Sem ração, frangos de granjas mineiras se agridem
comendo as penas umas das outras e provocando ferimentos que levam à morte
A greve dos caminhoneiros, que impede a chegada de ração e
insumos às granjas no interior de Minas Gerais, está provocando canibalismo
entre os frangos. Normalmente, essa situação ocorre quando há uma
superpopulação no local de criação ou quando há uma carência de vitaminas nos
alimentos das aves. Elas então passam a se agredir comendo as penas umas das
outras, o que chega a provocar ferimentos que podem levar à morte. “Os frangos
estão comendo outros frangos devido à falta de ração”, diz o diretor da
Associação Mineira de Avicultores (Avimig), Cláudio de Almeida Faria.
Altamente dependente do transporte, a avicultura é um dos
setores que mais sofrem com a paralisação dos caminhoneiros. Desde o início do
movimento, tem havido mortandade de pintinhos e também de frangos antes do
ponto de abate por causa da falta de ração. Faria informa que está ocorrendo, nas
unidades de criação no estado, a mortandade de 36 mil frangos por hora sem que
os animais estejam em ponto de abate.
A mortandade de pintinhos também é elevada. “Os pintinhos
saem das incubadoras e são levados para as granjas. Como não tem espaço nas
granjas por causa da falta de abate, os pintinhos morrem com um dia de
nascidos”, explica o diretor da Avimig.
“A situação é caótica”, afirma Faria, lembrando que a greve
pode prejudicar também as exportações, por questão sanitária, em virtude da
morte de animais, que podem gerar contaminação para as granjas. “Atualmente, o
Brasil é o maior exportador mundial de frango. Com esta greve (dos caminhoneiros),
poderá cair para o último lugar”, alerta ele.
O diretor da Avimig disse que entidade ajuizou uma ação com
pedido de liminar junto à 5ª Vara da Justiça Federal, em Belo Horizonte,
pedindo que seja determinada a liberação imediata da passagem de caminhões e
carretas com rações e outros insumos do setor avícola para amenizar os
prejuízos, que são “incalculáveis”. Até o momento, ainda não houve o despacho
do juiz.
Segundo Faria, até a manhã desta quinta-feira, 24, 80% da
produção de frangos em Minas Gerais já estavam paralisadas, pois, por causa do protesto dos caminhoneiros nas rodovias, cinco grandes abatedouros do estado suspenderam as
atividades, localizados nos municípios de Sete Lagoas e Visconde do Rio Branco –
na região central –, Passos – no Sul do Estado –, Uberlândia – no Triângulo Mineiro–
e em Patrocínio – no Alto Paranaíba. Estão na iminência de também interromper a
produção os abatedouros localizados em São Sebastião do Oeste – na região
Centro-Oeste do estado, em Pará de Minas – na área central de Minas Gerais – e em
Uberaba – no Triângulo Mineiro.
De acordo com o diretor da Avimig, com a paralisação das
unidades, 11,8 mil trabalhadores estão parados nos abatedouros de frangos no
estado. Minas Gerais é o 5º maior produtor nacional de aves, com o abate de 2
milhões de frangos por dia, ficando atrás do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande
do Sul e São Paulo. A produção brasileira é de 22 milhões de frangos abatidos
diariamente.
Foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press
Fonte: Estado de Minas
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