quarta-feira, 13 de junho de 2018

SEGURANÇA TENTA IMPEDIR HOMEM DE COMPRAR COMIDA PARA CRIANÇA EM SHOPPING


Menino já teria sido expulso antes e situação gera revolta nas redes sociais
Quando o jovem Kaique Sofredine chegou para almoçar no Shopping da Bahia, já no meio da tarde de ontem, 11, não imaginava o que iria acontecer instantes depois. Sofredine se tornou um dos personagens de uma cena que revoltou muita gente: ele tentava comprar o almoço para um menino em situação de vulnerabilidade quando foi abordado por um segurança do centro de compras. Para o segurança, o menino não poderia comer ali – mesmo que Kaique, um frequentador do shopping, tivesse se disposto a pagar.
“Estou muito revoltado com isso que aconteceu hoje”, desabafou Sofredine no Facebook ainda ontem. O baiano relatou que um segurança tentou impedir que ele comprasse comida para uma criança carente que estava no estabelecimento. “Fui pagar um almoço pra uma criança e o segurança disse que ele não iria comer, foi uma longa discussão até chamar o supervisor dele e por fim o supervisor deixar o menino comer no shopping”, afirmou.
Kaique publicou, também, um vídeo no qual a repressão do segurança foi registrada. “Aqui ele não vai comer, esse é o meu trabalho”, afirmou. A publicação já alcançou mais de 8,9 milhões de visualizações e quase 410 mil compartilhamentos até a publicação desta matéria. Veja o vídeo através do endereço https://www.facebook.com/bruno.kaique.754365/videos/244856796266163/.
Repercussão Inesperada
Kaique foi procurado por jornalista, mas não quer falar com a imprensa. De acordo com a sócia dele, Nadmilly Gomes, 21 anos, ele não esperava essa repercussão. O jovem teria dito que não quis se promover – apenas comprar uma refeição para o menino.
Nadmilly estava com Kaique no momento em que tudo aconteceu. Os dois são sócios em uma loja de roupas virtual e tinham saído para fazer reposição do estoque da loja. Por volta de 16h, pararam no shopping para almoçar. Ao chegarem à praça de alimentação foram abordados pelo menino.
“Ele chegou para vender chiclete. Perguntou se Kaique poderia comprar um chiclete, porque ele (o menino) iria comprar comida com o dinheiro da venda. Kaique disse que não compraria, mas que poderia comprar comida para ele”, relata Nadmilly.
Depois, quando já estavam sentados à mesa, eles perguntaram ao menino se alguma coisa parecida já tinha acontecido antes no shopping.
Ele respondeu que “já tinha passado por isso e que uma vez tinha saído de lá enforcado (pelos seguranças)”.
O menino contou que mora em Pernambués e, com frequência, anda no Shopping da Bahia. Ele estava acompanhado por um adolescente. “(A situação) Foi uma coisa que ninguém esperava – tanto a atitude (do segurança) quanto à repercussão”.
No Facebook, Kaique postou o vídeo acompanhado de um pequeno texto. “Estou muito revoltado com isso que aconteceu hoje, fui pagar um almoço pra uma criança e o segurança disse que ele não iria comer, foi uma longa discussão até chamar o supervisor dele e por fim o supervisor deixar o menino comer no shopping (sic)”, escreveu.
Após o vídeo, inúmeros comentários de apoio à postura do jovem e de revolta diante da atitude do segurança foram postados nas redes sociais. “Nada como alguém filmando e tendo prova contundente! Bem que o segurança tentou distorcer a situação! Mas não deu, né? Que se leve tais provas à justiça e que ele responda penalmente!”, escreveu uma mulher, na página oficial do shopping no Facebook.
Um homem lamentou a situação vivida pela criança. “Que humilhação para a criança, vai afetar o psicológico dela pra toda vida. Que coisa horrível de se ver. Por um prato de comida”, publicou. “Uma das coisas mais absurdas que eu tive o desprazer de ver em anos... O absurdo daquele vídeo é tamanho que custei a acreditar que eu estava vendo aquilo!”, afirmou outro.
Menino é Conhecido na Região
Na manhã de hoje, 12, a reportagem esteve no Sanduíche de Churrasco, estabelecimento aonde ocorreu toda situação. Uma funcionária do local disse que não presenciou a discussão. Já a outra disse que estava de folga.
Também funcionário de um estabelecimento comercial do shopping, Elvis Souza disse que costuma ver o garoto diariamente. “Ele vem pedir aqui pelo menos quatro vezes por semana. Ele pede, mas nunca come aqui. Eu já tinha visto, inclusive, o mesmo segurança falar pra ele parar de pedir comida aos clientes”, disse.
A vendedora Simone Carina trabalha em uma loja que fica ao lado da Companhia do Churrasco. Ela disse que é “normal” ver crianças abordando clientes para pedir comida. “Elas (crianças) sempre vêm aqui pra pegar comida. Eu já vi esse garoto passar aqui. Ele vem com mais três amigos. Tem cliente que não fala nada, mas tem outros que não gostam”, comenta.
Os ambulantes que trabalham na porta do shopping disseram que o garoto vende balas no turno da tarde. “Ele é ‘menino de rua’ e sempre está por aqui vendendo e pedindo comida”, contou um vendedor ambulante que optou por não se identificar.
O comentário entre os ambulantes que trabalham na região é a ação do segurança. “Ele (segurança) não sabe o que é morar na rua e não ter o que comer. Achei desumano o que ele fez”, comentou o vendedor de capas para celular Tiago Souza.
Outro ambulante diz que recebeu o vídeo na madrugada. “A gente que trabalha na rua sofre preconceito. Eu espero que ele (segurança) pague pelo que fez com o menino”.
Posicionamento
O Shopping da Bahia divulgou uma nota pedindo desculpas pela situação. Leia a nota na íntegra:
“O Shopping da Bahia vem a público pedir desculpas pelo ocorrido. A postura adotada não condiz com o treinamento recebido pelos funcionários, tanto que a atitude tomada pelo supervisor de segurança reforça o direito do cliente e o acolhimento com a criança. Reforçamos que nossa operação atua em alinhamento com órgãos de defesa dos direitos humanos, como o Conselho Tutelar e o Juizado de Menores. O empreendimento reforça ainda que, em seus 42 anos de história, sempre teve orgulho de manter uma relação de proximidade e respeito com seus clientes, valorizando a cultura e o povo da Bahia”.
Procurado pela reportagem, o shopping não se manifestou sobre o que poderá acontecer com o funcionário.
Fonte: Portal Correio 24Horas/Portal Uai

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Prezados (as), reservo-me ao direito de moderar todos os comentários. Assim, os que me chegarem de forma anônima poderão não ser publicados e, desta forma, tão menos respondidos. Grato pela compreensão, espero contribuir, de alguma forma, com as postagens neste espaço.