Na semana em que o Japão lembra um ano da pior tragédia natural da história do país, outra questão é levantada pela mídia local. Quando acontecerá um próximo grande terremoto? Segundo um estudo feito pela Universidade de Tóquio, há uma probabilidade acima de 70% de a capital japonesa ser atingida por um forte tremor acima dos 7.0 de magnitude nos próximos quatro anos.
Já o estudo encomendado e divulgado pelo governo diz que as chances são de 70% em 30 anos. Outra pesquisa independente, divulgada pela imprensa japonesa, prevê que as chances de um forte tremor em Tóquio sejam de 10% nos próximos 10 anos.
Cientistas e estudiosos do assunto não chegaram a um consenso ainda. Mas todos concordam que é preciso estar preparado. A grande preocupação em relação à Tóquio é que a área concentra perto de 35 milhões de habitantes, quase um quarto de toda a população japonesa.
Além disto, a megalópole é o principal centro administrativo e financeiro do arquipélago. Oimpacto econômico, portanto, seria colossal. Estimativas apontam para um prejuízo de mais de U$ 1 trilhão.
A última vez que capital japonesa sofreu um grande abalo foi em 1923, quando um tremor de magnitude 7,9 deixou 142.800 mortos. A região já foi atingida também por tremores em 1703 e 1855.
O Japão está localizado sobre o encontro de placas tectônicas, no chamado Anel de Fogo do Pacífico. Cerca de 20% de todos os abalos mais fortes no mundo acontecem no arquipélago.
Abalos frequentes
Os pesquisadores da Universidade de Tóquio se basearam em dados que mostram um número cada vez maior de tremores na capital, desde o terremoto de 11 de março.
Diariamente é registrado, em média, 1,48 sismo de magnitude superior a 3 na megalópole. Segundo os cientistas, o número é cinco vezes a mais do que antes.
Eles fizeram os cálculos a partir de registros da Agência de Meteorologia do Japão. E afirmam que, apesar de ser muito difícil de prever com exatidão quando o próximo grande tremor vai acontecer, as pessoas e o governo precisam estar preparados para ele.
Em relação aos cálculos do governo, os pesquisadores disseram que foram feitos com outra metodologia e, talvez, com bases em dados não atualizados.
Tóquio está preparada?
O terremoto de 11 de março aconteceu na região Nordeste do país. Mas a capital japonesatambém foi fortemente sacudida. Transportes foram paralisados e milhares de trabalhadores tiveram de voltar a pé para casa, causando um caos na cidade.
Uma simulação da Agência de Prevenção de Desastres mostra que se Tóquio for atingida hoje por um tremor acima de 7.0 de magnitude, mais de seis mil pessoas devem morrer, a maioria por causa de incêndios e desabamentos.
Um especial da tevê Nippon mostrou esta semana que muitos bairros da capital são antigos, com casas de madeiras construídas muito próximas umas das outras, o que facilitaria a propagação de incêndios e dificultaria a fuga dos moradores.
Por conta disto, mais de 470 mil residências seriam totalmente destruídas. Ainda, o fato de a capital japonesa ter muitas áreas aterradas causaria o colapso de diversos prédios, mesmo aqueles preparados para resistir aos tremores.
A previsão dos pesquisadores é de que seriam gerados mais de 90 milhões de toneladas de escombros, quase quatro vezes mais o que foi produzido no terremoto de 11 de março. Além disto, mais de um milhão de lares ficariam sem água, gás, eletricidade ou telecomunicações durante dias.
Um anoO terremoto de 9.0 de magnitude atingiu a região Nordeste do Japão em março do ano passado. Cerca de 20 minutos depois, ondas de até 40 metros de altura varreram tudo o que tinha pela frente.
Segundo dados da polícia, cerca de 15 mil pessoas morreram e outras 3 mil continuam desaparecidas.
A tragédia se agravou depois que as ondas gigantes atingiram a usina nuclear de Fukushima, causando um acidente nuclear. Mais de 80 mil famílias foram obrigadas a deixar suas casas num raio de 30 quilômetros de distância da planta. No domingo, diversas cerimônias em todo o país devem lembrar as vítimas da tragédia que mais matou pessoas desde a Segunda Guerra Mundial.
(*) Com informação Terra, BBC e AP
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