sábado, 26 de maio de 2018

NO 6º DIA DE PARALISAÇÃO, CAMINHONEIROS MANTÊM PONTOS DE BLOQUEIO EM RODOVIAS


Por volta das 19h, acompanhados por forças policiais paulistas, caminhoneiros começaram a deixar o anel rodoviário em São Paulo
Neste sábado, 26, a paralisação nacional dos caminhoneiros entrou em seu sexto dia mantendo pontos de bloqueio em inúmeras rodovias pelo país, inclusive no Sul de Minas Gerais. Mesmo após o anúncio de suposto acordo, entre o Governo Federal e lideranças do transporte, na noite da última quinta-feira, 24, 34 trechos da região mineira – três a mais do que ontem, 25 –, do total de 596 em todo o Brasil, registravam paralisação dos motoristas durante este sábado.
Das rodovias que cortam o Sul mineiro, a Fernão Dias estava, até o início da noite deste sábado, com pelo menos sete pontos de paralisação, sendo nas cidades de Extrema, Pouso Alegre, São Gonçalo do Sapucaí, Três Corações, Carmo da Cachoeira, Lavras e Perdões. Já na BR-491 os protestos foram registrados nos municípios de Varginha, Elói Mendes, Paraguaçu, Guaxupé, Guaranésia, São Sebastião do Paraíso e Serrania.
Também foram registrados paralisações em pontos da MG-450, no Km 6 em Guaxupé; na BR-265, no Trevo de Boa Esperança, em Santana da Vargem e em São Sebastião do Paraíso, no Km 640 saída para Ribeirão Preto; na MG-167, em Santana da Vargem; na MG-050, em São Sebastião do Paraíso e Passos; na LMG-836, em São Sebastião do Paraíso; na MGC-146, em São João Batista do Glória; na BR-146, em Bom Jesus da Penha, Guaxupé, Poços de Caldas e Cabo Verde; na BR-354, em Campo Belo, Km 559 em Cana Verde; na MG-446, em Alpinópolis; na LMG-877, em Poços de Caldas; na BR-267, no Km 536 em Poços de Caldas e no Km 482 em Campestre.
Vale destacar que, em nenhum destes pontos de protestos, houve, a qualquer tempo, bloqueio das rodovias e os caminhoneiros seguiam parados nos acostamentos.
Retaliação
Em pronunciamento oficial no início da tarde de ontem, 25, o presidente Michel Temer anunciou a assinatura de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o qual autorizou o uso das forças armadas para desobstrução de vias públicas federais.
No final tarde deste sábado, mesmo não havendo nenhum ponto de bloqueio onde os caminhoneiros estavam paralisados, as forças policiais e do Exército começaram a agir em vários pontos de protestos pelo país, principalmente em São Paulo, no Nordeste e em Brasília, obrigando os motoristas a retirarem seus caminhões do local.
Agora, veja o que diz o enunciado do “DECRETO nº 9.382, DE 25 DE MAIO DE 2018”:Autoriza o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem na desobstrução (grifado e negritado por mim) de vias públicas”. Ora, se em todos os pontos de protestos, desde o início da manifestação, sempre foi mantida uma ou duas faixas para que ônibus, vans, carros de passeio e oficiais, bem como cargas de remédios, oxigênio e animais vivos passassem, ficam duas perguntas: Se não há obstrução, não havia como cumprir o Decreto de Sua Excelência, o presidente da República, certo? Sendo assim, levados por qual poder, já que o Decreto perdeu seu valor, policiais militares, policiais rodoviários federais, tropas de choque e tropas do Exército começaram a agir na noite deste sábado, 26?
Leia a íntegra do decreto através do link http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/noticias/2018/05/inpdfviewer-1.pdf, ele está na primeira página, logo abaixo do sumário, à esquerda da página.
Apesar desta atuação das forças militares e de segurança, lideranças do movimento de paralisação dos caminheiros afirmam que a manifestação não está encerrada e que só terminará quando houver negociação com reais representantes da categoria.
Saúde e Segurança
Já no terceiro dia de paralisação a notícia de desabastecimento mostrava seus reflexos levando motoristas e, principalmente, as autoridades a estudarem alternativas que começaram a ser anunciadas no quarto da manifestação, principalmente porque poderia prejudicar as atividades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da Polícia Militar em Poços de Caldas, que passaram a atender apenas casos mais graves.
Na cidade, a ordem da prefeitura foi deixar boa parte da frota parada.
Em Varginha, sede do Samu Regional, responsável pelo atendimento de 152 municípios da região, emitiu comunicado informando que o combustível das ambulâncias do serviço já está acabando e que o atendimento poderá ser comprometido.
