Além de uma morte, acidente deixou quatro feridos e reabre debate sobre o uso da energia nuclearParis, França – A explosão de um forno em um complexo nuclear em Marcoule (Sudeste da França), ainda em circunstâncias pouco claras, causou, nesta segunda-feira, 12, a morte de ao menos uma pessoa e feriu outras quatro, segundo informaram fontes oficiais.
O episódio ocorreu por volta das 11h45 do horário local (6h45 de Brasília) na usina de tratamento de resíduos nucleares e "não causou nenhum vazamento radioativo", segundo informou o jornal local "Midi Libre". A informação foi confirmada pela Autoridade de Segurança Nacional francesa.
Fontes da Prefeitura e dos bombeiros afirmaram que foi estabelecido um perímetro de segurança no complexo. Já o "Midi Libre" informou que as localidades situadas em torno da cidade não estabeleceram medidas de confinamento da população.
A empresa francesa Areva indicou à Agência Efe que o incidente aconteceu na área onde a elétrica EDF opera, e não na sua.
Pouco tempo depois de ser divulgado o acidente, as ações da EDF chegaram a perder mais de 6% de seu valor na Bolsa de Paris para depois atenuar sua queda até 5,46% e alcançar os 18,345 euros por título.
O complexo nuclear está situado junto ao rio Ródano e não longe da cidade de Orange, no departamento de Gard, cuja capital é Nîmes.
Fontes Alternativas
A explosão na central nuclear de Marcoule relança o debate sobre o uso da energia nuclear no país.
Com 58 reatores em atividade em 19 centrais, a França possui o segundo maior parque nuclear do mundo, responsável pela produção de mais de 80% da energia elétrica do país.A explosão desta segunda-feira, cuja causa ainda não é conhecida, ocorreu em um forno utilizado para derreter resíduos radioativos metálicos com baixo nível de atividade, segundo a Agência de Segurança Nuclear da França.
O forno é operado pela empresa Socodei, filial da estatal de energia elétrica EDF.
A secretária-nacional do Partido Verde pediu ao governo "transparência sobre a situação e as consequências ambientais e sanitárias" do acidente ocorrido em Marcoule.
O Comissariado de Energia Atômica do país afirmou, agora à tarde, que não houve contaminação radioativa fora do prédio e nem dos trabalhadores e declarou que o incidente “já terminou”.
Lixo radioativo
A central, que possui diversas instalações, funciona, sobretudo, como um centro de tratamento e estocagem de lixo radioativo e desmantelamento de centrais nucleares.
Em março passado, outro acidente, classificado como de nível 2 (numa escala até 7) já havia ocorrido em Marcoule. "Este novo incidente ressalta os problemas de controle do risco nuclear na França", afirma a federação de ONGs ambientais França Natureza Meio Ambiente, que reúne 3 mil associações.
"Isso demonstra, mais uma vez, que a França não aprendeu as lições de Fukushima", afirma Yannick Rosselet, da ONG Greenpeace, referindo-se à catástrofe ocorrida em março, no Japão.
Acidentes
Boa parte do parque nuclear francês foi construída no final dos anos 1970 e nos anos 1980 e é considerada antiga, o que suscita polêmicas sobre os sistemas de segurança dessas instalações.
Em abril, militantes ecologistas chegaram a fazer greve de fome para pedir o fechamento da central nuclear de Fesseinhein, no Leste, a mais antiga do país, em funcionamento desde 1978.
Segundo um estudo da Agência de Segurança Nuclear (ASN), o número de pequenos incidentes e anomalias nas centrais francesas dobrou nos últimos dez anos.
A ASN informou que em 2010 ocorreram mais de mil incidentes, a grande maioria sem importância. Apenas três foram classificados como de nível 2, que não representa riscos à população.
Após a catástrofe de Fukushima, no Japão, em março passado, o primeiro-ministro francês, François Fillon, pediu a realização de uma auditoria das 19 centrais nucleares do país.
Uma pesquisa divulgada em junho passado revelou que 62% dos franceses são favoráveis ao abandono progressivo da energia nuclear no país. O assunto deverá ser um dos temas da eleição presidencial do próximo ano.
Em artigo no jornal Libération de hoje, 12, Martine Aubry, secretária-geral do Partido Socialista e candidata às primárias do partido para a eleição presidencial, propõe "uma saída progressiva, mas efetiva, da França" de seu programa nuclear.
(*) Com informação EFE, Terra e BBC
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