HRW
aponta que algumas sanções impostas a Pyongyang são mais por abusos contra
direitos humanos do que pelo programa nuclear
Apesar
da ofensiva de charme sem precedentes de Kim Jong-un em Singapura, a Coreia do
Norte continua a ser uma “prisão a céu aberto”, lembram os defensores dos
direitos humanos.
Entre
Donald Trump descrevendo-o, nesta terça-feira, 12, como um homem que quer
“fazer o que é justo” e conterrâneos gritando “nós amamos você”, Kim Jong-un
multiplicou as tentativas incomuns de parecer simpático, em especial, com uma
sorridente “selfie” com o chefe da diplomacia de Singapura.
“Alguns
dizem que Kim é ‘encantador’, ou ‘mais simpático do que se esperava’, mas não
deveriam se deixar enganar pelo sorriso de Kim nesse show político”, reagiu
hoje Choi Jung-hun, um desertor norte-coreano que vive em Seul.
Ele
pede à comunidade internacional para não esconder “o lado sombrio por trás
desse reality show diplomático”.
“Eu
tinha realmente a esperança de que Trump abordasse a questão dos direitos
humanos durante seu encontro com Kim”, lamentou, evocando o destino dos “pobres
norte-coreanos que apodrecem na prisão”.
Donald
Trump garantiu ter falado de direitos humanos com Kim Jong-un, mas ignorou a
pergunta de um jornalista sobre o destino de Otto Wambier, um estudante
americano morto depois de passar mais de um ano preso na Coreia do Norte.
A
dinastia Kim dirige a Coreia do Norte com mão de ferro há três gerações.
Antes
mesmo da cúpula de terça, mais de 300 organizações de defesa dos direitos
humanos, entre elas a Human Rights Watch (HRW), fizeram um
apelo a Pyongyang para que avance nesta área.
Homicídios,
Torturas, Sequestros
Em
um relatório anual sobre os direitos humanos no mundo para 2017, o Departamento
de Estado Americano acusou a Coreia do Norte, em abril, de cometer uma série de
violações aprovadas pelo governo: de homicídios extrajudiciais a atos de
tortura, passando pela repressão dos dissidentes e pelos sequestros no
exterior.
Kim
Jong-un é acusado de estar por trás da execução do próprio tio, Jang
Song-thaek, em 2012, por “traição”, e do assassinato de seu meio-irmão, Kim
Jong-nam, em um aeroporto da Malásia, em 2017.
“Kim
Jong-un está tentando ganhar uma estatura internacional de homem de Estado, mas
seus esforços serão em vão, se continuar a presidir um país que continua a ser
a maior prisão a céu aberto do mundo”, reagiu o diretor da HRW na Ásia, Brad
Adams.
A
HRW lembra que algumas sanções impostas a Pyongyang são ligadas a seus abusos
dos direitos humanos, e não apenas a seu programa nuclear.
“Será
muito decepcionante se a situação catastrófica dos direitos humanos na Coreia
do Norte for completamente omitida em pleno degelo das relações diplomáticas”,
afirmou a Anistia Internacional, que fala da “quase total negação dos direitos
humanos” na Coreia do Norte.
Fonte: IstoÉ
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