Esquema de corrupção foi flagrado em escutas e até filmado, mas ninguém foi presoRio de Janeiro, RJ – Para deixar o tráfico de drogas continuar atuando na Coroa, Fallet e Fogueteiro, no Catumbi, zona central do Rio de Janeiro, o subcomandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), suspeito de fazer parte de um esquema de corrupção em que propinas fixas eram pagas regularmente por traficantes aos policiais, alterou até a escala dos PM’s de plantão da UPP. O objetivo era impedir que ações de combate aos criminosos fossem desencadeadas por policiais que não faziam parte do acerto.
A Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar interceptou uma ligação entre o oficial e um homem não identificado. Na conversa, eles desconfiam de um sargento, então responsável pela supervisão de equipes que faziam ronda nas comunidades. O homem comenta que o sargento estaria atrapalhando o “movimento”. No mesmo dia, por determinação do subcomandante, o sargento foi retirado do patrulhamento de rua e transferido para trabalhos internos da UPP.
A Polícia Militar descobriu o esquema de corrupção envolvendo policiais da UPP após denúncia de moradores das comunidades. Os policiais tiveram conversas telefônicas monitoradas com autorização da Justiça e foram até filmados. Ao todo, 30 agentes da unidade são investigados.
Em outra conversa, no dia sete de agosto, outro homem não identificado liga para o comandante da UPP e pede para ela passar no bingo para pegar o dinheiro. Os investigadores já sabem que dois soldados PM’s eram os responsáveis pelos contatos com os traficantes e que um sargento era o operador da "caixinha" paga por eles.
Ele e outros dois soldados da unidade foram presos na semana passada por agentes da Corregedoria da Polícia Militar com R$ 13 mil divididos em envelopes com nomes de policiais e valores entre R$ 100 e R$ 500. O dinheiro estava escondido no carro usado pelos PM’s, que estavam de folga, em um dos acessos ao morro da Coroa.
Propina de acordo com a patente
Um inquérito já havia sido instaurado porque os PM’s não conseguiram explicar a procedência do dinheiro. Escutas autorizadas pela Justiça flagraram o sargento negociando valores para a retirada do policiamento de áreas onde há venda de drogas. De acordo com a investigação, traficantes pagam de R$ 400 a R$ 2 mil (totalizando mais de R$ 53 mil por mês) ao grupo e os valores eram proporcionais à patente e à importância do PM na estrutura da UPP.
Segundo policiais da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar, os PM’s que se recusavam a participar sofriam retaliação dos bandidos. Em junho, três PM’s ficaram feridos numa explosão de granada durante uma emboscada no morro do Fallet. Um deles perdeu a perna esquerda e o pé da perna direita.
Comando da UPP afastado
Por determinação do Comandante Geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, o comando da UPP foi afastado, porém, ninguém foi preso. A PM evitou usar a palavra "intervenção", afirmando que as ações são um "ajuste" e não representam um retrocesso no projeto de pacificação.
Homens do Bope (Batalhão Operacional Prisional Especial) e do Batalhão de Choque ocupam as comunidades por tempo indeterminado. É a primeira vez que policiais da tropa de elite da PM voltam a intervir em uma das comunidades já pacificadas. A UPP foi instalada há apenas seis meses.
(*) Com informação R7
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