Agora, polícia busca, em batalhão, armas usadas para matar Patrícia AcioliRio de Janeiro, RJ – Três policiais militares, suspeitos do assassinato da juíza Patrícia Acioli, em 11 de agosto, tiveram as prisões temporárias decretadas ontem, 11, pelo plantão judiciário de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro. A Divisão de Homicídios da Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o crime.
O resultado foi apresentado em entrevista coletiva concedida pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Manoel Alberto Rebêlo, e o procurador-geral de Justiça, Cláudio Lopes.
Os três policiais já estão presos na Unidade Prisional da PM, acusados pela morte de um jovem de 18 anos em junho, no complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ). A juíza decretou as prisões poucas horas antes de ser executada com 21 tiros, quando chegava em casa, em Piratininga (RJ), na Região Oceânica de Niterói. Os militares eram lotados no Grupo de Ações Táticas do 7º BPM (São Gonçalo).
Apreensão
Policiais da Delegacia de Homicídios (DH) buscaram, na manhã desta segunda-feira, 12, no Batalhão da PM de São Gonçalo, armas de calibre 38 e 40. O objetivo dos agentes era encontrar o armamento usado no assassinato de Patrícia Acioli.
A ação aconteceu após a conclusão do inquérito, que apontou três policiais militares como os responsáveis pelo assassinato da magistrada. Policiais da DH também cumprem mandados de busca e apreensão em 15 endereços relacionados ao tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes e os cabos Sergio Costa Junior e Jefferson de Araujo Miranda, acusados de executar a juíza.
Origens do crime
Segundo investigações da Divisão de Homicídios do Rio deJaneiro, o assassinato de Patrícia – que não tinha escolta policial – tem como origem um crime ocorrido pouco mais de dois meses antes de sua morte, no dia 3 de junho. Na ocasião, a guarnição do GAT do 7º BPM, comandada pelo tenente Daniel dos Santos Benitez Lopes, fez uma incursão no conjunto da PM, no Complexo do Salgueiro, e matou Diego da Conceição Beliene.
Na 72ª DP (São Gonçalo), os policiais alegaram que a morte foi decorrente de auto de resistência por parte de traficantes. As investigações, porém, não comprovaram a versão dos policiais e dois cabos tiveram a prisão temporária decretada pela juíza. No dia 11, o delegado da 72ª DP representou pela prorrogação das prisões.
Trajeto foi seguido
A análise das câmeras de monitoramento de vigilância da região mostra que a juíza foi seguida, desde a saída do fórum, por seus executores, que estavam em uma motocicleta Honda azul, modelo Falcon. Ao se aproximarem da ponte que dá acesso ao bairro do Tibau, os executores perceberam que Patrícia seguia para casa, onde eles já tinham estado um mês antes, e a ultrapassaram. Ficaram escondidos atrás de uma Kombi estacionada na frente de uma casa vizinha à de Patrícia.
A magistrada chegou e, ao parar seu carro em frente ao portão de casa, foi surpreendida por dois criminosos, que abriram fogo contra a janela e a porta lateral esquerda do Fiat Ideia dirigido pela juíza. Os executores deixaram o local calmamente e de lá cada um dos acusados seguiu para a sua casa.
Os peritos da DH recolheram vários estojos e projéteis de calibres 38mm, 40mm e 45mm. A Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) informou que o lote foi vendido para a PM e parte destinado ao 7º BPM, como O Dia revelou no último dia 22. Um computador que armazenava imagens das câmeras do local também foi apreendido pelos investigadores. Ainda esta semana, eles esperam encontrar as armas do crime.
Passo a passo do crime que afrontou o Judiciário e a sociedade
– Em 11 de agosto, a juíza Patrícia Lourival Acioli é morta com 21 tiros, em Piratininga, Niterói. Ela acabara de sair do fórum onde horas antes decretara a prisão de oito PM’s acusados de forjar auto de resistência. Entre eles, os três apontados como seus assassinos;
– Após o crime, vêm à tona denúncias de que o Tribunal deJustiça negou escolta à magistrada que havia informado várias vezes à instituição que estava sendo ameaçada de morte. Patrícia estava sem seguranças desde 2007;
– Policiais do 7º BPM (São Gonçalo) foram apontados como principais suspeitos porque Patrícia era considerada linha dura nos processos que julgava sobre alto de resistência envolvendo os agentes do batalhão;
– Exames de balística provaram que as munições usadas no crime eram da PM, como O Dia noticiou em 22 de agosto. Os cartuchos de calibre 40 arrecadados no local da execução eram de um lote de 10 mil projéteis comprados pela PM. Eles foram distribuídos também para o 7º BPM;
– O Tribunal de Justiça enviou ao Ministério Público (MP) lista com 91 nomes de PM’s que respondem a processos na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, onde Patrícia era titular. A lista foi refeita, o número caiu para 34 e 28 tiveram a prisão pedida. Eles foram afastados das ruas;
– Neste domingo, 11, entrevista de O Dia com a mãe da juíza foi pregada na cruz que está na Praia de Icaraí, Niterói, desde o dia do crime.
(*) Com informação AE e O Dia Online
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