Em 2018, foram atendidos cerca de 111 mil alunos em
turno e contra turno e, a partir de agora, será reduzido para 30 mil alunos
A secretária de Estado de Educação de Minas Gerais,
Júlia Sant’Anna, confirmou, no último dia 10, que o programa de escola em tempo
integral funcionará apenas em 500 instituições, este ano. De acordo com dados
apresentados pela própria secretária, em 2018, 1.640 escolas funcionavam no
regime de turno e contra turno, com cerca de 111 mil alunos. A partir de agora,
o número será reduzido para 30 mil alunos.
O anúncio foi feito durante audiência da Comissão
de Educação, Ciência e Tecnologia (foto: Ricardo Barbosa/ALMG) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG),
deixando frustrados professores, diretores e a própria presidenta da comissão,
deputada Beatriz Cerqueira (PT), que ainda tinham esperança de que o corte
anunciado pelo governo de Romeu Zema pudesse ser evitado.
“Esperávamos discutir o assunto, ouvir propostas
para a educação integral no Estado, mas isso não aconteceu, a discussão central
da audiência foi desviada, por questionamentos relativos a ações do governo
anterior”, lamentou a deputada ao final da reunião.
Júlia Sant’Anna disse que 500 escolas em tempo
integral é o máximo que o governo pode manter agora. “Seria irresponsável de
nossa parte dizer que continuaríamos com o programa dessa forma, sem recursos
nem para a merenda escolar”, afirmou. Segundo ela, em 2018, foram repassadas
verbas de merenda escolar para apenas quatro dias, dos 145 dias letivos que o
ano teve.
Diretores e professores presentes garantiram que,
apesar da falta de dinheiro, os alunos não ficaram sem merenda. O esforço dos docentes
e gestores dessas escolas públicas teria garantido a alimentação dos alunos,
por meio de gincanas e outros eventos realizados nas escolas para arrecadar
fundos.
“Queremos continuar recebendo esses alunos, com ou
sem repasses para a merenda. Não podemos colocar quase 100 mil alunos nas
ruas”, afirmou a diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação
(Sind-Ute), Mônica Maria de Souza.
Uma das dúvidas não sanadas durante a audiência foi
justamente sobre a verba para a merenda. A deputada Beatriz Cerqueira afirmou
que a quase totalidade dos recursos vem do programa federal Mais Educação. A
secretária Júlia Sant’Anna (foto ao lado – Ricardo Barbosa/ALMG)
disse que esse programa foi interrompido.
Providências
No fim da audiência, foram aprovados diversos
requerimentos, entre eles um pedido de providências à Secretaria de Estado de
Educação (SEE) para que seja mantida a educação integral em funcionamento com o
mesmo número de escolas e alunos atendidos em 2018, assinado pela deputada
Beatriz Cerqueira e pelos deputados Professor Cleiton (DC) e Betão (PT).
De autoria de Beatriz Cerqueira, foi aprovado
requerimento para que a SEE preste informações sobre os valores recebidos por
ela referentes a programas federais de educação.
Coube ao vice-líder do Governo na Assembleia,
deputado Guilherme da Cunha, e à deputada Laura Serrano, os dois do Partido
Novo, defender a posição adotada pelo governador Romeu Zema.
A deputada afirmou que apoia a escola de tempo
integral, mas ponderou que os programas do Estado só devem continuar de forma
sustentável. “De que adianta oferecer mais vagas, até por questões eleitorais
às vezes, e os alunos saírem da escola sem aprender?”, questionou. Para ela, a
situação chegou ao estágio atual por irresponsabilidade dos governos
anteriores.
Para o deputado Guilherme da Cunha, a escola
integral não dá o retorno esperado em termos de desempenho escolar dos alunos.
Ele acrescentou que a situação financeira de Minas é terrível. “A cada mês, o
Estado fecha com um rombo de R$ 1 bilhão, temos que escolher servidores ou
programas que vão ficar sem receber”, relatou o deputado.
A deputada Celise Laviola (MDB) e os deputados
Glaycon Franco (PV), Cleitinho Azevedo (PPS) e Cássio Soares (PSD) também se
manifestaram em defesa da educação em tempo integral.
Fonte: Folha da Manhã/ALMG
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