quinta-feira, 13 de outubro de 2011

MP pede anulação de visto e deportação de Battisti

Procurador avalia que concessão de visto ao terrorista é ilegal e que o italiano deve ser deportado para França ou México

Brasília, DF - O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) entrou com uma ação civil pública na Justiça pedindo a anulação do visto de permanência no Brasil e a deportação do terrorista italiano Cesare Battisti. Para o procurador da República, Hélio Heringer, a concessão do visto ao italiano é ilegal e contraria o Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815/80).
A legislação proíbe a entrega de visto a estrangeiro condenado ou processado em outro país por crime doloso, passível de extradição. O procurador argumenta que o Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu, em julgamento sobre o caso, que os quatro assassinatos cometidos pelo italiano na década de 1970 têm natureza comum, e não política. São, portanto, passíveis de extradição.
Deportação
A decisão do ex-presidente Lula, de manter o ex-ativista no Brasil, não muda a natureza dos crimes imputados a Battisti, sustenta o procurador. "Tal competência é exclusiva do STF e foi exercida para declarar os crimes praticados como sujeitos à extradição. Desse modo, sendo os crimes dolosos e sujeitos à extradição segundo a lei brasileira, não há que ser concedido visto de estrangeiro a Cesare Battisti", conclui o procurador.
O Ministério Público defende a deportação do italiano para a França ou México, onde ele viveu antes de chegar ao Brasil - ou para outro país que concorde em recebê-lo. "Conclui-se como descabida qualquer cogitação no sentido de deportar Cesare Battisti ao seu país de origem, porque violaria a decisão do ex-presidente da República”, declarou o procurador, na ação.
Memória
O STF autorizou a extradição do terrorista, pedida pelo governo da Itália, em novembro de 2009. A votação foi encerrada após três dias de julgamento, em um apertado placar de 5 votos a 4. Os ministros entenderam que os crimes imputados a Battisti não tiveram conotação política e não prescreveram, no entanto, deixaram para o presidente Lula a palavra final sobre o imbróglio. No apagar das luzes de seu governo, Lula concedeu refúgio ao terrorista.
Battisti é acusado de quatro homicídios nos anos 70, quando liderava a organização extremista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). À revelia, o italiano foi condenado à prisão perpétua no país de origem. O julgamento terminou em 1993. No entanto, ele nunca cumpriu pena. Fugiu para a França, onde viveu até 2004, quando o então presidente do país, Jacques Chirac, se posicionou a favor da extradição.
Battisti fugiu de novo e veio parar no Brasil. Em março de 2007, foi preso no Rio de Janeiro e transferido para Brasília. Em 2009, o STF autorizou sua extradição para a Itália e deixou a decisão final para o presidente Lula. O italiano nega a autoria dos crimes e afirma ser vítima de perseguição política. Chegou a dizer, reiteradas vezes, que a extradição seria um "troféu" para o governo de Berlusconi. A Itália diz que houve crime comum.

(*) Com informação O Globo e Veja.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Prezados (as), reservo-me ao direito de moderar todos os comentários. Assim, os que me chegarem de forma anônima poderão não ser publicados e, desta forma, tão menos respondidos. Grato pela compreensão, espero contribuir, de alguma forma, com as postagens neste espaço.