terça-feira, 7 de junho de 2011

Palocci: Caso escancara desarticulação política do governo Dilma

Perdas no Congresso se acumulam desde que foram divulgadas as primeiras denúncias contra ministro
Brasília, Brasil – A crise em torno do ministro Antonio Palocci jogou luz sobre a falta de articulação política no governo. Após a revelação de que o chefe da Casa Civil multiplicou seu patrimônio por 20, a presidenta Dilma Rousseff passou a sofrer derrotas no Congresso, sobretudo na Câmara dos Deputados.
Com Palocci fragilizado, integrantes da base aliada
começaram a se digladiar com mais ênfase, algo que já vinha ocorrendo nos bastidores. No PT, a briga principal é entre o líder do governo, Cândido Vaccareza (PT-SP) [foto esq.], e o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) [foto abaixo]. O primeiro até hoje não engoliu a
derrota sofrida para o segundo.
No começo do ano, Vaccarezza era o favorito para ocupar a Presidência da Câmara. Maia, no entanto, aproveitou-se de insatisfações de setores do PT com a formação do ministério de Dilma e conseguiu vencer a disputa dentro da bancada. Como prêmio de consolação, Vaccarezza foi mantido na liderança do governo.
De lá para cá, Maia e Vaccarezza nunca mais se entenderam. O resultado é que faltou articulação na votação do Código Florestal, em que o governo acabou derrotado. O líder governista tentou responsabilizar o PMDB. Contudo, dentro do Palácio do Planalto, há quem diga que o próprio Vaccarezza fez corpo mole para prejudicar o governo.
Outro que enfrenta divergências com Vaccarezza é o líder do PT, Paulo Teixeira (SP). Apesar de serem do PT paulista, os dois são de correntes diferentes. Vaccarezza é ligado a Novos Rumos, que hoje atua em sintonia com a majoritária CNB (Construindo um Novo Brasil). Teixeira pertence à corrente Mensagem ao Partido, a segunda mais forte do PT.
No Senado, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR) [foto], também foi responsabilizado pelas derrotas sofridas na semana passada, quando duas medidas provisórias deixaram de ser votadas. Agora, a presidenta terá de reeditá-las. Até assessores próximos de Jucá não entenderam sua estratégia na votação.
Aproveitamento
Diante do “fogo amigo” do PT contra Palocci, o PMDB tenta ganhar espaço declarando apoio à manutenção do chefe da Casa Civil. Para os peemedebistas, é melhor ter Palocci na Casa Civil do que um outro petista fortalecido. A avaliação do PMDB é que, com Palocci vulnerável, é mais fácil ver atendidos os pedidos de cargos no segundo escalão.
O PMDB, no entanto, é o maior defensor da saída do ministro Luiz Sérgio da Secretaria de Relações Institucionais, pasta responsável oficialmente pela articulação política. Foi por intermédio de peemedebistas que surgiu o apelido “Luiz, o Garçom”. Segundo peemedebistas, Luiz Sérgio “só anota pedidos”, já que quem decide é Palocci e Dilma.
Avaliação
A Comissão de Ética da Presidência da República está reunida desde o início da noite de hoje, 06, no Palácio do Planalto, e está tratando da situação do ministro-chefe da
Casa Civil. Na última reunião, realizada no dia 16 de maio, o presidente da Comissão, José Paulo Sepúlveda Pertence [foto], disse que não havia o que apurar sob a alegação de que a evolução do patrimônio de Palocci ocorreu antes de ele assumir o cargo no governo federal.
Na época, Sepúlveda reconheceu também que o próprio Palocci procurou-o pessoalmente antes de assumir o cargo no governo e que ele o orientou a mudar a razão do contrato da sua empresa para que não enfrentasse problemas com a Comissão de Ética, no que foi atendido por Palocci. Sepúlveda Pertence não está participando da reunião de hoje.

(*)Informações IG e AE

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