoas e responde por cerca de um em 30 casos de câncer de intestino.
Pediu-se a 861 pacientes, escolhidos ao acaso, para tomar duas aspirinas por dia, uma dose de 600 mg, ou um placebo, por pelo menos dois anos. Depois, fizeram regularmente examesde cólon.
Em 2007, quando os dados deste estudo foram examinados pela primeira vez, não havia diferenças na incidência de câncer colorretal entre os grupos.
Mas as coisas mudaram quando os cientistas voltaram a checá-los alguns anos depois.
Na época, foram registrados 34 casos de câncer colorretal no grupo que ingeriu o placebo e 19 no grupo que tomou a aspirina, uma redução de incidência de 44%.
Os médicos, depois, analisaram aqueles pacientes (60% do total) que tomaram a aspirina ou o placebo além do prazo mínimo de dois anos.
Neste subgrupo, os números foram ainda mais impressionantes.
Foram registrados 23 casos de câncer no grupo que tomou o placebo, mas apenas 10 no da aspirina, o que correspondeu a uma queda de 63%. As diferenças começaram a ser vistas após cinco anos.
À luz desta descoberta, foi lançada uma nova pesquisa para ver qual é a melhor dosagem e duração do tratamento da aspirina.
"Enquanto isso, clínicos devem considerar a prescrição da aspirina para todos os indivíduos considerados em risco elevado de câncer, mas tomando medidas apropriadas para minimizar os efeitos colaterais", destacou o artigo, chefiado por John Burn, professor de genética clínica da Universidade de Newcastle, Nordeste da Inglaterra.
Muitos médicos recomendam o uso regular de aspirina para diminuir o risco de ataque cardíaco, derrames relacionados com coágulos e outros problemas circulatórios. Um efeito indesejado do uso diário e prolongado da aspirina é o risco de desenvolver problemas de estômago.
No ano passado, um estudo também publicado na "The Lancet", demonstrou que as taxas de câncer de cólon, próstata, pulmão, cérebro e garganta foram todas reduzidas pela ingestão diária de aspirina. No caso do cólon, o risco depois de 20 anos diminuiu em 40%.
(*) Com informação AFP
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