Substitutivo pretende nivelar marco
regulatório do Brasil aos que vigoravam nos Estados Unidos e na Europa em
meados do século passado
O líder do Psol na Câmara dos Deputados, Chico
Alencar (RJ), a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e seis deputados do PT –
Bohn Gass (RS), Nilto Tatto (SP), Patrus Ananias (MG), Paulo Teixeira (SP),
João Daniel (SE) e Padre João (MG) – protocolaram entre terça-feira, 15, e
ontem, 16, três votos em separado. Eles
pedem à comissão especial a
rejeição do substitutivo do relator
Luiz Nishimori (PR-PR).
Conforme Alencar, Feghali e a bancada petista no
colegiado, o parecer do relator recebeu críticas de entidades e órgãos
públicos, como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Além disso, afirmaram os deputados, o Ministério
Público Federal apontou no substitutivo a violação de seis artigos da
Constituição, e a Defensoria Pública da União disse que, no texto, interesses
econômicos foram sobrepostos às funções do Estado na defesa dos direitos dos
cidadãos e na defesa do meio ambiente.
“Esse substitutivo é um claro retrocesso à
legislação atualmente em vigor, e as propostas flexibilizam significativamente
o registro e a utilização dos agrotóxicos no País”, escreveu Alencar, lembrando
que, segundo o Ibama, o Brasil é, desde 2008, o maior consumidor mundial desses
produtos. “Está claro que a aprovação do pacote atende aos interesses dos fabricantes
de agrotóxicos e sementes transgênicas e à bancada ruralista financiada pelo
setor”, declarou.
“Nas últimas décadas, o consumo [de agrotóxicos no
Brasil] saltou de 2 bilhões de dólares para mais de 7 bilhões de dólares entre
2001 e 2008 e, em 2014, chegou a 9,5 bilhões de dólares”, afirmou Feghali,
destacando que esse mercado é dominado por seis grandes empresas
transnacionais. “Tal crescimento não corresponde à expansão da área
cultivável”, continuou.
“Enquanto os países civilizados impõem regras e
controles cada vez mais restritivos para a produção, o uso e o comércio dos
produtos agrotóxicos, o substitutivo, propalado por discursos recheados de
sofismas modernizantes e de proteção da segurança dos alimentos e do meio
ambiente, na verdade pretende nivelar o marco regulatório do Brasil aos que
vigoravam nos Estados Unidos e na Europa em meados do século passado”, disseram
os petistas.
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