domingo, 29 de maio de 2011

Após convenção, disputas internas se mantêm no PSDB

Brasília, DF – Tucanos de todas as partes do Brasil estiveram reunidos ontem, 28, na capital federal para a 10ª Convenção Nacional do PSDB, que elegerá a nova Executiva Nacional da legenda. O encontro começou pouco depois das 9h.
A missão dos congressistas, entretanto, não era fácil e se arrastou até o último instante as negociações na tentativa de se alcançar um acordo entre dois grupos distintos que “brigam” dentro da agremiação, um liderado pelo senador e ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e outro sob a liderança do ex-governador de São Paulo e ex-candidato à Presidência da República em 2010, José Serra.
Na prática, a principal disputa entre os dois grupos estava na ocupação da Secretaria-Geral, setor estratégico e responsável pela articulação das candidaturas às eleições de 2014, para as quais Aécio é aspirante a candidato à Presidência da República. Neste aspecto, vale lembrar que, no ano passado, o ex-governador de Minas Gerais era um dos pré-candidatos na disputa presidencial, todavia, para evitar um racha ainda maior dentro da legenda tucana, abriu mão em favor de José Serra, que perdeu o pleito, para postular as funções que ocupa hoje, de senador da República.
Durante a convenção de ontem, os aecistas defendiam a manutenção do deputado mineiro Rodrigo de Castro na Secretaria-Geral, entretanto, o grupo de Serra discordava e desejava outra indicação, de preferência o de algum nome, senão de dentro do grupo serrista, ao menos ligado a ele.
Apesar de, desde os primeiros momentos da convenção, os líderes dos dois grupos tentarem demonstrar a unidade tucana, bastou ser encerrado o congresso e já nos minutos seguintes ambos os lados voltaram a trocar farpas e a minimizar ou aumentar o resultado obtido, de forma que, apesar do acordo firmado, o embate entre serristas e aecistas vai continuar no ninho tucano.
O atual presidente da agremiação política, Sérgio Guerra (PE), foi reconduzido ao cargo e terá a missão de comandar o partido para garantir a candidatura de Aécio Neves ao Palácio do Planalto em 2014. No novo conselho político da legenda, José Serra terá a difícil tarefa de tentar influenciar nas futuras decisões para alianças, fusões e candidaturas, já que uma nova candidatura sua passou a ser um sonho distante.
O Conselho Nacional Político do PSDB já estava previsto no estatuto do partido, porém, as reuniões só podiam ser convocadas por Sérgio Guerra, presidente nacional da sigla. Muitos discordavam desta prerrogativa, principalmente os ligados a Serra e o próprio ex-governador. Para atender ao desejo de Serra, era preciso mudar as atribuições do conselho.
A reformulação do órgão foi revista na semana passada, durante encontro em Salvador, na Bahia, e passou a ter caráter decisório.
Na verdade, o que se viu foi uma costura com vistas a, de alguma forma, acomodar a todos, principalmente, José Serra, que por diversas vezes ameaçou deixar a legenda.
Assim, remodelado o conselho, a sequência passou a ser convencer o grupo de Aécio a aceitar, durante a convenção de ontem, as mudanças no estatuto da sigla e, ao mesmo tempo, oferecer garantia, por escrito, de como deverá funcionar o novo conselho na prática. Tudo isso para evitar mais e novo problemas, tendo em vista que, sem tal aprovação e garantia, serristas insistiam em manter o pleito pelo Instituto Teotônio Vilella (ITV), considerando que Serra não queria uma função figurativa com um conselho sem funções definidas. Todavia, convencido por Aécio e Guerra, a presidência do ITV já tinha sido aceita pelo ex-senador Tasso Jereissati (CE).
O ITV é vinculado à Presidência do PSDB, entretanto, tem estrutura e orçamento próprios da ordem de R$ 11 milhões por ano. A grande questão envolta ao grupo mineiro era de que Serra pudesse se aproveitar dessas condições e criar um partido dentro do próprio PSDB. Por outro lado, admitir que Serra assumisse, nesse momento, a Presidência do ITV teria duas representações pragmáticas. Primeira, a de traição a Tasso. Segunda, a de fazer as vontades de “criança birrenta”, considerando que, em março deste ano, Serra descartou a possibilidade de vir a presidir o ITV.
Assim, com a manutenção de Tasso na Presidência do ITV e Serra no novo conselho da legenda – que terá seis integrantes –, o texto final do estatuto do partido, documento que pode ser levado a instâncias judiciais, ficou da seguinte forma: “O Conselho Nacional Político irá colaborar com o Diretório Nacional e sua Comissão Executiva no exame e decisão de questões políticas relevantes de âmbito que lhes sejam submetidas, especialmente às relativas a alianças políticas, processo de escolha de candidatos às eleições nacionais, fusão ou incorporação de partidos”.

(*) Com informações do portal IG

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