quinta-feira, 8 de março de 2012

Humanos e gorilas compartilham genes

Mais de 10 milhões de anos após divisão evolutiva, espécies compartilham número notável de genes
Um inovador estudo publicado ontem, 07, revela que, apesar de nossos ancestrais terem passado pela divisão evolutiva com os gorilas há cerca de 10 milhões de anos, ainda compartilhamos um notável número de genes com a espécie.
Um consórcio mundial de cientistas sequenciou o genoma do gorila da planície ocidental e comparou mais de 11 mil de seus genes com os dos humanos modernos, Homo sapiens, e os dos chimpanzés.
A comparação derrubou convicções sobre similaridades entre os principais primatas, dizem os pesquisadores. Como era esperado, humanos e chimpanzés compartilhavam a maior parte dos genes. Mas 15% do genoma humano são mais próximos ao genoma do gorila do que ao do chimpanzé – e 15% do genoma do chimpanzé são mais próximos ao genoma do gorila do que ao do humano.
“Nossas descobertas mais significativas revelam não apenas diferenças entre as espécies refletindo milhões de anos de divergências evolutivas, mas também similaridades nas mudanças em paralelo ao longo do tempo desde seu ancestral comum”, disse Chris Tyler-Smith, do Britain’s Wellcome Trust Sanger Institute.
“Descobrimos que gorilas compartilham muitas mudanças genéticas paralelas com humanos – incluindo a evolução de nossa audição”.
“Cientistas sugeriram que a rápida evolução dos genes de audição dos humanos estava ligada à evolução da linguagem. Nossos resultados colocam isso em questão, já que os genes de audição evoluíram em gorilas na mesma proporção que nos humanos”.
Divisão
De acordo com o estudo, os próprios gorilas começaram a se dividir em dois grupos, o gorila da planície oriental e o gorila da planície ocidental, cerca de um milhão de anos atrás.
A descoberta é um balde de água fria naqueles que defendem a noção de que a separação entre espécies de primatas ocorreu de maneira abrupta, em um período relativamente curto. O processo foi, de fato, longo e gradual, aponta o estudo.
Havia provavelmente uma quantidade razoável de “fluxo gênico”, ou um cruzamento entre linhagens genéticas levemente diferentes, os dois antes que os gorilas se separassem dos outros macacos e antes que os próprios gorilas se dividissem em duas espécies.
Poderia haver um paralelo na separação entre chimpanzés e bonomos, ou entre humanos modernos e Neanderthais, afirmam os autores.
Uma nova teoria sobre Neanderthais é que eles eram mais do que primos próximos – o H. sapiens ocasionalmente cruzava com eles e incorporou alguns de seus genes nos humanos modernos.
Os próprios Neandherthais se extinguiram como uma espécie separada há cerca de 40 mil anos, dizimados quer por uma mudança climática ou devido ao próprio H. sapiens, de acordo com algumas hipóteses. A amostra de DNA foi retirada de uma gorila da planície ocidental chamada Kamilah.
O genoma humano foi desvendado em 2003. Seguiram-se os do chimpanzé (2005) e do orangotango (2011).
“Comparações entre eles podem nos ajudar a explorar a origem dos humanos, quando nos separamos das grandes espécies de símios na África, entre seis e 10 milhões de anos atrás”, disse Richard Durbin, que também trabalhou no estudo do Instituto Sanger.
Preservação
Depois de prosperar por milhões de anos, os gorilas sobrevivem hoje em apenas algumas poucas populações ameaçadas da África Central, e sua quantidade diminui devido à caça e à perda de habitat.
“Bem como nos ensinar sobre evolução humana, o estudo dos grandes macacos nos conecta a um tempo no qual nossa existência era mais tênue, e, ao fazer isso, ressalta a importância de proteger e conservar estas espécies notáveis”, afirma o estudo.

(*) Com informação Band.com, AFP e Reuters

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