sexta-feira, 3 de junho de 2011

Embargo russo beneficia os Estados Unidos

Medida russa pode ser retaliação à oposição brasileira na OMC
Brasil – A suposta presença de bactérias e parasitas na carne brasileira exportada, uma das alegações apresentadas pelas autoridades russas para proibir as importações de carnes bovina, suína e de frango, bem como seus derivados, de 89 empresas de três estados brasileiros, é afirmação “completamente destituída de fundamentos científicos”,
conforme avaliado pelo médico veterinário Francisco Sérgio Ferreira Jardim [foto], secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura.
Segundo o secretário, essa situação [anunciada ontem, 02] “reforça a sensação de que existem outras motivações para a decisão russa, além das questões técnicas alegadas”.
Restrição
Sob a alegação de os produtos brasileiros não atenderem ao padrão russo, o governo daquele país anunciou ontem que, a partir do próximo dia 15, estariam proibidas as importações de carnes bovina, suína e de frango, bem como seus derivados, de 89 empresas de três estados brasileiros. A medida atinge frigoríficos do Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná.
Segundo as autoridades sanitárias russas, a inspeção realizada este ano no Brasil detectou várias deficiências no funcionamento dos serviços veterinários brasileiros.
Protecionismo
Ampliando a linha de raciocínio do secretário, um trader do setor que preferiu o anonimato diz que a medida é puramente política e pode, até, “ter o dedo dos EUA”.
Segundo ele, “no dia 26 de maio passado, uma quinta-feira, o presidente Barack Obama declarou com todas as letras [durante reunião do G8, na França], que o acesso da Rússia à Organização Mundial do Comércio (OMC) será bom para a economia russa, para a economia americana e para a própria economia mundial, deixando claro que irá atuar pela mais imediata admissão daquele país à OMC. Não é sintomático que exatamente uma semana depois [ontem, 02], também numa quinta-feira, a Rússia adote medida que, sem dúvida, beneficia apenas seu principal e mais tradicional fornecedor de carnes, os EUA?”.
Compra de Vaga
A imposição de restrições às carnes brasileiras pela Rússia pode ter relação com as negociações do país para entrada na OMC. Após 10 anos de negociações, a Rússia quer concluir o processo ainda neste ano.
Conforme publicado pela “Folha” na última terça-feira, 31, houve uma reunião em Genebra entre autoridades russas e
de países membros da OMC para tratar do tema, mas não houve progressos na relação entre Brasil e Rússia.
Impasse
Na agricultura, as negociações esbarram na imposição de cotas para importações de carnes. O Brasil se opõe à proposta da Rússia de adotar cotas por países, o que poderia favorecer os EUA.
O Brasil defende uma cota única, sem divisão por países, que seria disputada abertamente pelos exportadores. Nesse modelo, ganharia a maior fatia do mercado russo o país que oferecesse preços mais competitivos.
Na reunião desta semana, o Brasil mais uma vez apresentou a sua posição, fato que alimenta a especulação de que a medida anunciada ontem, 02, seria uma retaliação às dificuldades impostas pelo país nas negociações e, logo, ao aval à Rússia na OMC.
Estranheza
O Ministério da Agricultura não relacionou a medida russa às negociações para a entrada na OMC, mas ressaltou a falta de argumentos técnicos para a restrição.
Em comunicado distribuído ainda ontem, o secretário de Defesa Agropecuária ressaltou que "causa estranheza o fato de as medidas terem sido anunciadas sem consistência técnica, repetindo argumentos anteriormente já esclarecidos".
Jardim enfatiza que, durante reunião ocorrida em meados de maio, entre a Secretaria de Defesa Agropecuária e o Rosselkhoznadzor (agência russa de saúde animal), o Brasil apresentou ao governo russo todas as informações técnicas solicitadas e afirmou que adotaria providências para corrigir problemas apontados pela autoridade russa.

(*) Com informação da AviSite e 24 Horas News

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