Elizabeth Tavares Pimentel começa seu trabalho de campo no próximo mês, quando estará acompanhado de Valyia Hamza, que batizou o rioManaus, AM – Natural de Parintins (AM) e egressa de escola pública no ensino médio, a pesquisadora que identificou, junto com seu orientador, a existência de um rio subterrâneo debaixo do rio Amazonas, é uma das poucas a atuar na área de Geotermia (estudo das variações de temperaturas em profundidade na superfície da terra) no Brasil.
Foi por este motivo que Elizabeth Tavares Pimentel optou por fazer seu doutorado no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, no início deste ano, instituição que desenvolve esta linha de pesquisa.
A proximidade com o cientista indiano Valyia Hamza foi outro fator que agregou relevância aos estudos de Elizabeth. Como é comum no meio acadêmico, Elizabeth participa de muitos congressos em sua área. E foi num desses eventos que conheceu Hamza.
Arquivos
“Foi em Salvador, na Bahia, que eu tive contato com ele. Quando prestei a prova para o doutorado ele tornou-se meu orientador. O Hamza já tinha montado um banco de dados sobre as perfurações da Petrobrás na Amazônia, mas estava guardado. Ele sempre trabalhou com estudos de temperaturas. Ninguém havia se interessado. Quando falei que eu queria fazer alguma pesquisa na Amazônia ele me mostrou os dados e passei a analisar”, relata Elizabeth.
Valyia Hamza está aposentado, mas continua trabalhando como professor emérito. Conforme Elizabeth, ele tem renome internacional, mas nunca conheceu a Amazônia. Hamza, que foi homenageado ao batizar o nome do rio, virá à região pela primeira vez em setembro, acompanhando a orientanda.
Elizabeth ainda não tem data para visitar sua família, em Parintins, mas ela tem informações sobre a repercussão no município. “Muitos familiares me ligaram. Minhas irmãs estão felizes”, disse.
Estudos
A formação superior de Elizabeth começou no curso de Física, na primeira turma criada em Parintins pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em 1992. O curso, porém, “enfrentou problemas administrativos” e a turma teve que concluir o curso em Manaus.
Após concluir a faculdade, Elizabeth deu aulas durante sete anos no Colégio Militar de Manaus, como professora de Física.
Quando prestou mestrado no departamento de Geociências, também pela Ufam, ela adotou a linha da Geotermia. Seu orientador foi o professor Rutenio Luiz Castro de Araújo.
“Passei para dar aulas no Pólo de Humaitá e depois entrei no mestrado, que concluí em 2009. No mestrado trabalhei com variações do fluxo do rio Madeira, em Humaitá. Analisei o gradiente térmico, mas foi até o metro de profundidade. Aqui no doutorado a gente trabalha com temperaturas em regiões de mais profundidade, que são estes poços perfurados pela Petrobrás que chegam a 4 mil metros”, explicou.
Contatos
Elizabeth Tavares Pimentel sabe que sua pesquisa é controversa e que pode gerar contestação. Mas ela está tranquila, embora ainda surpresa com a repercussão imediata à notícia da descoberta.
A pesquisadora conta que jornalistas e cientistas dos Estados Unidos, Índia, Peru, França e Japão entraram em contato com ela e seu orientador.
“Algumas pessoas começaram a publicar coisas que não são bem aquilo que é a pesquisa. O que a gente descobriu foi um rio, mas este rio a gente escreve com aspas porque se trata de um fluxo de água subterrânea, embora não tenha a mesma característica do rio Amazonas. Não tem cavidade. A água se propaga pelos poros da rocha e avança lentamente até chegar à foz. Não tem característica de um rio comum”, explica.
A pesquisa de Elizabeth, feita em parceria com seu orientador, ainda será publicada em revista cientifica, como é de praxe no meio, mas ainda não tem data. Até o momento, o trabalho foi divulgado apenas em congressos.
(*) Com informação A Crítica.com e UOL
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