Em viagem adiada por problemas de saúde, a presidente Dilma Rousseff resolveu embarcar na manhã de hoje, 30, para o Uruguai, mostrando que está curada da pneumonia.
A primeira grande crise do seu governo, porém, ficou. O pulinho a Montevidéu vai durar menos de 12 horas e, na volta, a presidente vai encontrar o mesmo clima de "barata voa" que tomou conta de Brasília desde as primeiras denúncias contra o ministro Antonio Palocci.
Não adianta tirar foto sorridente ao lado do vice-presidente Michel Temer, na "transmissão do cargo" na Base Aérea [foto], um ato de rotina que nem chamava mais a atenção da imprensa.
Desde o bate-boca entre Temer e Palocci sobre a votação do novo Código Florestal, que o vice fez questão de tornar público, o clima é o pior possível nas relações entre PT e PMDB.
Na verdade, está todo mundo brigando com todo mundo e Dilma hoje não sabe nem por onde começar para arrumar a casa.
Além do mal estar entre a presidente e seu vice e a briga feia de Temer com Palocci, do petista Marco Maia, presidente da Câmara, com o líder peemedebista Henrique Alves, do permanente conflito entre PT e PMDB, e do PT com o PT (na questão do Código Florestal, a bancada rachou), paracompletar temos o PSDB contra o PSDB, na eterna disputa entre aecistas e serristas [foto].
No auge da crise do governo em torno do Caso Palocci, a oposição encontrou um jeito de brigar pela Presidência do Instituto Teotônio Vilela (alguém já tinha ouvido falar?) e por isso se criou um tal de "conselho político" só para não deixar José Serra sem nada.
Aécio Neves fez barba, cabelo e bigode na convenção do PSDB no sábado, 28, mas sabe que não deve comemorar muito a vitória contra José Serra se quiser ser candidato a presidente em 2014. Ter Serra como aliado é um problema, mas como inimigo é pior ainda.
Vivemos um momento delicado na política brasileira, tanto no governo como na oposição, no momento em que a economia volta a dar sinais positivos, com a inflação começando a subir menos, e os melhores indicadores do nível de emprego desde 2002.
A derrota acachapante que o PMDB impôs ao governo, votando a favor dos desmatadores contra os pontos defendidos por Dilma, e o recuo na questão do kit anti-homofobia, foram apenas pretextos adotados pela base aliada para mostrar força no momento em que o todo poderoso Palocci encontrava-se fora de combate.
O alvo agora é Antonio Palocci, mas o objetivo de todos é enfraquecer Dilma Rousseff para obter vantagens, na disputa por cargos e verbas – tudo o que a presidente não queria nos seus primeiros meses de governo, em que deixou clara a sua aversão ao clientelismo.
Nem a precoce e intempestiva intervenção do ex-presidente Lula, que praticamente acampou em Brasília por 48 horas na semana passada, foi capaz de acalmar os aliados. A crise continuou do mesmo tamanho depois que ele foi embora e nada indica que Palocci esteja fora de perigo.
Ainda por cima, a volta de Lula ao centro da articulação política atiçou a ira de grande parcela da imprensa, que estava até simpática com Dilma, mas ainda tinha bronca do antecessor. Desta vez, apanharam os dois.
O inferno astral da presidente Dilma, que atravessou todo o mês de maio, vai entrar em junho buscando uma agenda positiva, mas está difícil. Enquanto não se desatar o nó sobre a repentina fortuna palocciana, todos os outros assuntos parecem menores, à espera de uma solução na Casa Civil.
Para onde se olha, tem problema. Nesta terça, 31, por exemplo, a presidente vai receber prefeitos e governadores para fazer um balanço das obras nas cidades-sede da Copa do Mundo.
Dilma está muito irritada com os atrasos, cada um joga a culpa no outro, e ninguém sabe quem é, afinal, o responsável pela bagunça na organização da Copa de 2014.
Informações Midiacon News e portal R7
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