quinta-feira, 9 de junho de 2011

BC sobe juro e reitera plano de ajuste longo

Copom voltará a se reunir em 19 e 20 de julho e novo aumento da Selic já é esperado

Brasília, Brasil – O Banco Central (BC) brasileiro elevou a taxa básica de juros (Selic) em mais 0,25% nesta quarta-feira, 08, passando para 12,25% ao ano, e indicou que o ciclo de aperto monetário que visa levar a inflação ao centro da meta em 2012 ainda não chegou ao fim.
A quarta elevação consecutiva da Selic veio em linha com o esperado pelas instituições financeiras e se dá em meio a sinais de desaquecimento da atividade e de uma desaceleração sazonal da inflação.
Em texto, que acompanhou o anúncio da decisão unânime, o Comitê de Política Monetária reiterou mensagem sobre a necessidade de um ajuste monetário "por um período suficientemente prolongado".
Ao comentar que a alta dá seguimento ao processo de ajuste, o comitê adicionou a expressão "gradual" para adjetivar o ajuste.
"Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que envolve o ambiente internacional, o comitê entende que a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012", afirmou o BC em nota, praticamente idêntica à divulgada na reunião anterior de abril.
Para Clodoir Vieira, economista-chefe da corretora Souza Barros, o texto "dá a entender que o BC realmente está perseguindo a meta, pelo menos em 2012, e que dá para esperar um novo aumento da Selic em julho".
Em nota, a consultoria Rosenberg Associados afirmou que a mensagem do BC "dá a entender que há mais altas por vir, ou seja, esta não foi a última elevação deste ciclo".
Pesquisa feita pela Reuters junto a 21 instituições de mercado mostrou que todas esperavam um aumento de 0,25 ponto da Selic nesta quarta-feira. Com a nova alta, o BC já elevou a taxa básica em 1,5 ponto este ano, com dois aumentos iniciais de 0,5 ponto e outros dois de 0,25 ponto.
O BC já anunciou que o objetivo é atingir a meta central apenas em 2012.
As expectativas de inflação dos analistas de mercado para este ano estão em queda há cinco semanas, segundo sondagem do BC (Focus), mas os economistas ainda têm dúvidas sobre a trajetória dos preços – a expectativa para o IPCA em 2012 tem subido e está acima de 5 por cento.
Economia Menos Aquecida
Na terça-feira, 07, dados confirmam uma esperada desaceleração da inflação ao consumidor em maio, sob a influência de recuos sazonais de preços. No acumulado em 12 meses, no entanto, a variação permanece acima do teto da meta do governo, que tem centro de 4,5% e dois pontos de tolerância.
Em abril, a produção industrial sofreu a maior queda mensal em mais de dois anos e o uso da capacidade instalada nas fábricas recuou pelo segundo mês seguido. Pesquisas também mostram quedas na confiança de consumidores e empresários, sinalizando menor consumo e contratações à frente.
Para a Firjan, Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, o novo aperto monetário terá efeito "depressivo".
"O novo aumento da taxa básica de juros é incompatível com o cenário atual e prospectivo. Diversos indicadores recentes já evidenciam arrefecimento da economia e redução das pressões inflacionárias", afirmou a entidade em nota.
Com a alta desta quarta-feira, a Selic manteve-se no maior patamar desde janeiro de 2009. O Copom voltará a se reunir em 19 e 20 de julho.

(*) Com informações Reuters

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