A leitura é uma das opções que pode ajudar a distrair, acalmar enfrentar o isolamento social. (Foto: Ricardo Barbosa/Arquivo ALMG) |
Angústia, medo, ansiedade,
irritabilidade e solidão. Estes são apenas alguns dos sentimentos que a
pandemia da SARS-Cov-2, o Novo Coronavírus (Covid-19) tem despertado
nas pessoas. Diante dessa crise de proporções mundiais, é preciso se manter
vigilante e procurar alternativas para minimizar esses sintomas
que, dependendo da intensidade com que se manifestam, podem afetar a saúde mental.
A
necessidade e o tipo de ajuda a se buscar precisam ser avaliados de forma
individual, já que cada pessoa é impactada de uma maneira. O alerta é da
coordenadora do Núcleo Psicossocial (NUP) da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais (ALMG), Danielle Teixeira Tavares Monteiro, que é assistente social e
doutoranda em psicologia. A ajuda pode vir de uma pessoa próxima, num
primeiro momento, ou de um profissional de saúde, se a
situação se agravar.
Nesse
período de crise e de isolamento social, ela defende que é importante tentar manter a
rotina, na medida do possível, com horários para alimentação e
sono definidos, uma alimentação saudável e a prática de exercícios físicos,
mesmo que de forma leve.
A
boa
conversa com os amigos – desde que virtual e para falar de
assuntos que não sejam apenas relacionados à crise – também continua sendo uma
“dica de ouro” na avaliação de Danielle.
Ela
pondera, ainda, que a solidão imposta pelo isolamento não é de todo ruim:
“Está nos obrigando a conviver mais com nós mesmos e com as nossas famílias. O
confinamento é uma oportunidade para ampliarmos essas relações, o diálogo e o
apoio de forma geral”.
Redes Sociais
Para
amenizar os impactos do isolamento social, medida primordial para conter a
propagação do vírus e que exige sacrifício por parte da população, Danielle
Monteiro afirma não haver uma regra geral ou uma “receita de bolo”, já que as
pessoas são diferentes. Nesse caso, o melhor a fazer é conhecer as possibilidades
e descobrir
o que funciona melhor para cada um.
As
redes sociais têm oferecido alternativas criativas e solidárias para enfrentar
o confinamento, na avaliação da coordenadora do NUP. Ela destaca que, no
Instagram, por exemplo, profissionais de diversas áreas têm disponibilizado
serviços gratuitos, como yoga, dança, meditação e contação de história para
crianças. “Psicólogos, psicanalistas e nutricionistas também têm realizado
atendimentos on-line. Além disso, museus liberaram visitação virtual e
universidades estão oferecendo cursos gratuitos”, acrescenta.
A
tecnologia
se apresenta como uma aliada na medida em que ajuda a superar o
tédio do isolamento e diminui a distância física, aproximando entes queridos
que foram obrigados a se separar para evitar o contágio pelo Covid-19. No
entanto, a profissional de saúde alerta para os efeitos negativos do excesso do uso da
tecnologia, mesmo sem o confinamento, que pode levar ao chamado
tecnoestresse.
Segundo
ela, conversas de vídeo devem ser estimuladas nesse momento, mas o uso do
celular à noite, por exemplo, é contraindicado, pois o consumo de informação gera
excitação cerebral, podendo atrapalhar o sono.
Dessa
forma, no fim do dia, o melhor é optar por atividades que acalmem, recomenda a
coordenadora do NUP. “Leitura, música, meditação. O importante é buscar aquilo
que funciona melhor para cada um”, defende. E atenção: tentar encaixar um
hábito que não se gosta na rotina, neste momento, pode ter efeito
negativo. “Tem pessoas que não gostam de ler, por exemplo, e se
sentem obrigadas porque um amigo lê muito. Isso pode gerar mais ansiedade”,
alerta.
Ela
explica que, nesse período de isolamento, descobrir novos hábitos e
gostos é importante, desde que eles não sejam impostos. “As pessoas são
diferentes e é importante respeitar as escolhas individuais de amigos e
parentes. Imposição é diferente de descoberta”, destaca.
Apoio
Para
ajudar, no curto prazo, os mais sensíveis e afetados pelas consequências da
crise do Novo Coronavírus, Danielle Monteiro sugere ouvir e falar sobre
as angústias, sem perder o foco nas diferenças que permeiam a
realidade de cada um.
“Um
bom ouvinte não é aquele que busca uma resposta do tipo: ‘Isso vai passar’ ou
‘Não fique assim’, mas uma pessoa que acolhe e se solidariza com o sofrimento
do outro”, explica. Também é importante identificar se a pessoa precisa de uma
avaliação especializada e, nesse caso, encaminhar para o profissional adequado.
Crianças e Idosos – É preciso,
ainda, tratar do Covid-19 e de suas consequências de forma apropriada com os
idosos. Ela defende que a maneira mais eficaz de os sensibilizar é explicar sobre os
riscos com clareza e objetividade, e falar da importância que
eles têm para suas famílias, sem gerar alarme maior do que o necessário.
Danielle
Monteiro também defende um diálogo aberto com as crianças, para
engajá-las na prevenção à doença, e tranquilizá-las de que esta situação não
vai durar para sempre. “A validação dos sentimentos é fundamental para que elas
percebam que o adulto sabe o que estão sentindo e que elas não estão sozinhas
nesse processo”, acrescenta.
Serviços
Confira, neste
vídeo, dicas para abordar a crise do Novo Coronavírus com as
crianças. Neste outro vídeo, há orientações
sobre como lidar com o isolamento social.
Em Belo Horizonte, o SOS Apoio
Emocional, formado por ONGs que já ofereciam o serviço de escuta profissional,
disponibilizou uma linha telefônica aberta (31-98399-4602) para atender
emergências ou casos graves de pessoas angustiadas com as consequências impostas
pelo Covid-19.
Fonte: Secom ALMG
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