As imagens exibidas na televisão e divulgadas nas
redes sociais mostram corpos no chão, assim como veículos e casas destruídos
pela erupção
Mais de 70 pessoas morreram na Guatemala na erupção do vulcão
de Fogo, que arrasou vários povoados com uma avalanche de lama e cinza
incandescente, conforme informado pelas autoridades na última segunda-feira, 04.
O diretor do Instituto Nacional de
Ciências Forenses (Inacif), Fanuel García, revelou que o organismo trabalha na
identificação dos corpos de 69 pessoas mortas pela erupção, ocorrida no domingo,
03. "O trabalho científico da equipe de especialistas envolve 69
pessoas falecidas" pela avalanche de lodo e cinzas que destruiu várias
comunidades, disse García, acrescentando que até o momento apenas 17 vítimas
foram identificadas.
A erupção deixou ainda 46 feridos, 3.263 evacuados de
suas casas e 1.687 pessoas levadas para abrigos nos departamentos de Escuintla
(Sul) e Sacatepéquez (Oeste), que ao lado de Chimaltenango (Oeste) são os mais
afetados pela erupção.
"Se desta vez nos salvamos, em outra (erupção)
não", disse à AFP Efraín González, de 52 anos, levado para um abrigo de
Escuintla, ao lado da esposa e da filha de um ano.
O desespero toma conta de González, pois o filho de
10 anos e a filha de quatro do casal são considerados desaparecidos. A casa da
família foi atingida pela lava do vulcão, de 3.763 metros de altura e que
emitiu colunas de cinza de quase 6.000 metros de altura.
As imagens exibidas na televisão e divulgadas nas
redes sociais mostram corpos no chão, assim como veículos e casas destruídos
pela erupção.
O secretário da Conred, Sergio Cabañas, afirmou que
as vítimas fatais foram presas pela lava que desceu do vulcão, situado a 35 km
da capital.
De León indicou que as tarefas de busca de corpos e
desaparecidos foram suspensas durante a noite por falta de luz e pelo perigo
para as equipes, mas foram retomadas na manhã desta segunda-feira.
A erupção acabou após 16 horas e meia de atividade,
mas existe a probabilidade de uma retomada, afirmou o Instituto de
Vulcanologia, que recomendou medidas de precaução.
O presidente Jimmy Morales decretou três dias de
luto e estado de emergência ou calamidade em Escuintla, Sacatepéquez e
Chimaltenango, mas a medida precisa ser ratificada pelo Congresso.
O Grupo de Doadores, integrado por Alemanha,
Canadá, Espanha, Estados Unidos, Reino Unido, Itália, Suécia, Suíça, França,
União Europeia, além do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Banco Mundial,
Fundo Monetário Internacional, Organização dos Estados Americanos e o sistema
da ONU na Guatemala, expressou solidariedade e apoio para o país superar a
tragédia.
A chuva de cinzas provocada pelo vulcão levou à
interrupção das operações no aeroporto internacional da cidade de Guatemala,
inicialmente por 24 horas, informou a Direção Geral de Aeronáutica Civil.
O Vulcão de Fogo, localizado entre os departamentos
de Escuintla, Sacatepéquez e Chimaltenango, registrou sua primeira erupção de
2018 em janeiro. Em setembro de 2012, provocou a última emergência por erupção
no país, o que resultou na retirada de 10 mil habitantes localizados em
localidades ao Sul do vulcão.
Fluxo de Erupção Mais Rápido
A erupção do vulcão de Fogo na Guatemala gerou
colunas de rochas e gás cujo fluxo é mais rápido que o da lava, segundo explica
o geólogo David Rothery, da Open University da Inglaterra. Segundo ele, deveria
se ter definido uma zona de evacuação para que não houvesse tantas vítimas. "No
geral, o Vulcão de Fogo não produz colunas longas e fluidas como, por exemplo,
as do Kilauea, no Havaí", afirma o especialista, explicando o porque do
fenômeno. "Pelos vídeos que vi, são uma ou várias colunas piroclásticas,
que ocorrem quando os fragmentos de rochas e gás quente ejetados pelo vulcão
são muito densos para subir como uma coluna de cinzas", informa ainda.
Ele acrescenta que estas colunas podem se deslocar
a mais de 100 km/h, muito mais rápido e muito mais distante que as de lava. Este
tipo de coluna foi a que provocou tantas vítimas durante a famosa erupção do
Vesúvio no ano 79 d.C., que destruiu a cidade de Pompeia.
Foto: JOHAN ORDONEZ/AFP
Fonte: AFP
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