Parente disse a Temer que não queria ser um estorvo
para o governo e pediu demissão do cargo
Em conversa na manhã desta sexta-feira, 01, com o presidente
Michel Temer, Pedro Parente pediu demissão da Petrobras. Ele vinha sendo apontado como pivô da greve dos
caminhoneiros, por causa da política de preços da estatal.
Em carta divulgada pela assessoria de imprensa da empresa,
Parente avaliou os dois anos em que esteve à frente da petroleira: “O que
prometi foi entregue”.
Em comunicado oficial, a estatal informou que “a nomeação de
um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras ao
longo do dia”. A nota diz ainda que não há alterações na composição dos demais
integrantes da Diretoria Executiva da companhia.
Parente disse a Temer que não queria ser um estorvo para o
governo. Ele lembrou que, quando aceitou o convite para comandar a Petrobras, o
presidente lhe deu garantia de que a estatal teria liberdade para definir os preços
dos combustíveis. Agora, esse
compromisso foi rompido.
Há, dentro do governo, uma determinação para suspender o
ajuste diário dos combustíveis, política que, segundo Parente, permitiu à Petrobras voltar a registrar
lucro depois de três anos seguidos de perdas. Somente no primeiro trimestre
deste ano, a estatal computou ganhos de R$ 7 bilhões.
Petroleiros Comemoram
Também reunidos nesta manhã para definir os rumos
da greve da categoria em Minas, integrantes do Sindicato dos Petroleiros de
Minas Gerais (Sindipetro/MG) comemoraram a queda de Parente. Em vídeo divulgado
em uma rede social, os trabalhadores, que estão na Refinaria Gabriel Passos
(Regap), em Betim, são vistos celebrando a notícia aos gritos de “Fora, Parente”.
Leia, abaixo, a íntegra da carta de Pedro Parente
Em 01 de junho de 2018
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Quando Vossa Excelência me estendeu o honroso
convite para ser presidente da Petrobras, conversamos longamente sobre a minha
visão de como poderia trabalhar para recuperar a empresa, que passava por
graves dificuldades, sem aportes de capital do Tesouro, que na ocasião se
mencionava ser indispensável e da ordem de dezenas de bilhões de reais. Vossa
Excelência concordou inteiramente com a minha visão e me concedeu a autonomia
necessária para levar a cabo tão difícil missão.
Durante o período em que fui presidente da empresa,
contei com o pleno apoio de seu Conselho. A trajetória da Petrobras nesse
período foi acompanhada de perto pela imprensa, pela opinião pública, e por
seus investidores e acionistas. Os resultados obtidos revelam o acerto do
conjunto das medidas que adotamos, que vão muito além da política de preços.
Faço um julgamento sereno de meu desempenho, e me
sinto autorizado a dizer que o que prometi foi entregue, graças ao trabalho
abnegado de um time de executivos, gerentes e o apoio de uma grande parte da
força de trabalho da empresa, sempre, repito, com o decidido apoio de seu
Conselho.
A Petrobras é hoje uma empresa com reputação recuperada,
indicadores de segurança em linha com as melhores empresas do setor, resultados
financeiros muito positivos, como demonstrado pelo último resultado divulgado,
dívida em franca trajetória de redução e um planejamento estratégico que tem se
mostrado capaz de fazer a empresa investir de forma responsável e duradoura,
gerando empregos e riqueza para o nosso país. E isso tudo sem qualquer aporte
de capital do Tesouro Nacional, conforme nossa conversa inicial. Me parece,
assim, que as bases de uma trajetória virtuosa para a Petrobras estão lançadas.”
Foto Abertura: Rovena Rosa/Agência Brasil
Fonte: Estado de Minas
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