Contrariando e desmentindo o que a grande mídia diz sobre a paralisação dos caminhoneiros, que estaria segurando caminhões com cargas de medicamentos e de oxigênio, o que poderia colocar em risco a vida de muitos pacientes e até leva-los à morte, na tarde de hoje, 26, um morador próximo à Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas flagrou um caminhão atualizando o estoque dos tanques de oxigênio da unidade hospitalar.
“Eu moro em frente à Santa Casa. Conversei com o motorista e ele me disse que cargas de remédios, de oxigênio e de animais vivos estão sendo liberados sem problemas em qualquer ponto de protesto. No momento que postei as fotos eles estavam abastecendo a Santa Casa”, conta Jabes Corrêa.
Alimentos
O setor de hortifrutigranjeiros está tendo reflexos bastante negativos, tanto que na tarde da sexta-feira, 25, o Ceasa de Poços de Caldas registrava considerável queda na movimentação diária, limitando-se a apenas 30%, não diferente dos demais centros de abastecimento.
Em Poços de Caldas, os 192 boxes que atendem pequenos produtores e atacadistas da região ficaram praticamente vazios durante toda a manhã, enquanto que o Ceasa de Pouso Alegre operava com metade da capacidade.
O desabastecimento também afetou supermercados e revendas foram que, gradativamente foram sentindo a falta de diversos produtos, principalmente verduras, frutas e legumes.
A falta de combustíveis também obrigou inúmeros criadores de gado leiteiro a se desfazerem do produto, como em Passos, onde 130 mil litros de leite foram descartados por dia por falta de transporte, e, na quinta, produtores jogaram o leite na pista e no acostamento da MG-050 durante protesto.
Transporte Coletivo
A queda dos níveis de combustível nos postos também atingiu o transporte público nas cidades do Sul de Minas.
Em Poços de Caldas, por exemplo, a concessionária do serviço de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros, a Circullare manteve a normalidade dos serviços até sexta-feira e, no final da tarde, anunciou a suspensão de atendimento de algumas linhas e a alteração de horários de outras durante o sábado e domingo. A concessionária não divulgou nenhuma outra nota neste sábado sobre como deve operar na segunda-feira, 28, entretanto, é sabido que a empresa conseguiu abastecer com diesel alguns de seus veículos em três postos particulares da cidade, de modo que, ao menos no início da semana seus usuários ainda poderão ficar tranquilos para irem trabalhar e voltar para casa.
Em Varginha, a frota opera com apenas um terço dos veículos e, em Pouso Alegre, houve redução de linhas e foram adotados os horários praticados aos de domingos e feriados.
Educação
Unidades escolares das redes municipais e estaduais e centros de educação infantil tiveram suas atividades suspensas, em algumas cidades desde a última sexta-feira, 25, tanto em função da falta de combustíveis quanto pelo desabastecimento de alimentos para a merenda escolar.
Além das decisões tomadas por secretarias e superintendências de ensino, universidades, como Fatec, Unifal, Unis, Unicor, entre outras, a suspenderem as aulas. Em alguns casos, essas medidas já estão vigorando desde ontem, 24.
Coleta de lixo
Também está prejudicada a coleta de lixo em diversas cidades que anunciaram a suspensão ou redução da coleta.
De acordo com a prefeitura de Poços de Caldas, a expectativa é que o serviço possa ser prestado normalmente até a terça-feira, 29. Em Passos o serviço foi suspenso na última quinta-feira e, em um dia, mais de 40 toneladas de lixo se acumularam nas ruas e casas.
Já em Varginha, a restrição começa a partir da próxima segunda-feira, 28, quando a coleta simples e a coleta seletiva serão limitadas a duas vezes por semana e, em Pouso Alegre, a coleta foi suspensa em bairros afastados e na zona rural.
Emergência
Ontem, 25, a prefeitura de Campo Belo decretou situação de emergência por conta do desabastecimento, o que significa dizer que, a partir deste decreto o município prioriza o abastecimento de combustível para os transportes essenciais, como ambulâncias, transporte público e recolhimento de resíduos sólidos urbanos e outros de interesse público e, ao mesmo tempo, pode contratar ou adquirir bens necessários às atividades de resposta à situação de emergência com dispensa de licitação.
Foto Aérea: Victor Imesi
Foto Oxigênio: Jaber Corrêa

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