quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Cai o quinto ministro do governo Dilma

Após reunião de 20 minutos com presidenta, Pedro Novais entrega carta sucinta e deixa pasta
Brasília, Brasil – Conforme já era esperado, o ministro do Turismo, Pedro Novais, entregou no final da tarde de hoje, 14, durante reunião, sua carta de demissão à presidenta Dilma Rousseff. Depois disso, Novais deixou o encontro. O PMDB, partido do agora ex-ministro, passou a tarde discutindo, internamente, o nome de um substituto e definiu uma lista tríplice com nomes para a escolha da presidenta.
A informação foi confirmada pela assessoria do vice-presidente Michel Temer (PMDB) e ratificada pela ministra Helena Chagas (Comunicação Social). De acordo com ela, o novo ministro pode ser anunciado ainda hoje ou, no mais tardar, amanhã, 15. Será, provavelmente, um deputado da bancada do PMDB. Ainda segundo ela, a carta de Novais é bastante sucinta. A reunião entre Dilma, Temer e Novais, em Brasília, durou cerca 20 minutos.
A queda do quinto ministro desde o início do governo Dilma ocorre em meio a denúncias do jornal Folha de S.Paulo sobre uso indevido da estrutura pública.
Na edição desta quarta-feira, 14, reportagem da Folha afirma que a mulher do ministro, Maria Helena de Melo, usa irregularmente um funcionário da Câmara dos Deputados como motorista particular. De acordo com o jornal, o funcionário exonerado ontem, 13, estava contratado no gabinete do deputado Francisco Escórcio (PMDB). A reportagem endossa sua denúncia com imagens nas quais se vê o motorista no momento em que abre a porta do carro para a mulher, após, aparentemente, levá-la às compras em uma área comercial de Brasília.
Ainda ontem, a Folha noticiou que Novais empregou Doralice Bento de Sousa como secretária parlamentar por sete anos quando exercia o mandato de deputado federal. Ele pediu licença no começo deste ano para assumir a pasta do Turismo. A denúncia de ontem irritou Dilma, que passou a avaliar a demissão de Novais.
Delações
As denúncias ocorreram quase um mês após Novais exonerar quatro servidores da pasta, investigados na Operação Voucher, da Polícia Federal. Eles são acusados de envolvimento em desvios de até R$ 3 milhões em recursos públicos para capacitação profissional no estado do Amapá.
Os quatro ocupavam cargos não concursados. Um deles era assessor do ex-secretário-executivo do ministério, Frederico da Silva Costa, um dos 38 presos durante a operação, em 9 de agosto. Todos já foram soltos.
A operação da PF investiga um convênio assinado entre o Ministério do Turismo e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), uma organização sem fins lucrativos, para treinamento de 1,9 mil profissionais de turismo no Amapá.
As investigações foram desencadeadas a partir da fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU).
Currículo
Próximo à família Sarney, Novais, 80 anos, é advogado e tinha sido reeleito para seu sexto mandato na Câmara quando foi convidado a chefiar o ministério do Turismo, indicado pelo PMDB.
Em 2009, apresentou projeto, posteriormente aprovado, que obriga o governo federal a providenciar locais de acesso à informação turística em aeroportos e estações rodoviárias e ferroviárias.
Ele começou a carreira política na década de 1970, ao se filiar à Arena, partido que apoiava a ditadura militar (1964/1985). Em 1980, mudou-se para o PMDB. O político ainda passaria pelo PDC e pelo PPR antes voltar ao PMDB, em 1994.
Novais foi ainda secretário de Fazenda do Maranhão por duas ocasiões, nas décadas de 1970 e 1980. Antes de ingressar na política, foi auditor fiscal do Tesouro Nacional, em 1956.
Demissões
Há um mês, outro ministro do governo Dilma deixou o cargo – o também peemedebista Wagner Rossi, que chefiava a Agricultura.
Ele pediu demissão após uma série de denúncias desencadeadas por uma entrevista do ex-presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Oscar Jucá, em que disse haver "bandidos" no ministério, sugerindo que Rossi tinha conhecimento de atos ilícitos na pasta.
O ministro-chefe da Casa Civil e principal articulador político de Dilma, Antonio Palocci, foi o primeiro a deixar o governo, em junho deste ano, após a revelação de que seu patrimônio multiplicou-se por 20 enquanto exerceu mandato de deputado federal, entre 2007 e 2010.
Depois de Palocci, Alfredo Nascimento, titular dos Transportes, foi substituído, assim como quase toda a cúpula do ministério, em meio a denúncias sobre um suposto esquema de superfaturamento de obras e recebimento de propina por construtoras e consultorias dentro da pasta.
Após as demissões, o PR, partido de Nascimento, decidiu deixar a coalizão governista.
No início de agosto, foi a vez do ministro da Defesa, Nelson Jobim (PMDB), deixar o governo. Ele pediu demissão após a repercussão de uma reportagem da revista Piauí, em que criticou a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.

(*) Com informação iG, Folha, BBC e AE

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