quinta-feira, 29 de março de 2012

Justiça recusa acusação de homicídio a réus do Caso Bruno

Belo Horizonte, MG – O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) rejeitou, na tarde de ontem, 28, o recurso do Ministério Público (MP-MG) que pedia o impedimento da decisão que isentava das acusações de homicídio e ocultação de cadáver os réus envolvidos na morte da modelo Eliza Samúdio. O suposto assassinato da amante do goleiro Bruno Fernandes teria acontecido em junho de 2010.
O recurso do MP-MG apontava “omissão e obscuridade” no silêncio das ex-mulheres do jogador, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza e Fernanda Gomes de Castro, além de Elenilson Vítor da Silva e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, pelo homicídio da modelo.
Segundo o desembargador e relator Herbert Carneiro, os embargos declaratórios do MP-MG desejavam rever questões já vistas e mesmo assim desconsideradas por unanimidade no julgamento sobre a pronúncia dos réus. “O recurso busca modificar o acórdão, visando à reapreciação de questões já analisadas por ocasião da apelação criminal, não se vislumbrando vícios passíveis de serem sanados. Esses aspectos foram considerados pela turma julgadora e rejeitados à unanimidade, com fundamentos expostos com clareza e objetividade”, disse Carneiro.
O recurso foi vencido por três votos a zero. A manutenção da pronúncia pelo relator foi acompanhada pelos desembargadores Eduardo Brum e Júlio Cezar Guttierrez.
Retrospecto
Eliza desapareceu no dia 4 de junho de 2010, quando teria saído do Rio de Janeiro para
Minas Gerais a convite de Bruno. No ano anterior, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, então com quatro meses de idade, estava lá. A mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno, no Rio de Janeiro. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro
e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão [foto], acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
No início de dezembro, Bruno [foto] e Macarrão foram condenados pelo sequestro e
agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado. Em 17 de dezembro, a Justiça mineira decidiu que Bruno, Macarrão, Sérgio Rosa Sales e Bola serão levados a júri popular por homicídio triplamente qualificado, sendo que o último responderá também por ocultação de cadáver. Dayanne, Fernanda, Elenilson e Wemerson também irão a júri popular, mas por sequestro e cárcere privado. Além disso, a juíza decidiu pela revogação da prisão preventiva dos quatro. Flávio, que já havia sido libertado após ser excluído do pedido de MP para levar os réus a júri popular, foi absolvido. Além disso, nenhum deles responderá pelo crime de corrupção de menores.

(*) Com informação Terra

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