Por
Oleg Abramov (*)
Coincidência?
Ao chegar o sexto mês do ano eleitoral, quase que às vésperas do pleito de
outubro, do nada, como um raio no céu azul, facções criminosas, de repente, sem
qualquer histórico de atuação semelhante no Estado de Minas Gerais, iniciam uma
onda terrorista, incendiando veículos em diferentes pontos do território
mineiro.
Logo
no Estado de Minas Gerais cujos índices de violência, especialmente dos crimes
violentos, tem caído? Os resultados da segurança pública em Minas evidenciam o
contraste com a situação alarmante de outros estados como o Rio de Janeiro;
portanto, logo neste Estado?
Na
manhã de hoje, dia 06/06, já se somam 50 ônibus incendiados em 25 cidades, de
diferentes regiões do Estado. Uma ação muito bem planejada e com execução
cirúrgica. Os jornais já anunciam que a autoria é do Primeiro Comando da
Capital. Lembrando que se trata do Primeiro Comando da Capital Paulistana. O
Estado cujo crime é chefiado pelo PCC e a política pelo PSDB.
Vamos
fazer um exercício de especulação: lembremos que existem denúncias quanto ao
alinhamento do PSDB com os referidos criminosos. Por exemplo, em 2015 a Folha
de São Paulo (edição de 27 de julho) trouxe ao público declarações de testemunhas
que teriam confirmado a existência, desde 2006, de um acordo entre o líder do
PCC, Marcola, e a cúpula do governo paulista, do PSDB. A mesma facção que
dialoga com o PSDB, partido com intimidade suficiente para sentar-se à mesa e
pactuar em São Paulo, é aquela que protagoniza ataques no Estado no qual um
candidato do mesmo PSDB irá disputar as eleições na condição de oposição. Será
coincidência?
Aliás,
entre apreensões de drogas em helicóptero de propriedade de político cujas
relações pessoais são bem conhecidas e gravações telefônicas de relevantes
lideranças verbalizando ameaças de morte, atos criminosos já costumam enredar o
ninho tucano mineiro há muito tempo. Essa intimidade nojenta entre certa ala
política com o toxico, ameaça de morte e dinheiro sujo, torna plausível a tese
de que pode haver relação entre os atos criminosos recentes e o xadrez
político. Há um cheiro de enxofre no ar.
E
para concluir o exercício de especulação, note-se que mal os primeiros focos de
incêndio apareceram, a tropa de choque da oposição ao governador Fernando
Pimentel, no lugar de fazer qualquer gesto civilizado de união contra o crime
organizado, “partiu pra cima”! Se apropriou do tema para tentar imprimir
desgaste ao governo. Parece até que tem gente muito mais bem informada do lado
de lá, do que o próprio Comando da Polícia de Minas Gerais, reconhecida como a
que possui o melhor serviço de inteligência do Brasil.
O
PCC tem motivos para tentar desestabilizar o governo Fernando Pimentel. Em
Minas diferentemente de outros estados, o Poder Público exerce efetivo controle
nos presídios. Não concilia com o crime organizado e não abre espaço para sua
atuação, de recrutamento e comando, de dentro das penitenciárias.
Por
fim, cabe realçar que quase duas dezenas de estados no Brasil vivenciaram
dilema semelhante. Um problema que já é nacional requer ações do Governo
Federal, porém, é sabido que Temer é completamente negligente em relação a este
e todos os problemas que atingem nosso povo. Diferentemente de Minas Gerais,
cuja resposta foi rápida: 70 prisões já foram feitas, incluindo a de líderes do
PCC.
Não
tenho como afirmar nada. Mas é difícil engolir que é tudo mera coincidência.
(*) Graduado
em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), turma de 2003, e
dentre outros títulos e especializações, pós-graduado em História Econômica, especialista em
História Econômica e Economia Política pela faculdade de Economia UFJF, turma
de 2006, e doutor em
Ciências Sociais – Doutorado em Ciências Sociais (Ciência Política·e Seguridade
Social) pela UFJF, turma de 2016; Superintendente da Superintendência Regional
de Saúde de Juiz de Fora (SRS/JF) desde 2017; Superintendente de Redes de
Atenção à Saúde na Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, responsável
pela Atenção Secundária e Terciária à Saúde (hospitais, Centros de
Especialidades, Redes...); Superintendente da Superintendência Regional de
Saúde de Juiz de Fora (SRS-JF) entre 2015/2017.
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